sábado, 12 de dezembro de 2009

O NATAL DA MINHA INFÂNCIA

(Imagem retirada da Internet)
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No tempo em que o Natal era quase exclusivamente de cariz religioso, mal chegava o mês de Dezembro, fazia-se uma pausa na catequese e, orientadas por catequistas e pelo Padre da paróquia, as crianças organizavam grupos aos quais eram atribuídas funções que cumpriam com entusiasmo e devoção.
Uns apanhavam o musgo, outros davam início à montagem do presépio, o qual invariavelmente ocupava sempre o espaço entre o altar de Santa Teresinha e uma das portas laterais da igreja, em frente ao púlpito. A iluminação ficava sempre a cargo do ti Manuel sacristão. O espaço era forrado com tecido macio sobre o qual se dispunha o musgo. Do velho caixote de madeira retiravam-se as pequenas figuras, cuidadosamente embrulhadas e guardadas de ano para ano. Cada figura ocupava um lugar próprio e por fim o senhor padre depositava a imagem do "menino Jesus" sobre as palhinhas e o presépio ficava pronto.
No dia de consoada faziam-se as filhós, as quais eram estendidas num pano branco, colocado sobre os joelhos, fritas à lareira e depois colocadas a escorrer e num cesto forrado com um pano de linho e polvilhadas com açúcar.
Finalmente chegava o momento mais emocionante. À noite, as crianças colocavam o sapatinho junto da lareira e recolhiam ao quarto, tentando manter-se acordadas na esperança de ouvir o "menino Jesus" descer pela chaminé e depositar o tão almejado presente, que se resumia a um simples par de meias ou um par de tamancos novos.Era assim, na minha infância, o Natal na minha terra.

Escrito por Pascoalita, do blog Pascoalita
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10 comentários:

  1. Amiga Pascoalita,

    Não tenho o prazer de a conhecer, mas faço questão de comentar o seu texto.
    Sempre que leio algo seu, aqui, fico com a certeza que é uma pessoa espirituosa, cheia de alegria.
    Admiro pessoas assim.

    O seu texto é lindo, totalmente diferente dos que li até agora. Gostei muito.
    Boa sorte!

    Beijinhos para si e para a Isabela.

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  2. Olá Pascoalita!
    Cá estamos de novo a falar do Natal das tradições das nossas terras. E quanto ás filhós estendidas num pano branco em cima do joelho, parece-me ainda estar a ver a imagem da minha mãe a desempenhar essa funçao, e nós os mais pequenos sempre á espera de um pequeno descuido da mãe para poder surripiar uma filhó ainda quentinha acabadinha de sair da frigideira. Os doces era o melhor que o Natal me trazia, pois ás vezes nem sapato havia para colocar na chaminé. Como sempre os seus textos são encantadores, muito bonito este.Gostei muito
    Bom Natal
    Abraço
    Acacio

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  3. Que fantástica imagem que passou neste post sobre o Natal, consegui ver mesmo tudo o que conta e babei-me com as filhoses eheheheh.
    Ai que tortura e eu que escolhi esta altura para fzr a dieta. Mamma mia!
    Felicidades!

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  4. Pascoalita, infelizmente esse espírto e o significado do Natal tem-se vindo a perder. Restam as memórias de quem o viveu e que pode contá-lo aos mais novos. O seu texto é isso mesmo, um testemunho precioso.
    Bom Natal!

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  5. Como sempre um texto cheio de doçura, Pascoalita. Um beijo!

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  6. Olá Pascoalita!
    Bonito texto.Lembro-me de ir apanhar musgo quando festeja o Natal em Vouzela ou caruma para a coroa de Natal em Viana do Castelo.
    Geralmente,o meu sapatinho está na janela-varanda porque aqui ainda nao se experimentou a lareira.Mas à missa do Galo,tentamos sempre ir aqui em casa.No ano passado,nao fomos porque meu pai e eu tavamos meio adoentados.Mas este ano,vai ser um Super Natal :)

    Jocas gordas
    Lena

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  7. ihihihih

    Pascoalita,

    Sempre pensei que o teu menino Jesus era um "mãos largas" !!!

    Afinal era quase tão forreta como o meu Pai Natal eheheh

    Feliz Natal e muitos presentes no sapatinho

    dentadinhas

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  8. Olá, amiga Pascoalita!
    O Natal foi, e terá de ser sempre, sinónimo de Esperança.
    Porém, por aquilo que a maioria dos que aqui têm escrito (e eu também vou estar incluido) parece estarmos na Rua da Saudade. Apesar de tudo, é isso que nos vai ajudando a viver e a encarar o futuro. São memórias que, vistas à distância, nos enternecem mas que mostram como os tempos eram bem diferentes.

    Tenha um Bom Natal!

    João Celorico

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  9. Com os votos de Santo e Feliz Natal, aqui lhe deixo um poema de Adolfo Simões Muller.

    A PALAVRA MAIS BELA

    Fui ver ao dicionário de sinónimos
    a palavra mais bela, sem igual,
    perfeita como a nave dos Jerónimos...
    E o dicionário disse-me NATAL.

    Perguntei aos poetas que releio:
    Gabriela, Régio, Goethe, Poe, Quental,
    Lorca, Olegário... e a resposta veio:
    Christmas...Noel...Navidad...Natal...

    Interroguei o firmamento todo!
    Cobras, formigas, pássaros, chacal!
    O aço em chispa, o "pipe-line", o lodo!
    E a voz das coisas respondeu NATAL.

    Cânticos, sinos, lágrimas e versos:
    Um N, um A, um T, um A, um L...

    Perguntei a mim próprio e fiquei mudo...
    Qual a mais bela das palavras, qual?
    Para que perguntar se tudo, tudo,
    diz Natal, diz Natal, e diz Natal?!

    João Celorico

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  10. Ah Natal! Tempo de tradições, doces costumes, doces lembranças...
    Tempo de magia, tempo de acreditar, tempo de as esperanças renovar.
    Venho deixar os meus votos de continuação de uma quadra natalícia muitooooo feliz.
    E já agora, por não saber se terei tempo ou não, deixo já os meus desejos para que tenha um excelente 2010, com tudo aquilo que mais desejar.
    Um beijo e tudo de bom para si e todos os seus!

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