domingo, 28 de fevereiro de 2010

“ONDE CRESCEU O MEU PAI…” – Blogagem de Março


Pai, uma pequena palavra de três letras tem tanto significado e tanto peso. Todos temos um. De alguma forma, ele é importante para nós. É sempre essencial fortalecer os laços familiares e o respeito mútuo por aqueles que nos deram a vida e nos criaram.

Em 1910, nos Estados Unidos, Sonora, uma jovem adulta quis dedicar mais do que uma homenagem singela ao seu pai, veterano da Guerra Civil. Este homem tinha criado 6 filhos sozinho, tendo a esposa falecido no parto do último. Orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar diariamente todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém, enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, (Washington, USA). E conseguiu o seu intuito: o primeiro Dia do Pai nascia a 19 de Junho de 1910, aniversário do pai de Sonora. A ideia espalhou-se, mas a data das celebrações variam em todo o Mundo.

Nos Países da América Latina e na maioria da Europa, é comemorado em Junho. Na Austrália, é em Setembro, e na Rússia, em Fevereiro. Na Itália e em Portugal, a festividade acontece a 19 de Março, dia de São José.

Daí, a Aldeia considerou que todos nós poderíamos prestar tributo aos nossos pais e surgiu o tema da Blogagem de Março: “Onde cresceu o meu Pai…”. Como sabem o intuito deste blog é realçar o que de melhor há nas terras de cada um de nós. Por isso, gostaríamos que os textos se centrassem na terra natal paterna (ou onde terão morado ou gostado de viver). No entanto, caso se desviem um pouco do assunto e o homenageiam de outra forma (a que preferirem), as meninas da Aldeia não o irão excluir. Estejam então à vontade para gritar bem alto: Feliz Dia do Pai!

P.S.: Tal como professoras, aqui ditamos o trabalho de casa – Prenda do Dia do Pai: um texto com um máximo de 25 linhas, uma foto, o link do blog e o título, a enviar até ao dia 8 de Março, para aminhaldeia@sapo.pt!

Entretanto, estamos na recta final da votação da Blogagem de Fevereiro! Aguardam-se surpresas… Comentem e Votem!

CÉGADA (NUM PAÍS, BEM PRÓXIMO DE SI…)

(Cegada / Foto retirada de http://carnaval.sesimbra.pt)

Num Carnaval, despudorado,
lá vai no corso, imponente,
um tal figurão, mascarado
de país, com cara de gente!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Do destempero e da folia
e em que nada parece mal,
como já dantes se dizia!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Dos maus tratos e pedofilia,
dos casos mortos em tribunal,
de violência e da Casa Pia!

Ai, Carnaval! Carnaval!
De tantos “amigos” do Vara
e desta “sucata” infernal
que faz a vida tão cara!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Duma vida de triste sorte,
e onde nada parece mal
aos “amigos” do Freeport!

Ai, Carnaval! Carnaval!
De vergonha nem um pingo,
onde um mero aluno, “normal”,
faz seus exames ao Domingo!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Onde o país está primeiro!
Onde qualquer um, afinal,
pode dizer-se engenheiro!

Ai, Carnaval! Carnaval!
A triste conclusão eu chego.
Um maior nível intelectual
só qualifica o desemprego!

Ai, Carnaval! Carnaval!
De escutas por todo o lado,
que nada valem, por sinal,
mesmo no Apito Dourado!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Dum TGV e dum aeroporto,
neste país, “fenomenal”,
que, vivo, parece morto!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Quem nos goza é quem diz
que este nosso Portugal
ainda há-de ser um país!

Ai, Carnaval! Carnaval!
A “coisa”, aqui, está preta!
Eles fizeram de Portugal
um país? Sim! Da treta!

Ai, Carnaval! Carnaval!
Desde o Algarve ao Minho.
Para onde irás, Portugal,
se seguires este caminho?

Ai, Carnaval! Carnaval!
Cá por mim, na minha ideia,
neste bem nosso Portugal,
só se salva a nossa Aldeia!

E se tudo isto é verdade,
e só o digo, no Carnaval,
de que serve a liberdade?

Ai, Portugal! Portugal!
Termino, pois, com carinho,
meus versos de Carnaval.
Não vás por esse caminho!
Ai, Portugal! Portugal!!!

Escrito por João Celorico, do blog Salvaterra e Eu
 
Estes versos foram escritos num âmbito de camaradagem, extra-concurso.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

FORTALEZA MASCULINA, CARNAVAL E PURPURINA

(Imagem ilustrativa do Jornal Extra)

Em Fortaleza, cidade onde vivi metade da vida, em todo Carnaval a cena se repete: os homens adultos, alguns já de meia idade e bigodes fartos, apresentam-se vestidos a carater - blusas rendadas, saias curtas, meias-calças coloridas, maquiagem caprichada e perucas extravagantes - absolutamente prontos para... jogar futebol.

Pouco antes da partida, eles/elas ignoram completamente o esquema tático do adversário, mais preocupados com os perfumes e lencinhos nas bolsas cor-de-rosa. Alguns contam com torcidas organizadas e lançam gritos de guerra como: "Pelos poderes de Gisele!". A Bündchen, é claro.

Os atletas se cumprimentam com beijinhos antes do jogo, cordialmente mostrando recortes de jornal dos artistas de cinema e TV, mas rapidamente se desentendem. "Larga que ele é meu!" - assim começa a disputa, ainda fora do campo.

Todos a postos, o juiz inicia a partida. Os times se lançam em direção à bola, de saltos altos. Há sempre muitos, muitos tornozelos torcidos. De repente alguém grita, desesperadamente: "Aaaaiiii!!!! Quebrei minha unha!" e os jogadores fazem um círculo em volta, cada qual com seu respectivo kit de manicure, para consertar o estrago.

Quanto aos gols? Bom, talvez eles até existam, mas tudo acaba rapidamente quando alguém coloca para tocar os primeiros acordes de I will survive.
Moral da história, no carnaval, nem o sagrado futebol escapa com dignidade.

Escrito por Ana Claudia Pantoja, do blog Café das Ilusões

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MEMÓRIAS DO CARNAVAL


As minhas primeiras memórias do Carnaval foram passadas em Lisboa. E não foram muito agradáveis. Nasci e fui criada numa época em que as meninas não tinham a liberdade que têm nos nossos dias e assistia às brincadeiras e aos desfiles de mascarados a partir da minha janela. Com outras meninas atirávamos serpentinas duma janela para a outra e as ruas ficavam assim enfeitadas, mais alegres e coloridas. No entanto, logo apareciam grupos de rapazes que, com sacos de serradura, as rebentavam e gozavam connosco.

Se por acaso saíamos à rua éramos de novo o alvo preferido deles. Corriam atrás de nós, de bisnaga em punho, encharcando-nos e atirando-nos farinha. Outras vezes enfiavam-nos papelinhos na boca ou atiravam-nos estalinhos e bichas de rabiar às pernas. Isto para não falar nas garrafinhas de mau cheiro, que partiam e inundavam a rua com um odor insuportável.

Algumas das minhas vizinhas participavam com a família em “assaltos”, que eram bailes onde iam devidamente mascaradas. Eram princesas, fadas, minhotas, ciganas, saloias, e tudo o que a imaginação e carteira dos pais podia comprar. E depois, aquela pequenita que passava junto à minha janela vestida de espanhola... O que eu gostava daquele vestido vermelho à bolinhas, das castanholas, da mantilha e do leque que ela orgulhosamente abanava.
E eu, filha de pessoas humildes não tinha possibilidades para comprar ou alugar um fato de Carnaval, quanto mais ir a festas...

Mas, a partir de certa altura, os meus pais começaram a ir passar as férias do Carnaval à aldeia, onde tudo era diferente. Até no nome. Chamavam-lhe Entrudo.
Como era um meio pequeno, já me deixavam andar pela rua e eu juntava-me com os outros jovens. Vestíamos roupas velhas e púnhamos uma meia na cabeça apenas com dois buracos no local dos olhos, para ninguém nos conhecer. Normalmente, os rapazes vestiam-se de raparigas e vice-versa. Ali eu sentia-me feliz pois não havia princesas, nem fadas, nem ciganas, nem minhotas e nem sequer me lembrava mais da menina vestida de espanhola. Éramos todos igualmente feios, trapalhões, desajeitados, mas divertíamo-nos de igual modo. Percorríamos as ruas da povoação fazendo barulho junto das habitações, abríamos as portas e atirávamos objectos lá para dentro, fazendo uma enorme barulheira tentando assustar as pessoas. No entanto, elas já estavam à espera dos entrudos e riam, batiam palmas e tentavam descobrir quem eram os mascarados. Enfarruscávamos e assustávamos com paus, quem passava por nós, acabando o dia num grande bailarico. Na minha aldeia, hoje quase deserta e envelhecida já não se brinca ao Entrudo. Resta-nos apenas divulgar estas e outras tradições para que não caiam no esquecimento. É isso que fazemos.

Escrito por Lourdes Martinho, do blog O Açor

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CARNAVAL RURAL – CARETOS DE PODENCE – A TRADIÇÃO E OS TRAJOS


Das variadíssimas manifestações carnavalescas efectuadas de norte a sul do País merece particular referência aquelas que continuam a manter-se fiéis às suas vertentes tradicionalmente ruralistas, quer em função da sua situação geográfica, quer pelo envolvimento das personagens que lhe estão associadas – as populações locais.

Os habitantes desses lugares representam o suporte genuíno de toda uma ritualidade, por vezes complexa, que nada tem a ver com os padrões modernos dos Carnavais com objectivos turísticos, embora, e talvez por isso mesmo, enfermando de pouca ou nenhuma divulgação, nem mesmo, tão-só, a nível do (re)conhecimento da sua tradição. Desse grupo, de algum modo restrito, faz parte o Carnaval de Podence, em terras do Nordeste Transmontano, onde a quadra carnavalesca é festejada de forma a fazer lembrar as suas remotas origens, representadas ali numa encenação vincadamente pagã.

Neste ritual são visíveis as raízes que ligam o Carnaval de Podence às antigas festas dos Romanos, as Lupercais, efectuadas no dia 15 de Fevereiro, segundo uns em louvor de Pã, deus dos rebanhos, da fecundidade e dos pastores ou cabaneiros, enquanto outros sustentam que seriam realizadas em honra de Luperco, também ele deus pastoril da protecção dos rebanhos contra os lobos.

Consideradas das festas mais importantes da antiga Roma, eram particularmente marcadas pelo desfile, nas ruas, de grupos de homens seminus que fustigavam com peles de cabras, imoladas nessa ocasião, as mulheres que encontravam no caminho, num rito punitivo, tendo por intenção torná-las fecundas.

Ritual a perpetuar-se no Domingo e Terça-Feira de Carnaval, graças à actuação dos «Caretos de Podence», quando, pelas ruas, correm atrás das mulheres – principalmente das novas e solteiras – para «chocalhá-las», isto é, para abraçá-las lateralmente e com movimentos rápidos de semi-rotação da cintura fazer com que os chocalhos que transportam à cinta lhes batam repetidamente nas nádegas.

Os «caretos» (rapazes solteiros) constituem-se como as figuras principais da festa, os seres quase fantásticos destes rituais lúdicos e pagãos, transmitidos de pais para filhos, desconhecendo-se, no fundo, a sua verdadeira origem e significado.

Simbolicamente associados, na crença popular, «ao espírito do mal», ou a tudo aquilo que se afigure misterioso – forças sobrenaturais e ocultas, curandeiros, bruxos, poderes diabólicos e ao próprio Satanás – auferem de total impunidade durante esse curto período, apenas dois dias, embora costumem fazer uma aparição no Domingo Magro.

Em qualquer lugar em que se encontrem é sempre grande a algazarra que provocam, uma vez que comunicam entre si e com os circunstantes apenas por berros, numa linguagem que ninguém entende. Correm frequentemente atrás de quem calha e dançam e saltam como verdadeiros seres demoníacos, invasores e causadores de toda uma desordem e abuso instaurados a que não é possível, nem se deseja, afinal, pôr termo.

Escrito por Soledade Martinho Costa, do blog Sarrabal

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O CARNAVAL E O SERRAR DA VELHA


Carnaval e Entrudo são palavras com etimologias diferentes mas com significado igual para o período que vai desde o domingo da Septuagésima até à quarta-feira de cinzas.

É com o aparecimento da cultura cristã que o Entrudo nos aparece com celebração ligada ao período de abstinência imposto durante os quarenta dias da Quaresma.

Seja como for o Carnaval ou Entrudo será uma festa cujo significado e vivência estará sempre de acordo com a cultura de cada região. Não deixa também de ser uma festa de liberdade, onde tudo é permitido fazer-se de acordo com as tradições locais. E onde preceitos e bons costumes tendem a ser esquecidos para permanecer durante três dias o quase “vale tudo”. È mesmo um período que goza de muita permissividade e afincada sátira à sociedade em especial aos políticos. O divertimento carnavalesco foi, desde sempre, irreal e utópico mas, do verdadeiro Carnaval já pouco resta. Tem sido substituído por festas imitativas do Carnaval Brasileiro, samba e corpos quase nus.

Na minha aldeia havia a tradição de correr o Entrudo até à aldeia vizinha. Este consistia em levar um boneco feito a preceito com matérias-primas diversas e vestido a rigor com indumentária de cariz carnavalesco. Reunia-se o grupo de guerra sempre bem mascarado, que avançava em direcção à aldeia escolhida para ir deixar o Entrudo, tudo decorria calmamente até conseguir com que o Entrudo (boneco) ficasse dentro da povoação vizinha. Tarefa terminada com sucesso havia que bater em retirada com grande alarido. O que por vezes corria mal dado que havia outro grupo alerta da aldeia oposta esperando os intrusos e entre pedradas e umas pauladas, ganhava quem corria mais rápido. Mas tudo acabava sempre em boa harmonia. Era festa, era Carnaval! Tudo se aceitava. Cumpria-se a tradição.

Outra tradição que nas beiras também fazia parte desta quadra, era o serrar da velha a meio da Quaresma. Era uma tradição exclusivamente feita por solteiros. Todos se apetrechavam, envergando desde os velhos e grandes chocalhos, aos mais inusitados instrumentos arranjados para fazer barulho. O sino da torre da igreja acabava de dar as doze badaladas da meia-noite e eles aí vão. Acompanhados de um cortiço e um pau ou algo que imitasse o barulho de serrar, e entre grande algazarra, chocalhadas e outros instrumentos, paravam à porta da mulher mais idosa da aldeia de preferência que fosse solteirona e entre cantorias indicadas para a ocasião e sempre com alguma malícia vai de serrar no cortiço gritando serrar a velha serrar velha. Claro que muitas vezes terminava com um grande penicada por cima dos intervenientes, já reservada desde umas semanas atrás pois a situação já era prevista e afinal a idade também traz experiência.

Escrito por Acácio Moreira, do blog Carvalhal do Sapo

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"A MINHA VIDA É UM CARNAVAL"


Há muitas épocas festivas ao longo do ano, mas sinto que há algo de mágico no Carnaval. Talvez seja o facto de durante todo o ano seguir uma rotina; de me sentir preso a uma postura politicamente correcta que não corresponde exactamente à minha personalidade, e de ver nestes dias uma oportunidade para sair da minha pele e encarnar uma figura mítica e poderosa.

O Super-Homem por exemplo, é um personagem invejável: consegue voar; vê através das paredes; tem uma força descomunal, mas não me estou a ver sair à rua com a roupa colada ao corpo, uma capinha vermelha e com as cuecas vestidas por cima das calças. Nem pensar. A não ser que leve óculos para ninguém me conhecer.

Confesso que nunca fui grande fã de máscaras, mas há dois anos tive a brilhante ideia de me mascarar de pirata. É certo que a camisa com folhos não me favorecia muito, mas em contrapartida a perna de pau e o gancho davam-me um ar de guerreiro, alguém que havia lutado em inúmeras batalhas e tinha sobrevivido. Senti-me confiante, diferente. Ao me deixar levar pelo personagem esqueci-me de todos os meus problemas, soltei-me e passei a ser outra pessoa. Mas ao sair de casa constatei que havia piratas por todo o lado. Deixei de ser o pirata guerreiro para ser o pirata coxo/maneta nº25. Se soubesse teria-me mascarado de vampiro, sempre conseguiria andar normalmente.

Não é fácil escolher um fato, por isso dou os meus parabéns às pessoas que todos os anos participam em desfiles e têm de escolher e fazer roupas originais. Eu sempre me dei mal com disfarces e com o Entrudo em geral. Desde o meu fantástico disfarce de Adão (não vou dar pormenores, mas passei frio), até ao traje de abominável homem das neves (em que passei um calor abrasador), todas as minhas máscaras têm sido falhanços e motivo de gozo por parte de toda a gente. Ainda assim é sempre divertido, e inclusivamente estou a pensar em transpor a filosofia carnavalesca para o resto do ano. Este é o meu novo lema: "Carnaval é quando um homem quiser", portanto, que seja todos os dias.

Escrito por "Ets", do blog é Running Snail

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QUEM VOS DISSE QUE ERA ASSIM? O AVÔ.


Em louvor do ilustríssimo Afonso De Albuquerque:

Andamos a desfilar de baldes na mão
Numa terra longínqua desenhada no mapa
Pisamos o chão entre vitórias e derrotas
Atracamos a identidade junto ao Estreito de Malaca.
Ouve-se: olha o balde...
Responde-se: venha ele
E depois... ai! Sente-se.
Os pescadores continuam a lançar a rede
As mulheres continuam a cozinhar o peixe
As crianças brincam ao peão
E dançam ao som do malhão, malhão.
É assim a nossa tradição,
Que resiste de geração em geração.

Somos os portugueses de Malaca, e vivemos do outro lado do mundo, no Oriente. Chamamos ao Carnaval – Intrudu (festival da água) e no dia 14 de Fevereiro vamos sair para as ruas com baldes de água na mão como se vive aqui a tradição. O encharcamento simboliza a última oportunidade que temos para nos divertimos antes da purificação (o período Santo da Quaresma).

Texto e poema elaborado com a Professora : Cátia Bárbara Candeias e os alunos nas aulas de português – Bairro Português de Malaca, do blog Portugueses de Malaca

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

CARNAVAL DE 1993

Apesar de não ser fã do Carnaval, adoro uma boa partida e sempre reagi mal às imposições que revelem arrogância e prepotência.

Foi assim interpretada a decisão do 1º Ministro Cavaco Silva, quando no ano de 1993 decidiu não dar tolerância de ponto na Terça Feira de Carnaval, obrigando os funcionários a comparecer ao trabalho (quem não se lembra?)

Tal decisão desencadeou ondas de revolta e manifestações de vária ordem, tendo em mim despertado o meu lado irreverente, levando-me a seguir à risca a máxima popular "é Carnaval, não se leva a mal" eheheh

E a vítima escolhida para as minhas travessuras carnavalescas foi nem mais nem menos que o Director do Departamento onde trabalhava, homem sisudo, com fama de autoritário que não tolerava o menor abuso. Naquele dia viu-se a braços com coisas muito estranhas! Primeiro fora uma chamada do Serviço Informativo dando-lhe os resultados desportivos, depois o Boletim Meteorológico e seguida da empregada da Fábrica de Sacavém pedindo-lhe a medida do cu para que o penico lhe ficasse bem e por fim várias chamadas eróticas, se bem que dessas até tinha gostado e nada tinha a reclamar eheheh. Mas o momento mais excitante ocorreu após uma breve ausência, quando alguém o informou que uma ex-colega de faculdade o aguardava no gabinete.

Vaidoso, qual Dom Juan, ficou estático, de olhos esbugalhados perante a visão da dama de cabeleira loira, pernas cruzadas que, sentada no cadeirão junto da sua secretária, o aguardava. Quem seria a sensual mulher que tomara a liberdade de entrar assim no seu gabinete?!? Avançou para ela de mão estendida, só depois se apercebendo que a bela loira não passava de um manequim estrategicamente preparado para o fazer cair na armadilha eheheh

A brincadeira podia ter-me saído cara se não tivesse dado corda aos sapatos imediatamente e não fosse o dia seguinte Quarta Feira de cinzas, o primeiro dia da Quaresma que apela à penitência, tolerância e fraternidade, mas posso afirmar que nunca me diverti tanto como nesse Carnaval.

Escrito por Pascoalita

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O CARNAVAL E AS SUAS TRADIÇÕES


O Carnaval é considerado no calendário oficial brasileiro uma das maiores festas populares do mundo, mais animadas e representativas, ou seja um espetáculo a parte. A sua origem já vem dos nossos antepassados, onde as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos, farinha, lança perfume etc. O grande acontecimento acontecia num período anterior a Quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade de expressão. Este sentido de alegria, euforia permanece até os dias de hoje nos blocos de rua. O Carnaval chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países europeus como Itália e França, o Carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao Carnaval brasileiro, embora sejam de origem europeia.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. E começaram a aparecer os primeiros blocos carnavalescos como os Camisas Listradas organizado pelo compositor baiano Assis Valente, cordões e os famosos "corsos". As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades.

No século XX, o Carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o Carnaval cada vez mais animado. A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o Carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada. O Carnaval de rua manteve suas tradições originais na região nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o Carnaval no ritmo do frevo e do maracatu, carregando enormes bonecos. Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante o Carnaval. Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região que cantam e cima dos trios elétrico que surgiram através dos famosos cantores baianos: Osmar e Dodô. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

Escrito por Flávia Almas, do blog O Olhar de uma Jornalista


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

MÁSCARAS


(Imagem de Andreas M. Gross)

Este ano não me vou mascarar! Não me vou disfarçar de vaca, freira ou enfermeira... Este ano vou sair à rua, tal como me apresento o resto do ano. E vou sentir-me bem enquadrada no espírito carnavalesco. Todo o meu desassossego vai desaparecer por uns dias, pois vou assumir a máscara que uso diariamente sem que isso me soe a estranho, ou a desapropriado. Afinal estamos no Carnaval! Que mal tem colocar a máscara mal acorde, para apenas a retirar quando entro no sono profundo? É Carnaval, ninguém leva a mal!

E, já agora, penso. Quantas pessoas, tal como eu, usam diariamente uma máscara invisível, sem que os outros disso se apercebam? Seremos uma percentagem grande ou pequena da população? E afinal, porque não rasgamos a máscara e mostramos ao mundo aquilo que verdadeiramente somos? Porque guardamos segredos se apenas queremos viver de acordo com aquilo que nos vai na alma? Porque teimamos em continuar a assumir papéis que já nada nos dizem?

Pelo que sei, é no Carnaval que nos transformamos naquilo que não somos mas que gostaríamos de ser! E será que, ao longo de todo o ano, ao sermos aquilo que não queremos mas sim aquilo que os outros esperam de nós, não estamos também a usar uma máscara? Não é também esta postura, uma forma de nos mascararmos, tal como o fazemos nas festas carnavalescas?

Escrito por CarpeDiemaria

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PARA A HISTÓRIA DO CARNAVAL EM ESTARREJA – CARNAVAIS TRADICIONAIS


CONTRADANÇA OU DANÇA DOS DITOS
Representação teatral e cómica, conta com um Capitão que preside o julgamento do Bacalhau (por vezes chamado de Entrudo), culpado de mil crimes. Há ainda duas fileiras de participantes individualizados, uns acusando e outros defendendo o Bacalhau. No final este é condenado à morte, momento em que passa a ler o seu testamento, de todo brincalhão.
De notar os trajes das fileiras, munidas com espadas e tendo uns tantos lenços presos à cintura, criando como que uma saia. O Capitão tem vestes militares, e o Bacalhau vestuário folgazão condizente com a sua personalidade. Após o julgamento faz-se uma dança em redor do pau das fitas.
É uma tradição conhecida de Pardilhó, Canelas, Veiros, Murtosa e Bunheiro, assim como dalgumas localidades vizinhas. Ainda se viu há poucos anos na Murtosa, com elementos de Veiros, e por volta dos anos 80 e 90 foi exportada por emigrantes para os Estados Unidos.

CARROÇA DO GALO
Cortejo encenado, em Canelas, com uma pequena carroça enfeitada que carrega um galo e uma galinha. Os participantes, munidos de espadas, acusam uns o galo de variados e crimes, e defendem outros a sua inocência. O testamento do galo tem semelhanças com o do Bacalhau da Contradança.

ENTERRO DO ENTRUDO
Representação de cortejo fúnebre que se faz à meia-noite de terça para quarta-feira. Na frente desta encenação teatral vai um Padre e no caixão o Entrudo, seguindo-se um grupo de folgazões com flores que são couves e alguns outros adereços. Parado o cortejo o Padre lê o testamento do Entrudo, um vasto conjunto de malandrices.

OUTROS CARNAVAIS
Há noutras terras tradições semelhantes a estas ou pelo menos com algum paralelo, além do que o Carnaval do concelho de Estarreja tem mais costumes antigos. As travessuras dos mascarados, as Tarivacas, a Cegada (gozo político nacional), o jogo do pau, as desgarradas ou cantares ao desafio… Muito disto pertence a um velho Carnaval desaparecido ou em vias de extinção. O que dele resta vive principalmente na memória dos mais velhos.

Escrito por Marco Pereira, do blog História de Estarreja e Murtosa
Neste blog, encontra mais informação sobre a História do Carnaval em Estarreja.

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL DA MINHA INFÂNCIA


TEMPO DE MARCHINHAS
Há poucas semanas do carnaval, os rádios da vizinhança estão ligados nas marchinhas que serão cantadas nos blocos e nos coretos. Estava saindo de casa para espiar o movimento na rua, em busca de uma bola de borracha e de alguns fominhas que, como eu, estão sempre prontos para jogar uma pelada. Mas, o que encontrei foi uma cantoria danada, vinda de todos os lados, e nada de bola ou de pelada. Contentei-me com as marchinhas, e sentei-me na soleira da porta, sonhando com os dias de folia que estavam para chegar.

A tarde era modorrenta, mormacenta, meio quente, meio úmida, que convidava para coisa nenhuma. Eu decidi ficar ali, pachorrento e bocejante, ouvindo as marchinhas que vinham das casas vizinhas Era um sábado, e já passavam das 3 da tarde. O Programa César de Alencar já estava no ar, e quem eu ouço ? A grande Dalva de Oliveira, cantando Estrela do Mar, uma beleza de poesia, falando do céu e do mar, com uma rara sensibilidade. Um pequenino grão de areia que se apaixonou por uma estrela, e dessa paixão nasceu a estrela do mar. É muito lindo ! . Está muito acima de tudo que se compõe hoje em dia, e já nem falo de músicas para o carnaval, pois ninguém mais se dá ao luxo de perder seu tempo compondo para os blocos cantarem. Afinal, que blocos ?

Sem blocos, as marchinhas sairam de moda.
Mas, ainda bem que eu tenho a minha memória musical, e me transporto para os tempos idos de 1952.
Perdi a noção do tempo, enquanto divagava entre o passado e o futuro, e já está anoitecendo, é hora de entrar. (Lembranças do Carnaval da minha infancia no Rio de Janeiro – Brasil)

Escrito por Gilberto Gonçalves, do blog A Era do Rádio

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O CARNAVAL E AS SUAS TRADIÇÕES‏



Na minha aldeia o Entrudo ou Carnaval como hoje é chamado vivia-se de forma simples. Procurava-se roupa e objectos velhos, algo que escondesse o rosto e de seguida brincava-se… Reuníamo-nos todos uns dias antes para combinar-mos de que maneira nos íamos mascarar. Tudo nos servia para fantasiar. Então, decidida qual a fantasia de cada um, começava o "assalto" à arca da roupa dos familiares, em busca dos adereços adequados, e cada qual se revestia da personagem escolhida. Uma era a noiva, outra a velhinha, os meninos vestiam-se de pedintes, velhos, coxos, marrecos, barrigudos… cada um se fantasiava nas suas personagens favoritas e conforme a roupa e a ocasião assim o inspirassem. Também fazíamos espantalhos em tecido e palha para colocar na porta das pessoas na noite de Carnaval.
De manhã ao abrir a porta, o espantalho caía e as pessoas assustavam-se e gritavam. Outra das brincadeiras era prender as portas das casas dos vizinhos umas às outras com cordas. De manhã cedo lá estávamos nós a espreitar a reacção de cada um. Gerava-se logo ali um alvoroço tremendo:

- Ò tia Maria, ò comadre, valha-me Deus, venha-me abrir a porta, ai aqueles malandros prenderam-ma. - Não posso! A minha está presa também. E lá ia um de nós abrir a porta, sem que ninguém nos visse. Na rua mais abaixo ouvia-se o grito da comadre Aiiiiii -Tinha sido o espantalho que caiu em cima da tia Antónia.

Em cortejo pelas ruas da aldeia e das aldeias próximas, lá ia-mos nós visitando casa a casa onde tudo era permitido: Cantar quadras espirituosas sobre os habitantes dessas aldeias, atormentar as velhas e seduzir as novas!

Viva o António e a MariaPois,
a ninguém fazem mal
A bebedeira é só uma
De Carnaval a Carnaval

Ó Manuel tu és jeitoso
Cortejas uma bota feia
A tua mãe é marreca
O teu pai namora toda a aldeia

A identificação de cada um, era um dos segredos mais bem guardados, e os comentários dos vizinhos provocavam as mais engraçadas gargalhadas, ao nos confundirem uns com os outros. Então, como recompensa pela diversão proporcionada, todos nos ofereciam algum presente, geralmente coisas para comer, ou dinheiro, podiam ser ovos, chouriço, frutas, ou outros. E o desfile findava no largo da aldeia, onde se fazia um lanche geral, com os presentes ganhos, no qual todos ríamos e contávamos vezes sem conta, as peripécias da tarde. No largo era colocado um pau envolvido com muita palha, na ponta tinha um boneco de uma velha. Este era incendiado há meia-noite e fazia-se o enterro da velha. E assim chegava a hora da má-língua, todos tinham a liberdade de dizer o que não diziam ao longo do ano fosse mal do vizinho ou do governo.

Oiça lá minha senhora
Se não anda com homem casado
Porque vai fora d`horas
Para o lado do adro…

E era assim o Entrudo (Carnaval) dos meus tempos de juventude. Hoje é vivido de maneira bem diferente.

Escrito por Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega-Notícias da Minha Terra
 
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domingo, 14 de fevereiro de 2010

CHURRASCO DE CARNAVAL …


(A minha descendência, Carnavalando!!!)

Contra o que possa parecer, não sou folião compulsivo. Gosto de brincar todo o ano, sem hora nem dia marcado, desde que tal se propicie.

Véspera de Carnaval, no local de trabalho, palavra puxa palavra, vai de combinar uma noite de borga! Caramba, a vida não era só trabalho! Juntámos meia dúzia de aderentes e ficou combinado. Depois do jantar, reuníamo-nos no Rossio, para dar início à rambóia.
Havia um primeiro abastecimento, pois a noite ia ser longa. Entrámos na Ginginha e, vai um copito. Tudo jóia, segue a ronda, e lá vamos a caminho da Casa do Alentejo, ali ao Bairro Alto. O bailarico estava fraco, as damas ocupadas e o bilhete não era barato. Vamos a outro que este não dá! Rua abaixo, direitos à Casa das Beiras, onde o panorama não era melhor. Talvez no Cais do Sodré, de má fama. Estavam os bares cheios e pouco convidativos. A meia-noite já era e a volta continuava. Voltámos ao ponto de origem e começámos a discutir novo plano de ataque, mas agora íamos andando, para não perder a embalagem. E foi nestas deambulações que, lá para as 2 horas daquela linda noite, alguém deparou, ali mesmo, numa travessa, quase escondido, um placard luminoso onde se lia “Bomjardim”. E o anúncio falava em frangos de churrasco e não sei que mais. Nova reunião de emergência, donde saiu sapiente resolução. - Ficamos já aqui! Um franguinho de churrasco, vem mesmo a calhar! Deu-se a aprovação, por unanimidade e de pé, apesar das pernas já começarem a acusar algum cansaço.
Sentados à mesa, mandámos vir a dose do franguinho, bebemos uns púcaros, dissemos umas larachas e, lá para as 4 da manhã, terminámos a actuação.
Fizemos as despedidas e cada um regressou a sua casa. Quando nos voltámos a encontrar, no local de trabalho, esta noite de Carnaval foi o tema das conversas. Uns, tal como eu, tinham “gozado” que nem uns perdidos, outros, coitados, caiu-lhes mal tanta diversão e diziam que quando se foram deitar viam tudo a andar à roda e, claro, chamaram pelo “Gregório”. Foi tudo prejuízo. Mal empregado frango!

Para Carnaval, não se pode dizer que não tenha sido “bem divertido”!

Escrito por João Celorico, do blog Salvaterra e Eu

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PREFIRO OS CREPES DE 3ª GORDA

(imagem da internet)

Quando era pequenina, disfarçava-me de fada ou de princesa. Até nos meus anos, o fazia. Não sei que tara era… Na adolescência, deixei de gostar de fantasias e passei também a ser anti-carnaval.

E porquê? Digamos que ficava irritadíssima no último dia de aulas, antes das férias de Carnaval. Pois, nesse dia, tínhamos de pensar muito bem qual das saídas do liceu era mais vantajosa. O que quero dizer com isso? Ora bem, nesse dia, a tradição era atirarem farinha, ovos e espuma de barbear uns aos outros. Achava isso uma estupidez total. Assim que saiamos do liceu, chovia ovos, farinha, tudo por todo o lado. Era ver jovens a correrem uns atrás dos outros. Muitos a fugirem dos atacantes armados de caixas de ovos…enfim…Eu, matreira, ia ver cada porta do liceu, averiguando aquela que tinha menos gente à coca. E lá, me esgueirava eu a mil à hora até a estação de metro para ir para casa. Só cheguei uma vez ao lar com um pouco de farinha nos cabelos e uma casca de ovo nos ténis.

Depois disso, só me disfarcei uma vez aos 14 anos, de detective. Estava de férias na vila vouzelense e andamos todos atrás do Entrudo para lhe preparar o enterro. Quem não estivesse mascarado, tentava adivinhar quem se escondia debaixo dos disfarces. Fui para casa divertida, pois ninguém adivinhou quem eu era por baixo da minha gabardina bege, estilo Inspector Engenhocas e sapatos de vela pretos tamanho 43 do meu tio…

Actualmente, nesse feriado de 3ª feira gorda, não saio para apreciar essas festividades. Fico em casa a seguir outro costume, típico dessa quadra e bem mais apetecível: CREPES! (é uma óptima sugestão para o dia dos namorados, não? ;) ) Sirvam-se!

Escrito por Deolinda Viana

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O CARNAVAL E AS SUAS TRADIÇÕES NO BRASIL


Bem. Sabemos que todas as Regiões Brasileiras, além de outros lugares, comemoram o seu carnaval, conforme suas culturas. Tem aqueles que não comemoram e tem aqueles que fazem a maior festa...Haja folia para tanto. Tem a duração de 03 (três dias de folias e festas), precedem a 4ª feira de cinzas. Carnaval é alegria, folia, como diz o dicionário.
O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.

História do Carnaval -Conforme fonte na Google:

O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.
No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

As mais famosas por suas alegorias e destaques são: São Paulo e Rio de Janeiro. Vejam pelas suas premiações: Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais no Rio de Janeiro :
2007 e 2008 - Beija-Flor
2009 - Académicos do Salgueiro
Escola de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais em São Paulo:
2008 - Vai-vai
2007 e 2009 - Mocidade Alegre


Escrito por Sandra Andrade, do blog Uma Interação de Amigos

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O CARNAVAL NA TERCEIRA

Mal acaba o Natal
Na nossa ilha Terceira
Começa o Carnaval
A tomar a dianteira.

Os poetas populares
Com assuntos de encomenda
Improvisando nos lares
Vão recheando a agenda.

São as Danças e Bailinhos
Com cantigas a preceito:
Na Saudação, carinhos;
No Assunto, riso a eito.

Depois vem a Despedida
Ensaiada em ritual:
Grande alegria tecida
Por rimas de Carnaval.

Quando chega a altura
Sai a Festa radiante:
Toda a ilha é cultura
Pelos Palcos adiante.

Mui recheadas as mesas:
Bolos, filhós, coscorões,
Alegria e gentilezas
Enfeitam nossos Salões.

Lembro que desde pequena
Corria pla freguesia
Na senda de qualquer cena
Colorida de fantasia.

Um louvor às costureiras,
Aos cantores e bailarinos,
Aos músicos e às carreiras
Que transportam tantos hinos.

Os ensaios são momentos
De convívio e euforia;
Estão sempre bem atentos:
Pé de dança e cantoria.

Por cá tudo é original
Não há semelhança alguma
Com outro Carnaval
E Terceira só há uma!

Escrito por Rosa Silva, do blog Azoriana
 
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

BRASIL – PORTUGAL E A ORIGEM DAS MARCHAS DO CARNAVAL



A ORIGEM DAS MARCHAS CARNAVALESCAS NO BRASIL FOI ASSIM.

É natural que os mais jovens perguntem o que é isso de “Entrudo”? Resposta clara: era assim que os seus avós chamavam à época das folias, brincadeiras que se habituaram a fazer desde a Idade Média, antes de se iniciar uma época mais austera para os Cristãos, a Quaresma, com a Quarta-Feira de Cinzas, como preparação para a festa da Páscoa. E diziam, como hoje se diz: «Esta vida são dois dias e o Entrudo (Carnaval) são três). Aproveitemos para reinar, brincar.»

As suas vestimentas, para disfarce, não vinham da China, como actualmente; utilizavam as meias e outras vestimentas habituais; os homens disfarçavam-se de mulheres e as mulheres de homens. Chamavam-se caretos (regionalismo de origem transmontana) os que assim se vestiam e disfarçavam (porque escondiam a cara). Ainda se fabricam máscaras no Nordeste Transmontano; sobretudo, aldeia de Varge, Ousilhão-Vinhais e Macedo de Cavaleiros.

Em tempos idos, em vez de fazerem as batalhas de flores, como se fazem hoje nas cidades, brincavam com a farinha moída nos moinhos, atirando-a os jovens, de sexos diferentes, uns aos outros, ficando todos mascarados, mas acabando, quase sempre, em atitudes amorosas, em vez de uma ou outra cena de pancadaria à mistura. As crianças divertiam-se, fugindo deles, com medo que lhes fizessem mal.

Como curiosidade, deixo duas notas:

1- «O Carnaval do Brasil teve origem em Portugal?. Em 1723 era o “Entrudo”. Até o imperador D. Pedro II (1831-1889) “entrudava”-diz o historiador Hiram Araújo. O primeiro baile de Carnaval foi em 1835 e as marchas começaram com um português, Zé Pereira, que saía, à rua, a bater no bombo.»
( Adriana Barsotti- O Globo -Domingo (Correio da Manhã) de 5 de Março 2006).

2 - "Em 1842, houve um Ministério do Entrudo, denominação popular, por ter tomado posse a 7 de Fevereiro de 1842, um Domingo Gordo, sob a presidência do Duque de Palmela."
(Dicionário da História de Portugal de Joel Serrão).

Escrito por Artur Monteiro do Couto, do blog Beleza Serrana

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LEMBRO-ME QUE GOSTAVA DO CARNAVAL.


Gostava da “quadra”, da animação, obviamente das férias escolares.

Gostava das máscaras feitas em casa com a ajuda da avó, da preparação dos doces e das partidas para pregar em casa dos amigos dos Pais na noite do “assalto”, das pinturas e até do puxar de cabelos no penteado mais complicado ou daquele ar solto quando naquele ano decidimos todos ir à hippie!

Gostava de sair de casa mascarada e rir-me na rua de mim e dos outros.

De mostrar o fato, de ajeitar o lenço da mana que tinha caído ou o chapéu de cowboy do irmão que pendia já pelas costas. Na altura em que gostava do Carnaval não havia praxes de ovos, pasta dos dentes, espuma de barbear ou outras. As comemorações da quadra passavam por um desfile na rua e uma festa em casa de amigos com todos os amigos. Eram tempos talvez mais simples, mas ainda assim cheios de um convívio que pautava o ano inteiro.

Gostava do Carnaval porque significava festa, férias sem direito a trabalhos, brincadeiras no parque em frente casa, papelinhos com fartura e concursos de serpentinas, risos, muitos risos e folias até à exaustão.

Chamem-me... antiga ;)

E tenham um Bom Carnaval!

Escrito por Catarina Price Galvão, do blog Once

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

AGENDA DA BLOGAGEM DE FEVEREIRO


Se pudesse, a Aldeia levava-os até ao Carnaval de Veneza para puderem não só brincar às máscaras, mas também namorar. Pois, este mês festeja-se o dia dos Namorados e o Entrudo. Como não podemos oferecer-vos tal viagem, a Aldeia optou por fazer a festa aqui mesmo, deixando fluir a imaginação carnavalesca.

Agora, vamos revelar o disfarce do blog da Aldeia: será um livro de vivências de todos nós, onde do dia 10 ao dia 26, desfilarão textos inéditos, escritos pelos habitantes da Aldeia e recém-chegados. Será um cortejo de experiências emocionantes, vindas de dentro de cada um de nós e vividas em cada uma das nossas terras. Venham daí, vamo-nos divertir pelas ruas da Aldeia!

10 de Fevereiro
Catarina Price Galvão
Artur Monteiro do Couto

12 de Fevereiro
Rosa Maria Silva
Sandra Andrade

14 de Fevereiro
Deolinda Viana
João Celorico

16 de Fevereiro
Eugénia Santa Cruz
Gilberto Gonçalves

18 de Fevereiro
Marco Pereira
CarpeDiemaria

20 de Fevereiro
Flávia Almas
Pascoalita

22 de Fevereiro
Cátia Candeias
Ets

23 de Fevereiro
Acácio Moreira
Soledade Martinho Costa

24 de Fevereiro
Lourdes Martinho
Ana Claudia Pantoja

Feliz S. Valentim e Carnaval!!!

Nota Importante:
Tenham a amabilidade de colocar o Selo da Blogagem de Fevereiro nos vossos blogues com o respectivo link da Aldeia. Assim, os vossos amigos poderão ver e comentar. Além da votação de 24 a 28 de Fevereiro, a quantidade e qualidade de comentários também contam para a eleição do Melhor Texto. Não hesite, Comente!







segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PARABÉNS AOS VENCEDORES DA BLOGAGEM DE JANEIRO

Já cantamos as Janeiras, la la la. E comemos o Bolo-rei com um cálice de ginjinha. Cantando e tocando viola, fomos até a porta de casa do jurado para saber os nomes dos 3 vencedores da Blogagem de Janeiro. Mas quem irá sentir o frio da Serra da Estrela e brincar na neve? Quem será que vai conhecer Celorico da Beira e o hotel Mira Serra?

A decisão foi mais do que difícil. A votação foi renhida. Os júris ficaram esgotados, pois com tantos textos e comentários bons, não se entendiam. Depois, reclamaram as regalias do júri dos Ídolos ou faziam greve!!! Ai ai ai… Conseguimos fazê-los voltar a razão e entraram em consenso.
Preparados? O vencedor do Prémio de Melhor Bloguista – 1 noite para duas pessoas no Hotel Mira Serra (alojamento + pequeno-almoço) é:


Parabéns, Lourdes!

Esta menina provou ser amiga de todos, demonstrando ao mesmo tempo um profundo amor pela sua terra e pelas dos seus pais. Parabéns, amiga Lourdes! Queremos depois a história da sua ida à Serra da Estrela e fotos!!!

Agora, cá vamos nós ao vencedor do Prémio de Melhor Comentário – 2 noites para duas pessoas no Hotel Mira Serra (alojamento + pequeno-almoço). Adivinhem quem escreveu este comentário:

Nessa altura divertia-se de uma maneira, hoje temos de aceitar que há outras formas de divertir. Normalmente só achamos que é divertido porque recordamos a nossa juventude, e achamos que a malta de hoje não se diverte. Errado. Vejo pela minha filha mais velha que tem 14 anos como se envolve com as catequistas que são jovens de 17 e 18 anos e a maneira como fazem catequese, como falaram do dia de Reis o teatro que executaram aqui em Vila do Bispo, foi simplesmente maravilhoso!!!! Nada tradicional mas estava lá tudo, a história contada de uma maneira muito engraçada, divertida e sem fugir ao que nos foi ensinado. Os grupos que ouvi pelas ruas a cantarem as janeiras, gente jovem e também se divertiram. A tradição tal qual a conheceram está modificada mas continua super divertida. Nunca participei, mas acho as coisas feitas hoje muito mais alegres e soltas, do que noutros tempos, pois noutros tempos havia muitas necessidades que nestas alturas eram colmatadas. Tudo tinha um propósito. De qualquer maneira a todos parabéns pois acredito que tenham boas vozes e que não desafinaram eheheheh
Beijinhos


Parabéns, Ana Paula!

A menina testemunhou uma experiência diferente das Janeiras do séc. XXI através das suas filhas. Evidencia que actualmente ainda se mantêm as tradições de forma inovadora e também divertida.

Agora o vencedor do Prémio de Melhor Texto – 3 noites para duas pessoas no Hotel Mira Serra (alojamento + pequeno-almoço) é… houve aqui uma espécie de empate. O amigo Rafeiro Perfumado estava perto do pódio e a amiga Ana Paula S. Ferreira também. No entanto, tal como num jogo de rugby, foram literalmente “derrubados” por uma banda filarmónica de peso. No meio de um “Vale de Azares”, saiu a sorte grande a:


Parabéns, Carla e aos Bazófias também!

A menina definiu muito bem a sua paixão pela música, mas sobretudo pela banda filarmónica na qual actua. Mostrou também amar a sua aldeia e as suas gentes. Com 73 votos (35%) e 8 comentários apurados, vai poder usufruir de 3 belíssimas noites na Serra da Estrela.

Lembramos aos vencedores que os prémios têm um ano de validade a contar desta data; todos serão contactados individualmente por e-mail. Pedimos como sempre que nos enviem o nome completo, a morada e o BI (e nome do acompanhante).