sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"A MINHA RUA"

Como se de um sonho se tratasse, tenho na minha mente ainda memórias, de um lugar que foi sem dúvida, um marco importante na história da minha aldeia, o tão conhecido ‘’ Sobreiro ’’.
Este sobreiro existiu mesmo junto à porta da casa dos meus avós maternos, Uma casa muito grande (tipo casa senhorial) que mais tarde foi dividida pelos meus tios e pela minha mãe, e que hoje é a minha casa de família, ou seja minha e dos meus irmãos deixada pela minha mãe.Mesmo ali em frente existiu um sobreiro que ficava à beira da estrada, em terra, que ligava Góis à aldeia da Cabreira e outras aldeias seguintes.

Debaixo deste sobreiro existia um banco grande em pedra para as pessoas que iam a pé à vila de Góis, e aquando ali passavam já cansadas de tantas horas, por vezes demoravam um dia a ir e voltar, a pé debaixo de sol quente, se sentavam para descansar à sombra do mesmo. Mas havia mais, a minha avó Jacinta era conhecida por ser uma mulher muito bondosa. Ela não podia dar muita coisa pois tinha 9 filhos para criar, mas tinha sempre uma caneca de água para dar aos que ali paravam para matar a sede, embora a tivesse de ir buscar bem longe em cântaros à cabeça, e também um bocado de broa para matar a fome, pois eram tempos muito difíceis.Se estava a chover muito e as pessoas vinham molhadas tinha a lareira acesa para enxugar as suas roupas e aquecer os seus corpos. Depois, já quentinhos, estes seguiam em direcção ás suas casas. A minha avó ficou conhecida pela ti Jacinta do Sobreiro.

O tempo foi passando e o sobreiro apodreceu. Mais tarde com as obras das ruas, o resto (o touco) do sobreiro foi destruído.Este local ficou conhecido pelo Sobreiro e mais tarde foi dado o nome àquela rua, a Rua do Sobreiro.

Quando a minha avó Jacinta partiu, a da minha querida mãe herdando a bondade da minha avó passou a fazer a mesma coisa, ajudava quem ali passava.

Já no meu tempo de juventude ali fiz um jardim mais a minha tia Hermínia. Já com a estrada alcatroada foi colocado um banco à minha porta onde as pessoas se sentavam, e ainda hoje se sentam, para conversar, a minha mãe vinha à porta perguntar se queriam alguma coisa. Muitas vezes ali se bebeu café da púcara quentinho e uma fatia de broa com o que havia para acompanhar.

No verão quando as pessoas, vindas de Lisboa visitavam a aldeia para passar férias, estas juntavam-se à noite, no local onde existiu o Sobreiro, colocavam mantas no chão e partilhavam até às tantas da madrugada as suas histórias de vida.

Nós os jovens da aldeia, e não só, ali nos juntávamos à noite para conversar, olhar as estrelas, tocar viola, concertina, escrever quadras para mandar nas cartas aos namorados, e outros, para namorar.

A minha história não é de nenhum autor conhecido da praça, mas conta a particularidade de um local, uma rua que ainda hoje está cheia de magia. A minha rua não é uma rua qualquer, sem passado nem história. É parte de mim. Se hoje sou feliz e tenho toda uma bagagem de vida, foi porque a minha rua promoveu minhas primeiras necessidades sociais, educacionais e fez-me crer em sentimentos verdadeiros.

Clique aqui para visualizar o slide show
Escrito por Eugénia  Cruz

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Rua do Mendo

Não tenho autores conhecidos na minha praça…mas já passei por ruas, cujo nome fez-me parar para pensar.

Hoje vou falar de uma Rua, bem romântica que me chamou atenção. É a Rua do Mendo, de Castelo Mendo ( Concelho de Almeida). O nome – Mendo- até é bastante vulgar , mas guarda um dos mistérios da Aldeia. Contam que “Meendus Menedi” era o alcaide da aldeia. Um jovem respeitado e estimado pela povoação, que terá dado o nome à terra e à rua. Mas na realidade, o que passou de boca em boca, de pais para filhos, foi a sua lendária história de amor: do Mendo e da Menda! É tão forte que ainda somos capazes de sentir e visualizar essa paixão na rua. Vejam como:

“(…) Duas figuras petrificadas, viradas de frente, uma para a outra, vivem incrustadas em casas e posições opostas. Separadas apenas por uma rua, apenas permite um olhar eterno e recíproco. “
 in: Aldeias Históricas de Portugal - Guia Turístico, edição Olho de Turista

Um cenário, um mistério, um amor impossível… enfim, uma história digna de ser lembrada, à boa maneira do Romeu e a Julieta, embora em versão portuguesa.


O Mendo em cima  e a Menda em baixo

Gostaram? Espero que sim. Brevemente vou partilhar convosco outras ruas com nomes e histórias interessantes! Até lá, estão à vontade para comentar este post e também e  falar da vossa rua...
Beijinhos e até breve!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Blogagem "Autores conhecidos da minha praça"


“Autores conhecidos da minha praça” é o tema da próxima blogagem que começa já amanhã! Na rua onde vive tem um nome de alguém muito conhecido, que o orgulha? Ou um nome esquecido na memória de quem lá vive, mas que mereceu tal honra? E as histórias que existem por trás de um nome… já pensou no motivo da escolha? Já passou por uma rua, com um nome que não lembra a ninguém?

Pois então têm oportunidade para comentar sobre a sua rua ou, se preferir, de alguém amigo, que tanto a intriga...

Vamos ter um novidade para este mês! De 10 a 30 de Novembro todos podem participar, comentando na nossa página do Facebook (Guia Turístico) ou pelo blogue da Aldeia da minha vida www.aldeiadaminhavida.blogspot.com

A Olho de Turista oferece uma prendinha para o comentário mais original e divertido da rede social!

São dois livros “Aldeias Históricas de Portugal- Guia Turístico",um para o melhor comentário do Facebook (Susana Falhas) e outro do Blogue da Aldeia da Minha Vida.

E porque já estamos a um passo do Natal…por que não oferecer magia nas Aldeias Históricas… a amigos e familiares !

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Olá amigos da aldeia e dos nossos castelos!

Em primeiro lugar, peço-vos desculpa só agora postar. Houve uma razão simples: depois do fim de semana prolongado, estive estes dias na Guarda a participar no 1º Festival Internacional da Memória Sefardita. Como podem imaginar, sobrou pouco tempo para outras coisas...mas penso que valeu a pena. Aprendi imenso! Como tal , aqui estou de alma lavada para estar um pouco convosco...virtualmente:

Chegámos ao fim de mais uma blogagem, com um tema bem convidativo “O meu castelo preferido” . Há quem sonhe viver um conto de fadas num castelo. Uma morada de príncipes e princesas e de valorosos cavaleiros. Um cenário romântico que desperta sentimentos, paixões e emoções... São tantos os castelos de pedra, cheios  de imponênciade e de magia do outro mundo! Mas realidade choca com o sonho quando entramos e pisamos o chão frio de pedra. Torna-se inevitável a busca de histórias de heróis e de heroínas afogadas num silêncio profundo. Descobre-se que deles nada resta, senão a petrificação do suor, do sangue, da coragem, da vida e da morte. Nestes belíssimos castelos vivem pedaços de uma alma lusitana, terrivelmente anónima, saudosista e esperançosa… por um futuro merecedor de tantos sacrifícios...

Bem acho que já chega de divagações e vamos directos ao assunto. Como estava a dizer, nesta blogagem foi possível ver o quanto são acarinhados muitos dos nossos castelos de Portugal. Mas antes de falar dos participantes quero deixar uma nota:

Não podemos esquecer os que ficaram de fora. Aqueles que infelizmente se encontram num estado lastimável de degradação e precisam urgentemente de intervenção, antes que seja tarde demais… Independentemente do tamanho do papel desempenhado, todos fazem parte da nossa identidade, da nossa cultura e acima de tudo, são nossos!

Agora vamos aos premiados:

João Celorico, teceu 34 pontos;
Flora Maria teceu 21 pontos
Cristina teceu 19 pontos

Quero agradecer a todos pela participação, e em especial ao João Celorico que, mais uma vez, brindou-nos com o seu talento nato! Os nossos castelos ganharam certamente mais dignidade com a sua poesia! Para arrematar esta postagem, que já vai um pouco longa, não podia deixar de publicar aqui um desses poemas da sua autoria. (Na qualidade de longroivense, é uma honra para mim ter um poema escrito por si,  caro João! )

“É Longroiva, não engana.
Um nome algo esquisito!
Se é a terra da Susana,
pronto, está tudo dito!

E foi aqui em Longroiva,
pelo menos é o que se diz,
que Isabel ainda noiva
se preparou para Diniz.

Antes das bodas reais,
ainda não era rainha,
foi às águas termais
e ficou bem lavadinha.

E a ansiedade era tanta
para agradar ao esposo!
Isabel, não era santa
e esposaram em Trancoso!

Consta, na voz povo, até
que provando sua devoção,
num acto de profunda fé,
oraram à Senhora do Torrão!

Esta não posso eu provar,
mas, nisto até acredito.
Porém, estou só a divagar.
Era um gesto… tão bonito!


Abraço, João Celorico”

E podes crer , amigo, a minha aldeia tem um nome esquisito, mas ainda antes de nascer Portugal, já lavrava sangue, por todos nós ;)