TEMPO DE MARCHINHAS
Há poucas semanas do carnaval, os rádios da vizinhança estão ligados nas marchinhas que serão cantadas nos blocos e nos coretos. Estava saindo de casa para espiar o movimento na rua, em busca de uma bola de borracha e de alguns fominhas que, como eu, estão sempre prontos para jogar uma pelada. Mas, o que encontrei foi uma cantoria danada, vinda de todos os lados, e nada de bola ou de pelada. Contentei-me com as marchinhas, e sentei-me na soleira da porta, sonhando com os dias de folia que estavam para chegar.
A tarde era modorrenta, mormacenta, meio quente, meio úmida, que convidava para coisa nenhuma. Eu decidi ficar ali, pachorrento e bocejante, ouvindo as marchinhas que vinham das casas vizinhas Era um sábado, e já passavam das 3 da tarde. O Programa César de Alencar já estava no ar, e quem eu ouço ? A grande Dalva de Oliveira, cantando Estrela do Mar, uma beleza de poesia, falando do céu e do mar, com uma rara sensibilidade. Um pequenino grão de areia que se apaixonou por uma estrela, e dessa paixão nasceu a estrela do mar. É muito lindo ! . Está muito acima de tudo que se compõe hoje em dia, e já nem falo de músicas para o carnaval, pois ninguém mais se dá ao luxo de perder seu tempo compondo para os blocos cantarem. Afinal, que blocos ?
Sem blocos, as marchinhas sairam de moda.
Mas, ainda bem que eu tenho a minha memória musical, e me transporto para os tempos idos de 1952.
Perdi a noção do tempo, enquanto divagava entre o passado e o futuro, e já está anoitecendo, é hora de entrar. (Lembranças do Carnaval da minha infancia no Rio de Janeiro – Brasil)
Escrito por Gilberto Gonçalves, do blog A Era do Rádio
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Olá Gilberto!
ResponderEliminarSabe,eu tenho 1 paixão pelo Brasil,sobretudo pelo RJ,desde pequena.Resultado:adorei o seu texto que me transportou para um tempo em que eu não era nascida,nem planeada.Fez-me ouvir uma música bonita.É verdade quando fala que hoje as músicas dos corsos não são o que eram.A mim,quando vejo e ouço na TV,parecem-me todas iguais.Gostei muito da foto.O pequeno Aladim tem um ar sonhador e parece esperar mesmo por uma bola e uma pelada.O Indio tem seu ar traquina de felicidade,como quem pensa:pera aí,gente.Eu vou arranjar 1 bola.A rapariga está a sorrir,mais calma:meninos,vamos ver passar as Marchinhas primeiro :)
Jocas gordas
Lena
Como não podia deixar de ser, corri a ouvir Dalva de Oliveira, e a sua Estrela do Mar!!! E que saudades despertou em mim! Quanta emoção!
ResponderEliminarPois, já não há cantores, nem canções como antes, assim como também o Carnaval já não é o que era.
Mas é muito bom recordar ...
Gostei muito deste TEXTO
Lembranças dum Carnaval, quando a mocidade era risonha e franca...
ResponderEliminarAquilo, é que era bom!
Quando dava marchinhas
e da Dalva ouvia o som
no rádio das vizinhas!
Mas muito melhor jogada,
seria pecado sem mancha,
ter a bola e uma pelada
ele jogar lá na cancha!
Traquinas e bem fagueiro
espreitou a rua o infante
sonhando ser um zagueiro,
goleiro ou centro avante!
Tal como a tarde, molengo,
sonhava ainda o “parceiro”,
lá na baliza do Flamengo,
meter um gol ao arqueiro!
Foi atacado de nostalgia,
viu o passado à distância,
valeu a beleza da poesia
e lembranças da infância!
Poesia de céu e de mar
e uma tarde tão quente
faz-nos sonhar e pensar
num Carnaval diferente!
Não há blocos e marchinhas!
Deixe lá isso, não faz mal!
Também não há as vizinhas.
Agora, já só há o Carnaval!
Bom Carnaval e lembranças...
João Celorico
Olá Gilberto!
ResponderEliminarNão posso deixar de comentar os belos textos que aqui são publicados, e este seu texto é um deles.
Cada um conta-nos o que realmente nos marcou nestes Carnavais, uns mais antigos outros mais recentes.
A nossa memória é realmente um bem fabuloso, não nos deixa esquecer os bons e maus momentos passados. Com ela só temos de rir e agradecer os bons, crescer e aprender com os maus.
Obrigada por nos mostrar como era o carnaval no Brasil.
Um abraço.
Eugénia Cruz
É muito bom poder relembrar junto com você os deliciosos carnavais da nossa infância !
ResponderEliminarNosso Carnaval era diferente, sem samba no pé, sem bailes carnavalescos, sem as manifestações exageradas de liberdade. Mas como eramos felizes naqueles dias de folia e brincadeira !
Bastava sentir o cheiro da lança-perfume, admirar as lindas fantasias que circulavam pelas ruas, e ouvir os blocos animados que passavam à pé ou de bonde no nosso bairro.
Recordar é viver, e viveremos enquanto nossas lembranças tiverem valor. Enquanto continuarmos a contar nossas histórias para os mais jovens que, infelizmente, não conheceram uma forma de vida tão mais calma, pura e romântica.
Feliz Carnaval !
Mudam os ventos mudam os tempos!
ResponderEliminarMuda a musica e o Carnaval também
Assim como nós envelhecemos as tradições alteram
Só temos de nos ir adaptando ás mudanças dos tempos.
Bom texto
Um Abraço
Acácio