terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL DA MINHA INFÂNCIA


TEMPO DE MARCHINHAS
Há poucas semanas do carnaval, os rádios da vizinhança estão ligados nas marchinhas que serão cantadas nos blocos e nos coretos. Estava saindo de casa para espiar o movimento na rua, em busca de uma bola de borracha e de alguns fominhas que, como eu, estão sempre prontos para jogar uma pelada. Mas, o que encontrei foi uma cantoria danada, vinda de todos os lados, e nada de bola ou de pelada. Contentei-me com as marchinhas, e sentei-me na soleira da porta, sonhando com os dias de folia que estavam para chegar.

A tarde era modorrenta, mormacenta, meio quente, meio úmida, que convidava para coisa nenhuma. Eu decidi ficar ali, pachorrento e bocejante, ouvindo as marchinhas que vinham das casas vizinhas Era um sábado, e já passavam das 3 da tarde. O Programa César de Alencar já estava no ar, e quem eu ouço ? A grande Dalva de Oliveira, cantando Estrela do Mar, uma beleza de poesia, falando do céu e do mar, com uma rara sensibilidade. Um pequenino grão de areia que se apaixonou por uma estrela, e dessa paixão nasceu a estrela do mar. É muito lindo ! . Está muito acima de tudo que se compõe hoje em dia, e já nem falo de músicas para o carnaval, pois ninguém mais se dá ao luxo de perder seu tempo compondo para os blocos cantarem. Afinal, que blocos ?

Sem blocos, as marchinhas sairam de moda.
Mas, ainda bem que eu tenho a minha memória musical, e me transporto para os tempos idos de 1952.
Perdi a noção do tempo, enquanto divagava entre o passado e o futuro, e já está anoitecendo, é hora de entrar. (Lembranças do Carnaval da minha infancia no Rio de Janeiro – Brasil)

Escrito por Gilberto Gonçalves, do blog A Era do Rádio

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6 comentários:

  1. Olá Gilberto!
    Sabe,eu tenho 1 paixão pelo Brasil,sobretudo pelo RJ,desde pequena.Resultado:adorei o seu texto que me transportou para um tempo em que eu não era nascida,nem planeada.Fez-me ouvir uma música bonita.É verdade quando fala que hoje as músicas dos corsos não são o que eram.A mim,quando vejo e ouço na TV,parecem-me todas iguais.Gostei muito da foto.O pequeno Aladim tem um ar sonhador e parece esperar mesmo por uma bola e uma pelada.O Indio tem seu ar traquina de felicidade,como quem pensa:pera aí,gente.Eu vou arranjar 1 bola.A rapariga está a sorrir,mais calma:meninos,vamos ver passar as Marchinhas primeiro :)

    Jocas gordas
    Lena

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  2. Como não podia deixar de ser, corri a ouvir Dalva de Oliveira, e a sua Estrela do Mar!!! E que saudades despertou em mim! Quanta emoção!

    Pois, já não há cantores, nem canções como antes, assim como também o Carnaval já não é o que era.

    Mas é muito bom recordar ...


    Gostei muito deste TEXTO

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  3. Lembranças dum Carnaval, quando a mocidade era risonha e franca...

    Aquilo, é que era bom!
    Quando dava marchinhas
    e da Dalva ouvia o som
    no rádio das vizinhas!

    Mas muito melhor jogada,
    seria pecado sem mancha,
    ter a bola e uma pelada
    ele jogar lá na cancha!

    Traquinas e bem fagueiro
    espreitou a rua o infante
    sonhando ser um zagueiro,
    goleiro ou centro avante!

    Tal como a tarde, molengo,
    sonhava ainda o “parceiro”,
    lá na baliza do Flamengo,
    meter um gol ao arqueiro!

    Foi atacado de nostalgia,
    viu o passado à distância,
    valeu a beleza da poesia
    e lembranças da infância!

    Poesia de céu e de mar
    e uma tarde tão quente
    faz-nos sonhar e pensar
    num Carnaval diferente!

    Não há blocos e marchinhas!
    Deixe lá isso, não faz mal!
    Também não há as vizinhas.
    Agora, já só há o Carnaval!

    Bom Carnaval e lembranças...

    João Celorico

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  4. Olá Gilberto!
    Não posso deixar de comentar os belos textos que aqui são publicados, e este seu texto é um deles.
    Cada um conta-nos o que realmente nos marcou nestes Carnavais, uns mais antigos outros mais recentes.
    A nossa memória é realmente um bem fabuloso, não nos deixa esquecer os bons e maus momentos passados. Com ela só temos de rir e agradecer os bons, crescer e aprender com os maus.

    Obrigada por nos mostrar como era o carnaval no Brasil.

    Um abraço.
    Eugénia Cruz

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  5. É muito bom poder relembrar junto com você os deliciosos carnavais da nossa infância !

    Nosso Carnaval era diferente, sem samba no pé, sem bailes carnavalescos, sem as manifestações exageradas de liberdade. Mas como eramos felizes naqueles dias de folia e brincadeira !
    Bastava sentir o cheiro da lança-perfume, admirar as lindas fantasias que circulavam pelas ruas, e ouvir os blocos animados que passavam à pé ou de bonde no nosso bairro.

    Recordar é viver, e viveremos enquanto nossas lembranças tiverem valor. Enquanto continuarmos a contar nossas histórias para os mais jovens que, infelizmente, não conheceram uma forma de vida tão mais calma, pura e romântica.

    Feliz Carnaval !

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  6. Mudam os ventos mudam os tempos!
    Muda a musica e o Carnaval também
    Assim como nós envelhecemos as tradições alteram
    Só temos de nos ir adaptando ás mudanças dos tempos.
    Bom texto
    Um Abraço
    Acácio

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