quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PARA A HISTÓRIA DO CARNAVAL EM ESTARREJA – CARNAVAIS TRADICIONAIS


CONTRADANÇA OU DANÇA DOS DITOS
Representação teatral e cómica, conta com um Capitão que preside o julgamento do Bacalhau (por vezes chamado de Entrudo), culpado de mil crimes. Há ainda duas fileiras de participantes individualizados, uns acusando e outros defendendo o Bacalhau. No final este é condenado à morte, momento em que passa a ler o seu testamento, de todo brincalhão.
De notar os trajes das fileiras, munidas com espadas e tendo uns tantos lenços presos à cintura, criando como que uma saia. O Capitão tem vestes militares, e o Bacalhau vestuário folgazão condizente com a sua personalidade. Após o julgamento faz-se uma dança em redor do pau das fitas.
É uma tradição conhecida de Pardilhó, Canelas, Veiros, Murtosa e Bunheiro, assim como dalgumas localidades vizinhas. Ainda se viu há poucos anos na Murtosa, com elementos de Veiros, e por volta dos anos 80 e 90 foi exportada por emigrantes para os Estados Unidos.

CARROÇA DO GALO
Cortejo encenado, em Canelas, com uma pequena carroça enfeitada que carrega um galo e uma galinha. Os participantes, munidos de espadas, acusam uns o galo de variados e crimes, e defendem outros a sua inocência. O testamento do galo tem semelhanças com o do Bacalhau da Contradança.

ENTERRO DO ENTRUDO
Representação de cortejo fúnebre que se faz à meia-noite de terça para quarta-feira. Na frente desta encenação teatral vai um Padre e no caixão o Entrudo, seguindo-se um grupo de folgazões com flores que são couves e alguns outros adereços. Parado o cortejo o Padre lê o testamento do Entrudo, um vasto conjunto de malandrices.

OUTROS CARNAVAIS
Há noutras terras tradições semelhantes a estas ou pelo menos com algum paralelo, além do que o Carnaval do concelho de Estarreja tem mais costumes antigos. As travessuras dos mascarados, as Tarivacas, a Cegada (gozo político nacional), o jogo do pau, as desgarradas ou cantares ao desafio… Muito disto pertence a um velho Carnaval desaparecido ou em vias de extinção. O que dele resta vive principalmente na memória dos mais velhos.

Escrito por Marco Pereira, do blog História de Estarreja e Murtosa
Neste blog, encontra mais informação sobre a História do Carnaval em Estarreja.

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6 comentários:

  1. Divulgar as tradições portuguesas que vão resistindo (e são ainda muitas, felizmente!)fica sempre bem a quem o faz. Ao ler este texto aprende-se a conhecer melhor o país onde vivemos.

    Soledade Martinho Costa

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  2. Olá!
    Achei muito engraçada a Carroça do Galo.Fez-me pensar no Julgamento do Galo da Guarda,tradição sobre a qual li há pouco tempo.
    Parabéns por divulgar a região litoral :)

    Jocas gordas
    Lena

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  3. É muito interessante a forma diversa de se festejar o carnaval!
    É um texto de valor informativo.São as nossas tradições que são dadas a conhecer.
    Cumprimentos
    Alcinda

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  4. Ao ler este texto fiquei com a sensação de estar a reviver os meus bons velhos tempos de criança e o Carnaval da minha aldeia. Sem dúvida um texto muito elucidativo sobre as nossas tradições carnavalescas. A história do testamento do galo também é contada na minha aldeia.Um texto de muito valor informativo para quem não viveu o Carnaval antigamente. Porque os carnavais da actualidade nada têm a ver com os de antigamente.Não passam de uma pequena imitação.
    Gostei muito do seu texto parabéns
    Um abraço
    Acácio

    É sempre bom recordar

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  5. Para ajudar a manter essa tão arreigada, quanto diversificada, tradição, cá vai a minha contribuição.

    O teatro não era mau!
    Deitaram eles em sorte
    e calhou ao bacalhau
    festejar a sua morte!

    Este bacalhau tão sortudo
    era sujeito a julgamento
    e, como estava no Entrudo
    ainda deixava testamento!

    Também o galo, coitado,
    pr’a não morrer na mesa,
    contratou um advogado
    em prol da sua defesa!

    Mas o galo, em pensamento,
    isto é uma ideia minha,
    legou tudo em testamento
    à sua bem amada galinha!

    Porém, de nada lhes valeu
    nem a ele, e nem a ela!
    O seu destino, penso eu,
    foi um “arroz de cabidela”!

    De terça para quarta-feira
    é que todo o povo fica mudo,
    quando se fina a brincadeira
    e o Padre enterra o Entrudo!

    É p’ra que a gente não veja
    este Carnaval, em extinção,
    que as gentes de Estarreja
    mantém esta longa tradição!

    Acaba esta bela estória
    a todos dando conselhos.
    Deixem viver a memória,
    dos que são mais velhos!

    João Celorico

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  6. Olá Marco
    Mais uma tradição portuguesa que eu desconhecia: A carroça do Galo. Estamos sempre a aprender...
    Gostei da descrição.
    Beijinhos
    Lourdes

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