sexta-feira, 16 de outubro de 2009

“NA MINHA TERRA COME-SE BEM”

FIANDEIRA À ENTRADA DA ALBERGARIA RIO BEÇA

Para uma apreciação correcta, devo esclarecer:
Ponto único. Na minha Terra, concelho de Boticas, Trás-os-Montes, comer bem ou comer mal depende de algumas variantes a considerar:
- Se tem dinheiro para pagar cerca de 20 (vinte) euros por pessoa e por refeição, pode comer bem, na Albergaria Rio Beça, na Estalagem de Carvalhelhos, no Restaurante o Caçador, na aldeia típica de Vilarinho Seco (Alturas do Barroso) – Casa do Pedro - recuperada com apoios Comunitários. Nesta, com todas as características da Idade Média. Só que, para saborear um bom cozido à Barrosã, convém ir no dia certo ou juntar-
-se com uns amigos e encomendá-lo com antecedência. Então, poderá comer, sem gritar por mais, a não ser em dias subsequentes: salpicão, toucinho, presunto, farinheira, chouriça de carne, vitela barrosã devidamente certificada, batatas, nabos, couves frescas apanhadas na horta minutos antes de entrarem no pote de ferro com três pés, e uma boa sobremesa caseira, à escolha. Para alegrar o convívio e despertar mais o paladar, poderá beber um bom vinho tinto, o tal remédio para as doenças de estômago mencionado num dos livros do Professor Doutor Armando Moreno - médico, que em tempos não muito longínquos deu voz ao programa “ Viver com Saúde “ na RTP, produzido pela Videofono, editora, também, dos programas do Professor Doutor José Hermano Saraiva.
- Se a tensão arterial lho permitir, tome um café e beba uma bagaceira regional, numa dependência contígua à sala de refeições e junte aos sabores as belezas das paisagens criando no seu íntimo a sensação de estar num mundo divinal onde as modernices citadinas ainda não estragaram o que fez a mão do Criador.
- Se é um “teso” e apenas souber contar uns magros cêntimos, então, poderá comer pouco e mal numa “tasca”, ou ter a sorte de encontrar alguém que conserve a tradicional bonomia transmontana do “ Entre Quem É “ e oferecer-lhe um bocado de pão centeio, presunto e vinho…- porque lá diz o ditado popular . «Quem não tem dinheiro não tem vício», neste caso, de comer bem e à farta.
- Diz a sabedoria popular: «Cada boca seu paladar». E o meu paladar contenta-se a saborear um frango caseiro estofado com azeite, tomate, alho, cebola, pimentos, salsa, folha de louro, alecrim e umas batatas cozidas no pote ao calor da lareira. E nessa altura, meio litro de “vinho dos mortos” a entrar pela boca na adega passageira e a suavidade alcoólica dos 11 graus a subir ao cérebro, parece que estamos a viver no paraíso…A seguir, um breve passeio, a pé, até aos “Cornos das Alturas do Barroso” e basta para se sentir bem e não criar “barriga de vaca”.
Aqui fica uma súmula do que pode constituir “ Comer bem na Minha Terra” e onde.
A escolha é sua. Desejo-lhe bom apetite e algum dinheiro.


Escrito por Artur Monteiro Couto, do blogue Beleza Serrana
Nota: pode ver o texto numa versão mais jocosa no respectivo blogue.


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6 comentários:

  1. Pois gostei do texto da maneira realista como apresenta o tema. Realmente comer bem ou mal sempre foi dependente de ter ou não dinheiro.
    Um abraço e boa sorte.

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  2. Por vezes comer bem por pouco dinheiro é possível. Conheço várias tascas onde se come muito bem e barato. Claro que não são pratos sofisticados, é comida caseira e mais tradicional feita pela mulher do dono tal como a faz em casa. Estou a lembrar-me dos Gatos nos Arcos em Estremoz onde se come muito bem e de outra que existe há entrada de Marvão.É pena que por aí isso não aconteça.
    Mas se tem que ser...vamos perdoar o preço mais alto pelo prazer que concerteza vamos ter ao saborear essas especialidades.

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  3. Com diz a amiga Dª elvira, comer bem ou menos bem sempre dependeu do volume das notas na carteira. No entanto pagar caro não é sinónimo de comer bem. porque pode-se comer bem, pagando um valor inferior, dependendo se apenas estamos a pagar a comida que ingerimos ou se também pagamos o luxo e a promoção a que nos queremos elevar.
    Artur quanto a mim gostei muito do seu texto com uma simplicide quanto baste, mas dentro da grande realidade da cozinha transmontana, Que garanto é excelente Sendo o cozido a Portuguesa um dos pratos que mais adoro, posso garantir que o prato de cozido á portuguesa que me ficou para sempre na memória, foi saboreado em Vilar de Perdizes, (terras transmontanasde de gema)jamais esquecerei aquele sabor diferente para o excelente quer das carnes, das hortaliças e os enchidos, são soberbos.ficamos por aqui, a realidade fica longe
    Parabens
    um abraço
    Acácio

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  4. Olá!
    Me aguardem,nao sei se a minha carteira aguenta uma ida até Trás-os-Montes + o almoço na Albergaria.Por isso,quando for até lá,penso ir até casa do Artur e experimentar a tradicional bonomia transmontana do "Entre, quem é?" ;) eh eh eh...pão de centeio e presunto já fico bem servida.

    Bom fim-de-semana
    Jocas gordas
    Lena

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  5. Caro Artur Couto!

    Começo por dizer-lhe que fui persuadido pela sua argumentação no sentido de nos convencer a ir até aí provar desse seu cozido, bem como do resto. Admito que o senhor já partiu com vantagem dado ser o "cozido à Portuguesa, tradicional e autêntico, um dos meus pratos favoritos. Agora, com todos esses condimentos caseiros que o senhor coloca dentro da panela - memória que guardo dos tempos em que em minha casa se matava o porco - se fizer um pequeno esforço de apelo à memória quase consigo "sentir" o sabor e o cheirinho bom que a ele estão associados; quase dá para salivar - um prazer enorme associado a tantas boas recordações já que nós Portugueses tanto gostamos de conviver com os pernas debaixo da mesa, saboreando um bom petisco, e a amizde.
    E, como bom conselheiro que certamente será, lá vem aquela dica sempre útil e sábia para a fase pós-repasto, sugerindo-nos aquele "passeio da ordem" para desmoer a comidinha...que certamente seria/será em excesso, tão convidativa é a ementa!
    Gostei muito da forma apelativa, bem disposta, com fez a defesa da "sua dama".

    Parabéns!
    Vitor Chuva

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  6. Artur
    Imagine que concordo e discordo de si ao mesmo tempo!
    Discordo porque acho que comer bem pode ser comer uma açorda alentejana, que fica barata.Acho que os poucos recursos dos povos lhes aguçaram o engenho e os nossos ancestrais procuraram ervas aromáticas, caça, pesca e lograram legar-nos saborosos pratos.
    Por outro lado, se a solução for ir ao restaurante(hábito que adquirimos na actualidade), então está cheio de razão...
    Mas eu arriscarei, um dia, ir comer esse cozido e depois ir fazer o passeio aos Cornos das alturas do Barroso...
    Um abraço
    Alcinda

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