sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O MAGUSTO NA MINHA INFÂNCIA

O Magusto é sempre uma festa popular, Cujas maneiras de o celebrar variam um pouco consoante as tradições regionais. É tradição juntarem-se grupos de amigos e famílias à volta de uma fogueira normalmente ao ar livre onde se vai assando castanhas para comer, bebe-se água -pé, vinho novo e jeropiga, cantam-se cantigas , as pessoas enfarruscam-secom as cinzas, fazem-se brincadeiras, tudo na maior alegria. Quando aparece uma castanha "parida", é oferecida uma das partes a outra pessoa ficando assim a ser compadres. Uma tradição na minha aldeia ainda sendo hoje usada pelos mais velhos.Embora o magusto seja normalmente realizado em dias festivos, é tradição em dia de todos os santos e São Martinho haver magusto colectivos e familiares em todo o nosso Portugal. Antigamente na minha aldeia era motivo de pretexto para os mais jovens nas tardes de domingo em época de castanhas fazerem o magusto para se poderem reunir e divertir à volta do lume feito com caruma dos pinheiros, com que assavam as castanhas. Uns ocupavam-se de ir apanhar a caruma , outros ofereciam castanhas e outros levavam a água-pé ou a jeropiga, e assim se passava uma bela tarde de domingo que muitas vezes terminava com um bailarico pela noite dentro.Reza a lenda que, em dia tempestuoso ia São Martinho, soldado romano, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante, São Martinho não hesitou: Apeou-se do cavalo com a sua espada cortou ao meio a sua capa de militar e de imediato deu metade ao mendigo. E apesar de mal agasalhado sob chuva intensa, preparava-se para continuar o seu caminho cheio de felicidade. Mas subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido um sol brilhante inundou a terra de luz e calor. Para que não se apaga-se da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, quis Deus que todos os anos nessa mesma época, e por alguns dias, o tempo frio para-se, e que o Céu e a terra sorrissem com a benção dum sol quente e miraculoso. É o chamado Verão de São Martinho. E que eu como já é costume deslocarme-ei a Góis minha terra natal para participar nas festas do dia de Todos os santos e celebrar a tradição de estar presente com a família no tradicional magusto colectivo, uma simpatia da Camara Municipal de Góis e produtores locais de castanha.

Escrito por Acácio Moreira, do blogue Carvalhal do Sapo


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7 comentários:

  1. Olá,amigo Acácio!
    Então,como foi o seu Magusto em Góis?
    Por aqui,foi diferente do seu texto,isso era sim um bom exemplo de tradição: ir buscar caruma,festejar todos juntos... Eu não conheci essas tradições. Apenas celebramos comendo castanhas e bebendo jeropiga. Este ano, foi vinho do Porto e licor de Pêssego. Muito bom :)

    Bom fim-de-semana
    Jocas gordas
    Lena

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  2. Boa tarde, Acácio!
    Pois o meu primeiro magusto teve algo de parecido:fogueira, castanhas a assar e muitas enfarruscadelas...
    Tudo isto agora é difícil de repetir, por muitas castanhas que comamos... elas já nos aparecem assadas ou cozidas...
    Aqui,no Oeste, bebe-se mais água-pé que jeropiga, bebida mais beirã que Oestina.
    E às vezes também se bebe o vinho novo.
    Não sabia que a Câmara de Góis fazia um magusto colectivo, é muito interessante!
    Boa sorte
    Alcinda

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  3. Que bonito "sorriso" o dessa imagem eheheh

    Quantas vezes subi às paredes para cortar ramos de ouriços que abria com ajuda de um calhau, deixando um rasto denunciador do estrago, o que dava origem a enorme "ralhanço" da minha mãe, já que os castanheiros não eram nossos eheheheh

    PARABÉNS! Gostei muito do texto ... é também assim que recordo os Magustos da minha infância na aldeia.
    Para além disso, havia ainda os "pequenos castanheiros" que nasciam por todo o "soito" em resultado das castanhas que ficavam do ano anterior e que nós arrancavamos para comer as "castenhas tenrinhas" em fase de germinação ahahahahah

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  4. Olá Meninas! Bom dia, e bom fim de semana
    À menina Helena tenho a Informar que o meu magusto em Góis foi péssimo.Terminada a actuação dos Ranchos folclóricos, era hora de dar início ao magusto, o que foi cumprido.Mas um senhor que não colaborar, e começou dar-nos uma chuvinha, bastante molhada que até o lume nos apagou, o S.Pedro é assim!
    Mas não me venceu porque o magusto foi realizado no sábado seguinte em Azeitáo na companhia de familia e alguns amigos, com a mesma tradição de sempre inclusive assadas com caruma, com jeropiga, água pé com 13º e até com enfarruscadelas, e como seria óbvio com castanhas de Góis.
    À menina Alcinda
    Informo que é realmente tradição a C.M.G. ofertar o magusto com água-pé a todos os presentes. Dia 1 de Novembro em Góis realiza-se uma pequena feira de produtos regionais, como a castanha,o mel noz,figos licores etc. Apelidáda de feira do mel e da castanha. Há uma degustação de mel,é premiado o apicultor produtor do mel eleito como o melhor.Há desfile de grupos musicas tradicionais etc.
    É dia de festa na vila, e por tudo isto eu nunca falto a este dia em Góis. Fiz uma pequena demonstração com fotos e vídeos no álbum do meu blog. É um dia com muita actividade na Vila, vale a pena visitar.Serão minhas convidadas se decidirem visitar Góis, não só neste dia como em qualquer outra data.
    À menina pascoalita
    Aquele sorriso, gosto muito dele,acho que é parecido com o meu (amarelo)ihihih
    Essa de "britar ouriços" (assim se diz na minha terra) com um calhau é bem comum onde quer que haja castanheiros e em especial quando são do vizinho.Que bem me recordo do tempo em que percorria os soutos na procura dos tais pequenos castanheiros que brotavam por entre as folhas caducas e que quando arrancados traziam uma bela castanha agarrada a raiz.
    Belos tempos, e que bom que é poder-mos aqui ir relembrando as nossas origens, a nossa meninice,
    falando das tradições das nossas terras, é muito gratificante.
    Um obrigado a todas
    beijos
    Acácio

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  5. Acho que o Acácio fez uma descrição muito completa dum magusto típico desta região. Nem sequer esqueceu aquele pormenor das castanhas "paridas". É mesmo assim que se diz. Surpreendente foi aquela revelação acerca do magusto colectivo promovido pela Câmara em conjugação com alguns produtores de castanha. Um bom exemplo!

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  6. Olá, amigo Acácio!

    Boa a descrição, fazendo reviver a infância e os costumes da terra.

    O meu comentário, aqui vai:

    É sempre boa a lembrança
    da vida na terra natal.
    Lembrar tempos de criança
    nunca nos fizeram mal!

    Lembram-se os familiares
    e a vida de antigamente,
    as sortes e os azares
    de toda aquela gente.

    Todo o motivo é aproveitado
    para estar junto dos seus.
    Nem que seja um só bocado
    estarão juntos, com Deus!

    Nossa terra não olvidamos!
    Lembra-nos a todo o momento!
    É lá que sempre voltamos
    nem que seja em pensamento!

    Abraço,
    João Celorico

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  7. Gostei do seu texto, e do lembrar da lenda de S. Martinho. Sabe que até hoje eu não entendo a ligação do Santo e do milagre de que fala a lenda, com a tradição de comer castanhas nesse dia?
    Um abraço e boa sorte.

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