Não gosto de assar castanhas. Queimo sempre as minhas mãos e nada fica em condições: umas estão mal assadas, outras parecem carvões! No entanto, adoro participar em magustos. Tenho amigos que são mestres, mas nenhum como o Armando quando escolhe a velha casa do Malhadoiro. Ele põe tudo a trabalhar! Primeiro, golpeamos as castanhas. Metemo-las, depois, num balde de água fria para não ficarem rijas e aguardamos meia hora.
É desta pausa que eu gosto. Por norma, comemos um queijo da serra bem fresco com broa caseira e bebemos um tintinho da pipa do Armando. Ele dá o vinho, o resto levamos nós. É sempre assim!
À hora certa, grita ele: - “Alto e pára o baile! Vamos escoar as castanhas”. Num ápice, despeja a água do balde. Nisto, mete a manápula na salgadeira do porco (ele ainda a usa, como antigamente), apanha um punhado de sal amarelado, bem rançoso, e atira-o sobre as castanhas. Agita, depois, o balde várias vezes, para que as castanhas fiquem babadas de sal e deixa tudo a marinar por meia hora. Comemos, então, o resto do queijo, bebemos mais um tinto, contamos umas histórias, discutimos futebol e sei lá que mais!
Chegada a hora, o Armando pendura o assador nas correntes enferrujadas da lareira, onde o lume já crepita. A partir daqui, só ele manda nas castanhas. Ele é que chocalha o assador, põe lenha, retira um tanganho, compõe o lume, sobe as correntes… eu sei lá! Tanta coisa! Tudo na altura certa! As castanhas ficam sempre alouradas, salgadinhas e tenras. Uma delícia! Nunca ficam queimadas como as minhas. No fim, o Armando atira-nos sempre esta, com vaidade: “ Vocês não percebem nada de castanhas! Isto tem os seus truques.”
Normalmente, acompanhamos as castanhas com água-pé. Sempre dá para beber mais um golito. Temos medo da jeropiga por ser muito saborosa, mas também muito matreira! Se não houvesse Polícia….
É desta pausa que eu gosto. Por norma, comemos um queijo da serra bem fresco com broa caseira e bebemos um tintinho da pipa do Armando. Ele dá o vinho, o resto levamos nós. É sempre assim!
À hora certa, grita ele: - “Alto e pára o baile! Vamos escoar as castanhas”. Num ápice, despeja a água do balde. Nisto, mete a manápula na salgadeira do porco (ele ainda a usa, como antigamente), apanha um punhado de sal amarelado, bem rançoso, e atira-o sobre as castanhas. Agita, depois, o balde várias vezes, para que as castanhas fiquem babadas de sal e deixa tudo a marinar por meia hora. Comemos, então, o resto do queijo, bebemos mais um tinto, contamos umas histórias, discutimos futebol e sei lá que mais!
Chegada a hora, o Armando pendura o assador nas correntes enferrujadas da lareira, onde o lume já crepita. A partir daqui, só ele manda nas castanhas. Ele é que chocalha o assador, põe lenha, retira um tanganho, compõe o lume, sobe as correntes… eu sei lá! Tanta coisa! Tudo na altura certa! As castanhas ficam sempre alouradas, salgadinhas e tenras. Uma delícia! Nunca ficam queimadas como as minhas. No fim, o Armando atira-nos sempre esta, com vaidade: “ Vocês não percebem nada de castanhas! Isto tem os seus truques.”
Normalmente, acompanhamos as castanhas com água-pé. Sempre dá para beber mais um golito. Temos medo da jeropiga por ser muito saborosa, mas também muito matreira! Se não houvesse Polícia….
Escrito por José Pinto, do Blogue Cabeça Web
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Ora aí temos um magusto à maneira! A isto chama-se um verdadeiro e tradicional "magusto convívio" em que castanhas, acompanhamento e convivas estão ao mesmo nível (bem, digamos que o Armando sempre fica um degrauzito acima dado ser um "assador profissional" eheheh)
ResponderEliminarGostei muito do texto ... desconhecia esses truques e não sei se o Armando irá gostar que os tenha divulgado eheheh
Mas da próxima vez que asse castanhas, tentarei ser mais meticulosa, embora a minha realidade ser bem diferente da do Armando e seus Amigos.
jinhos
Oh José é um privilégio ter um expert como o Armando a assar castanhas!Olhe que também tem os seus segredos!
ResponderEliminarMas a pretexto de preparar as castanhas lá vai um queijinho da serra!!! E genuíno com certeza...e bem regadinho!!!
Não é o magusto tradicional,mas cumpre a tradição do são convívio à volta de uma lareira.
Gosto do seu texto.
Um abraço
Alcinda
Convido a passar um magusto na minha aldeia.
ResponderEliminarAlvoco da Serra-Beira Alta a 8km de Seia.
É digno de se ir ver a paisagem serrana na sua pujança, a gastronomia e, a sua história que é contada numa casa típica.
A ver.
Olá Pascoalita
ResponderEliminarO segredo do Armando, para lá daquele tempero original, reside no facto de saber abanar o assador na hora certa. Ele tem o instinto, o sentido da oportunidade. Aquilo nunca falha! À conta disso, é uma vítima: tem de assar as castanhas. O Armando é uma pessoa com muito sentido de humor que dispõe bem o grupo.
Bjs
Olá Alcinda
ResponderEliminarO tal queijinho é sempre genuíno e fresco. É o chamado queijo de prato. Toda a gente se atira a ele antes de comer as castanhas. É acompanhado com vinho tinto maduro. Com as castanhas bebemos água-pé, para não perdermos o juízo! Não vá o diabo tecê-las...
Um abraço
Ergela
ResponderEliminarConheço Alvoco da Serra. Fica aqui bem perto. Fui lá de propósito, há uns meses atrás, para adquirir a "Monografia de Alvoco da Serra", do Cónego António Mendes Aparício. Trata-se de uma obra muito completa, onde são relatados pormenores interessantíssimos que nos fazem compreender, também, os costumes das aldeias vizinhas.
Obrigado pelo comentário.
Olá amigo José!
ResponderEliminarPronto,tá feito.Po ano,vou ao Magusto onde esteja o Armando para experimentar as castanhas feitas por ele.Mas confesso que vou mais por causa do queijinho da Serra :)
Jocas gordas
Lena
Olá, José Pinto!
ResponderEliminarPara o seu texto tão simples mas tão real, cheio de termos "técnicos" da vida rural, e do são convívio, aqui vão uns alinhavos:
Não gosta de as assar,
mas gosta de as comer.
Seria de envergonhar,
mas aqui o vem dizer!
Meu caro amigo, José Pinto,
no meio desta bela estória
por aquilo que vejo, e sinto,
é do Armando toda a glória!
Se não fosse o seu saber,
e ele certinho dar o tom,
os amigos só iriam beber.
Isso, havia de ser bom!!!
Eu, se mo permitirem,
acho que seria melhor
uma estátua erigirem
ao Armando, “O Maior”!
É amizade a rodos,
não há mal nenhum!
É, “um por todos
e todos por um”!
A preparação foi um primor
tudo certo, sem engano.
Para o Armando um louvor,
um adeus e até pr’ó ano!
Um abraço,
João Celorico
Amiga Lena
ResponderEliminarBoa ideia! Para a próxima estamos lá todos. O tal queijito não irá faltar no magusto. Mais: garanto à Lena uma barrigada de riso à custa do Armando.
bjs
Essa é uma técnica de assar castanhas de que nunca tinha ouvido falar.
ResponderEliminarVivendo e aprendendo, não é verdade?
Olha, olha, um "assador" igualzinho ao do meu avô Jacinto!!! Tens muita sorte em ter um amigo assim, perito a assar petiscos, com sentido de humor e amigão.
ResponderEliminarEu cá quando era pequena costumava ir à feira no carro do armando ... era um bocado a pé, outro andando ... eheheh
dentadinhas
Correntes enferrujadas
ResponderEliminarOu as vulgo "cambalheiras"
Que havia em todas as casas
Penduradas nas lareiras
E sobre a acesa lareira
O fumeiro ia secando
E na nossa cabeleira
O molho ia pingando
Hoje nada é como outrora
O mundo está sempre a mudar
O o mesmo se dirá do agora
Quem ao amanhã chegar
Ó josé Pinto assim também eu cantava de galo,ter um profissional tão bem qualificado e pelo que me parece já com longa experiência na arte de assador de castanhas e com algum humor pelo meio, um amigo assim há que estima-lo Assim se diz na minha terra cada roca com seu fuso cada terra com seu uso. Claro que o Armando devs ser mantido ao comando. Porque quem sabe sabe! o resto são cantigas. Bom é realmente o saudavel o convivío entre pessoas que têm na sua vivência a arte de fazer amigos.
ResponderEliminarSinceramente gostei muito do seu texto.
Parabéns, optima escolha.
Um abraço
Acácio
Olá João Celorico
ResponderEliminarAs quadras que aqui deixou não são propriamente uns alinhavos, mas uma obra-prima com imaginação, sabedoria, boa rima e muita graça. Soube glosar a figura do Armando e a minha falta de jeito para assar castanhas.
Obrigado pelo comentário.
Um abraço.
Olá Júlia
ResponderEliminarTenho a certeza que o Armando daria uma boa ajuda na assadura daquelas castanhas da sua escola de Loures. Pelo menos, não as deixaria queimar. Quem sabe, sabe!
Agradeço o seu comentário.
Amiga Cusca
ResponderEliminarGrande brincalhona! Com que então, o meu assador é igualzinho ao do tio Jacinto?!eheheh! Ainda me não esqueci daquele protagonista da tua história, quando lançou um molho de notas para o borralho da fogueira. Se tivesse um assador, tinha-as assado!
Gostei do teu comentário bem humorado.
Como já vem sendo hábito, o texto é fantástico.
ResponderEliminarO que eu possa escrever, não vai ganhar qualquer prémio, nem acrescentar nada, porque os comentários que antecedem o meu, são muito bons. Gosto em especial do João Celorico.
O Armando é que pode não gostar muito da publicidade, porque para o ano terá que assar mais castanhas e levar mais tinto da sua pipa.
Mas o magusto é isto mesmo, mais uma desculpa para conviver e estar entre amigos.
Não percam esta tradição.
E se houver lugar para mais um...
Eu adoro tradições.
Principalmente nesta altura do ano e se foram assadas pelo Armando, tanto melhor.
Olá Pascoalita
ResponderEliminarFez bem ter trazido à liça o saudoso fumeiro e as "cambalheiras" com três quadras bem rimadas e com boa métrica. Sabe que eu não conhecia o termo "cambalheiras"? Ando sempre a aprender! Após uma breve pesquisa, encontrei a sua equiparação às "correntes de pendurar" neste Glossário sucinto digitalizado.
É um livrinho precioso on-line que podemos consultar, página a página. No que deu esta pesquisa! Já o adicionei aos "favoritos".
Sempre a aprender!
Sabe que mais? Tenho saudades duma chouricinha dos tais fumeiros! Que cheirinho! Que sabor!
Amigo Acácio
ResponderEliminarÉ como diz. Os magustos servem, essencialmente, para cimentar as amizades. São, também, um bom pretexto para suavizar o ambiente negativo que perpassa o país. Os magustos de Góis, pelos vistos, têm honras muncipais, mostrando que a gastronomia local tem um apoio de peso. O Acácio gosta de participar, provando que gosta da sua terra e visita-a sempre que pode. Já agora, devo dizer-lhe que está muito bem servido de gastronomia em Azeitão. As tortas e o queijo dessa zona são muito saborosos. Também o peixe. Há cerca de 2 anos, participei num almoço servido na Estalagem dos Zimbros, muito perto do Cabo Espichel. A ementa foi à base de peixe, escolhida por uns nossos amigos que residem em Azeitão. Acho que nunca comi peixe tão saboroso!
Um abraço
Resposta ao Pinhas
ResponderEliminarAmigo Nuno
Obrigado pelo comentário. O Nuno não falha!
Concordo que estamos perante um excelente grupo de bloguistas neste concurso/brincadeira. Todos demonstram grande fair play, muita sensatez, preparação intelectual e sentido de humor. Aprendo muito com eles. O João Celorico é, de facto, um caso especial. Para além de muito perspicaz na análise dos textos, tem o condão de os saber comentar em verso, duma forma incrível. Ele é fantástico.
Quanto ao Armando dos magustos, para além de grande especialista na assadura das castanhas, é um pândego! (Quem sabe, num dias destes, batemos-lhe ao ferrolho?!...) Só lá falta uma sopinha daquelas que o Nuno comeu no passado domingo, no Festival de Sopas promovido pela ADRUSE em S. Paio, Gouveia. Sopas valentes!
Gd abraço
Sejam queimadas ou mal assadas, cruas ou cozidas,as castanhas fazem promover a harmonia e a amizade entre as pessoas, por isso elejemos a Castanha como o fruto fraterno que faz com que os homens esqueçam as guerras e desavenças.
ResponderEliminarAquecem com o seu calor e dão alento á alma.
Benditas as castanhas fruto vindo de Deus, para nós homens e mulheres e que nem sempre lhe damos valor devido queimando as florestas e matas de Portugal onde o Castanheiro é Rei.
Abraço amigo
Manuela
Olá Manuela
ResponderEliminarO comentário que escreveu espelha bem a sua forma de estar na vida, dedicando o seu tempo à solidariedade social. Reflecte, também, a alegria, o espírito natalício, as cores vivas, o paint shop, a animação e a música que insere nos seus blogues.
No seu entender, tudo o que promove a paz social e a amizade entre as pessoas é um factor positivo. Nem que sejam umas simples castanhas!
Parabéns pelo comentário.
Abraço
Ola Helena,
ResponderEliminarAntes de mais obrigado pela visita aos Gugas, quanto ao convite para participe na Blogagem de Dezembro em principio podes contar comigo( mas tudo depende de um moment de inspiração...lol)
Quanto ao Aldeia da Minha Vida... Gostei..Muito Cool. Adorei o Mel D`Ouro( é que parte da minha família é da....Meda).
E como Bónus pela tua simpatia, meti o teu Link nos Gugas.... Aparece.
Beijosssssssssss DCoric
Olá aos Gugas!
ResponderEliminarAinda bem que gostou :) Volte sempre que quiser.
Ah,a menina administradora do blog,a Susana,é natural da Mêda.Ás tantas ainda se conhecem,ou os familiares conhecem-se :) Coincidência engraçada essa :)
Jocas gordas
Lena
Amiga Helena,
ResponderEliminarNão venho propriamente comentar, mas digo-lhe já que adoro assar castanhas, o seu cheitinho e de as comer com um pitadinha de manteiga ainda bem quentinhas, UMMMMMMMMMMMMM! que delícia.
Um amigo, eu diria comum, especialmente hoje adoraria receber um Joca bem Gorda das suas.
Passe pelo Sempre Jovens, se lhe for possível, claro.
Beijinhos,
Fernanda Ferreira (Ná)
Voto neste belíssimo texto para o prémio castanhas cozidas com mel por cima e canela deve ficarf divinal
ResponderEliminaracabei de inventar.
:-D
csd
Ia jurar que tinha comentado o seu texto. Porém agora não vejo o comentário. Será que o comentei no seu blogue e estou a fazer confusão?
ResponderEliminarE que o tempo é tão pouco e ando tão a correr que já ando toda baralhada.
Gostei muito do seu texto. Na minha modesta opinião um dos melhores. Pela maneira como está escrito, que nos faz sentir e viver o seu Magusto.
De tal modo que a dada altura tive a sensação de que o Armando me estendia uma castanha...
Vou votar neste texto.
Um abraço e boa sorte
Caro amigo, José Pinto, tantos elogios põem-me zonzo!
ResponderEliminarJunto com o meu voto, fico ainda uma pergunta:
Boto aqui ou boto ali?
É o problema que noto.
Desta vez deixo aqui,
aquele que é o meu voto!
E deixe que lhe diga,
com alguma malícia,
se bebesse jeropiga
ainda veria o polícia?
João Celorico