terça-feira, 10 de novembro de 2009

MAGUSTO

Na minha família sempre se fez este "ritual" já secular de se reunir á volta da fogueira, comer as castanhas, carne de porco grelhada, chouriço assado e beber Jeropiga.Como a minha familia materna reside na Beira Alta, mais própriamente em Figueira de Castelo Rodrigo, sempre tive castanhas por esta altura.Mesmo morando em Lisboa desde pequena fazemos o Magusto, só que agora não se faz à volta da fogueira, cozo castanhas e asso no forno ou num recipiente próprio, mas era muito mais engraçado quando eu era menina, estarmos todos reunidos em frente das lareiras ou mesmo no campo, vendo o lume a arder e depois num tacho ou panela velha furada, colocáva-mos as castanhas, ou metiam-se no meio das brasas, quando não se tinha tacho.Ainda me recordo muito bem de fazermos isso em Lisboa num lugar que no passado parecia ser muito longe, pois era um pouco fora da cidade e que hoje já nem percebemos onde fica, pois são tantas as casas e prédios feitos á volta de Lisboa que os terrenos de campo e de trigo com o seu cheiro a terra húmida, já nem existem.Na Vila de Figueira de Castelo Rodrigo ainda se pode fazer um Magusto como manda a tradição, mas como tenho de acompanhar os filhos na escola e o marido tem de trabalhar, nunca vou por esta altura a Figueira, por muito que gostásse.Quem sabe quando formos mais velhos e os filhos já não precisarem de nós.Só que já não será a mesma coisa porque muitos já não existirão e a dita Família que se reunia á fogueira, não passará de 2 ou 3 pessoas.Mas é assim a vida uns partem no Outono da vida, outros ficam para o Inverno.

Bons Magustos.




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11 comentários:

  1. Olá, Manuela

    Também guardo na memória alguns arredores de Lisboa, que nos últimos 30 anos foram cobertos de betão. E lembro-me de um Magusto na quinta do barril, em Lousa, quando a zona saloia era coberta de campos de cultivo e apenas uma ou outra casita. O percurso de Lisboa a Lousa era longo e aparentemente muito mais distante que hoje.
    Bonito texto ... Parabéns

    jinhos

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  2. Os meus magustos são mais recentes e nada têm de tradicionais. :)

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  3. Olá Gi!
    Bem-vinda à Aldeia.
    Então,os seus magustos nada têm de tradicionais?Hum,fiquei curiosa...
    O texto da Manuela lembrou-me das castanhas assadas no forno antigo da minha tia.Depois havia assim o tabuleiro e todos comiamos.Eu menos porque não aprecio castanhas.Mais jeropiga talvez...estou a brincar :)

    Jocas gordas
    Lena

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  4. Olá Manuela
    Eu também tenho essas memórias de serões à volta da lareira a comer carne de porco assada nas brasas, mas castanhas não, não era hábito no Alentejo.
    Mas vou contar-vos um segredo: quando o meu pai ia à caça trazia-nos bolotas! E depois assávamo-las na lareira...lá ficavam os porcos no montado com menos alimento!!!
    De bebidas não me lembro... eramos crianças.
    O seu texto transportou-me à infância e trouxe-me memórias gostosas.Gostei dele!
    Beijinhos
    Alcinda

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  5. Era uma tradição bonita sem dúvida!
    Felizmente posso assar castanhas em casa, nas últimas noites tenho comido uma quantidade razoável...ehehehe!!
    Essa jeropiga devia ser caseira,não?
    Beijinhos!!

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  6. Olá Manuela
    Bom texto, com boas recordações, magusto verdadeiro é na realidade aquele que mantém a tradição, castanhas assados no campo e sempre acompanhadas com jeropiga, ou áua-pé e reunindo a família e amigos á volta da fogueira,se bem que na minha terra ainda hoje as castanhas são assadas com caruma.
    Cumprimentos
    Acácio

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  7. A imagem que ilustra o texto é bem elucidativa do ambiente familiar que as castanhas sempre criam. Na minha aldeia costuma dizer-se que um magusto faz uma boa súcia (convívio, pândega).

    Uma descrição bem conseguida.

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  8. Gostei da palavra Pândega!Upa la la: toca a Pândegar com as boas castanhas e jeropiga à volta da mesa,lareira ou fogueira.Hoje quero ver se vou a um jantar-súcia (adorei essas novas palavras regionais :) ) em casa de amigos.
    Feliz DIA DE SÃO MARTINHO a todos!

    Jocas gordas
    Lena

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  9. Obrigado a todos, ando um pouco adoentada, se calhar um copinho de Jeropiga fazia bem, eheh.
    Abraço grande e obrigado pelos comentários.
    Manuela

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  10. Gostei do texto. Muito bem descrito dava para nós sentirmos o Magusto.
    Boa sorte
    Um abraço

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  11. Olá, Manuela!

    Pois, é! A vida é bela, nós é que damos cabo dela, se ela não der primeiro cabo de nós! Vamos lembrando como era e já não é, e já pensando como será!

    O meu contributo, aqui vai:

    Lembranças da infância!
    Como é bom recordar!
    Encurtam a distância
    de onde queríamos estar!

    É difícil manter a tradição
    e as raízes não esquecer,
    neste mundo em convulsão
    onde é tão difícil viver!

    Relembremos nós o motivo
    de nossos tempos de criança.
    Enquanto ele estiver vivo
    haverá sempre esperança!

    E são estas tradições,
    se o sentimento for puro,
    o que aquece os corações
    e faz acreditar no futuro!

    Abraço,
    João Celorico

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