Falar de castanhas é recordar o Padre Eduardo, o melhor cristão que já conheci, pároco da aldeia beirã do Concelho de Trancoso, onde nasci e vivi a infância.
Das tias herdou um grande soito, situado no cimo de um monte, contíguo ao campo de futebol, cujo terreno ele cedera, proporcionando enorme alegria à rapaziada local.
Mal os ouriços começavam a sorrir, o Toninho, seu protegido desde que ficara órfão em criança, montava guarda ao soito e por lá passava os dias apanhando a castanha. Por altura do S. Martinho, o padre Eduardo reunia um grupo de crianças e em conjunto faziam a caminhada enquanto iam, rezavam o terço, monte acima. Lá chegados, enquanto alguns ajudavam na apanha da castanha, os outros juntavam caruma em pequenos troncos que recolhiam no pinhal próximo e em grande animação acendiam a fogueira para o magusto. No fim do dia, os voluntários carregavam o saco com as castanhas que sobravam e fazia-se o caminho de regresso ao som de mais umas "Avé Marias".
No Departamento onde trabalho comemoramos o S. Martinho com um magusto reforçado, que inclui: Castanhas vindas directamente do produtor da zona da Guarda ou Viseu; jeropiga caseira da Beira Alta e Minho; presunto de Chaves ou da Mêda; chouriço de Arouca ou Alentejo; queijo de ovelha de Celorico da Beira e Castelo Branco; Água-pé clandestina oriunda de um tasco, cujo nome não revelo nem à lei da bala e uma ou duas sobremesas (receita das ninas do grupo pascoalita e africana).
Mas agora me lembro que temos o S. Martinho à porta … vou deitar o olho ao saco e ver o que temos para o magusto deste ano eheheh
Mas agora me lembro que temos o S. Martinho à porta … vou deitar o olho ao saco e ver o que temos para o magusto deste ano eheheh
Escrito por Pascoalita
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Olá Pascoalita
ResponderEliminarQuem dera termos por estas bandas um Padre Eduardo igual ao da sua terra! É que agora, já ninguém dá nada. Esse ainda oferecia as castanhas que herdou das tias.
Categoria tem essa celebração do S. Martinho no seu Departamento: são só produtos seleccionados! Se estivesse por perto, dava-me por convidado!
Gostei muito do texto.
Abraço
Olá Pascoalita
ResponderEliminarUm magusto no seu departamento com tanta categoria como o vosso, eu também gostsva de assistir, mas a casamentos e batizados só vai quem é convidado!.
Talvez assim até desse para por de lado as castanhas e ficar pelo acompanhamento.
E assim muito baixinho de forma que ninguem nos oiça, diga lá onde fica a tasquinha da áua-pé
Eu só quero fazer uma vizitinha. obgrigaaado....
Gostei muito do seu texto.
Abraço
Olá Pascoalita
ResponderEliminarEssa recordação do magusto da sua infância é muito comovente!
O padre Eduardo sabia cativar as crianças e jovens usando o soito das suas tias!Depois das castanhas, as avé- Marias...
Agora quanto ao magusto actual, ele é de luxo!
Tudo produtos seleccionados!!!Mas Portugueses, o que me agrada muito!
Gostei do seu texto que casa as recordações de infância com as "mordomias" dos tempo modernos...
Boa sorte
Bjs
Alcinda
Olá, José Pinto :)*
ResponderEliminarO Padre Eduardo andava sempre rodeado de crianças. Aos Domingos, depois da missa os catraios dirigiam-se à sacristia e recebiam 4 ou 5 rebuçados como gratificação por terem comparecido eheheh
Mas lembro-me que não o fazíamos apenas pela dádiva, mas conseguia incutir em nós o prazer pelo aspecto religioso.
Na aldeia era considerado um SANTO! Durante toda a sua vida de sacerdote, abdicou de receber ofertas do povo.
jinhos
Acácio Moreira,
ResponderEliminarEste ano, a maioria dos ingredientes do Magusto foram pagos por mim. O pessoal andava demasiado ocupado fazendo horas extraordinárias e não se deslocaram às origens, pelo que eu própria tomei a iniciativa de adquirir e custear quase tudo!
Até o Big Boss compareceu e foi animado. As castanhas na "Cloche" (vulgo patusca) ficaram excelentes!
Dispomos ainda de um saco delas que um colega trouxe à última hora e tencionamos repetir a dose um dia destes eheheh
O Tasco fica mesmo na esquina, junto da minha chafarika ... passas as escadinhas que dão acesso ao bairro e é a 1ª porta à esquerda. Aproveita para comer um pastelito de bacalhau que são deliciosos ... se não houver, faz como a outra e fica-te por um copito de aldeia nova eheheh
jinho
Alcinda,
ResponderEliminarSabia sim, cativar as crianças!
Naquele tempo havia apenas 2 ou 3 televisões na aldeia, uma era dele. Os jovens da aldeia passavam as tardes de Domingo em sua casa a ver televisão ou a ouvir palestras e próximo da hora do Terço, partíamos em grupo a rezar pelo caminho até à Igreja. Era raro o Domingo que não havia pike-nikes no seu jardim.
Em Agosto, por altura da Feira anual de S. Bartolomeu em Trancoso, subíamos a serra, a pé, cerca de 5 km, acompanhado por 1 ou 2 dezenas de crianças e íamos rezando o terço pelo caminho. Pagava uma ou 2 corridas nos carrinhos a cada criança, comprava uns chupa-chupas e voltávamos a descer a serra. O seu carro, um dos poucos que havia na aldeia, um Renault 4, andava sempre cheio de crianças.
Era um Padre muito compreensivo, muito humano, muito respeitado tanto pelos adultos, como pelas crianças.
Constava que aquando da sua ordenação, o Bispo o quis colocar longe da sua terra natal com o argumento de que "santos da terra não fazem milagres", receando que o povo não pagaria a "côngrua", na altura obrigatória.
Como herdara alguns bens, terá então abdicado de receber esse contributo do povo e excepcionalmente foi autorizado a ficar na paróquia.
Recordo com carinho e muitas saudades o Senhor Padre Eduardo.
Jinhos
Apesar de Portugal ser relativamente pequeno, como são diferentes as tradições das "regiões da castanha" quando comparadas com as "regiões da bolota"!
ResponderEliminarPelo menos no seu departamento também se comem chouriços do Alentejo...
Beijinho alentejano
Gostei do texto. Me recordei quando era menina. Minha avó sempre mandava uma encomenda de castanhas pelo comboio. Castanhas que ela mesma apanhava nos castanheiros que tinha atrás da casa na Trapa, S.Pedro do Sul.
ResponderEliminarE no S. Martinho meu pai fazia uma cova na terra em frente ao barracão e acendia uma fogueira com a caruma que eu e meus irmãos juntávamos. Era nessa fogueira que ele assava as castanhas. E sabe o que mais nos entusiasmava? O estoiro que se ouvia quando o sal caía no lume. Fazíamos uma festa.
Boa sorte.
Um abraço
Olá Pascoalita!
ResponderEliminarBem,o Padre Eduardo seria daqueles sacerdotes que ficam nos nossos corações e nos dão vontade de saber mais sobre a religião em si,pela simplicidade com que ensina e também pelo seu carácter generoso,humilde e brincalhão...
Ah,já assinei a petição "Para o ano,a Aldeia vai ao Magusto do Departamento da Pascoalita!"
Jocas gordas
Lena
Olá, Pascoalita!
ResponderEliminarPois, bem, um grande bem haja a todos os padres Eduardos, ou não, que "apascentam" os seus rebanhos dessa maneira e dentro dos princípios que apregoam!
A ele, esteja lá onde estiver, e ao texto que termina bem comido e melhor bebido, cá vai:
Um padre cura de antanho,
coisa rara hoje em dia,
lá levava o seu rebanho
pr’a subirem a serrania!
E a criançada, lá ia,
rezando com fervor:
-Padre Nosso, Avé Maria!
Até à “vinha do Senhor”!
Depois da castanha comida,
como cristão que se preza,
empreendia-se a descida
e lá ia mais uma reza!
E assim o senhor prior
ia entretendo os petizes
eles lhe pagavam com amor
e ficavam todos felizes!
Assim desfazia a herança,
a ele deixada pelas tias,
e levava cada criança
a rezar umas Avé Marias!
Todo o povo o adorava
e ele retribuía com amor,
pois se ao povo agradava
também agradava ao Senhor!
O mesmo não posso dizer
do tal magusto reforçado.
Só pensam em comer,
embora não seja pecado!
Peço pr’a ser desculpado,
desculpa a mim não devem,
por só agora ter reparado
que, afinal, também bebem!
Para comigo ficar de bem,
para os que me acreditam,
que já pr’ó ano que vem
a mesma dose repitam!
Um abraço,
João Celorico
PASCOALITA!
ResponderEliminaronde anda escondida a aniversariante? Hum?
Pessoal,toca a procurar a menina Pascoalita.Hoje,faz anos uma Escorpiona muito querida da Aldeia.Todos a postos?Vozes afinadas?Um dois três!Toca a cantar:
Parabéns a você,nesta data querida,muitas felicidades,muitos anos de vida.Hoje é dia de festa,cantam as nossas almas,para a menina Pascoalita,uma salva de palmas!De toda a Aldeia!!
Muitas felicidades
Jocas gordas
Lena
Pascoalita!
ResponderEliminarVim trazer um abraço de Parabéns. E desejar que este ano que hoje começa seja sempre lembrado como um dos mais felizes da sua vida.
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Parabéns
Um abraço
Obrigada, meninas :)*
ResponderEliminarEstive a festejar, pois então?!
Já cá conta mais um anito ... foi um dia emocionante. Costumo fazer gazeta neste dia, mas este ano buli bastante, mas foi divertido mesmo assim.
jinhos
Parabéns!!! Este Blogue é super interessante :) Parabéns à Pascoalita
ResponderEliminarApesar de atrasado (já é sina), não quero deixar de lhe enviar o meu abraço de PARABÉNS e aproveitar para agradecer a sua visita ao meu novo blogue.
ResponderEliminarQue esse dia se repita ainda por muitos anos, na companhia dos seus, com magustos, com saúde (essencial) e se puder ser com alguns cobresitos não fará nada mal!
João Celorico