segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

QUEM VOS DISSE QUE ERA ASSIM? O AVÔ.


Em louvor do ilustríssimo Afonso De Albuquerque:

Andamos a desfilar de baldes na mão
Numa terra longínqua desenhada no mapa
Pisamos o chão entre vitórias e derrotas
Atracamos a identidade junto ao Estreito de Malaca.
Ouve-se: olha o balde...
Responde-se: venha ele
E depois... ai! Sente-se.
Os pescadores continuam a lançar a rede
As mulheres continuam a cozinhar o peixe
As crianças brincam ao peão
E dançam ao som do malhão, malhão.
É assim a nossa tradição,
Que resiste de geração em geração.

Somos os portugueses de Malaca, e vivemos do outro lado do mundo, no Oriente. Chamamos ao Carnaval – Intrudu (festival da água) e no dia 14 de Fevereiro vamos sair para as ruas com baldes de água na mão como se vive aqui a tradição. O encharcamento simboliza a última oportunidade que temos para nos divertimos antes da purificação (o período Santo da Quaresma).

Texto e poema elaborado com a Professora : Cátia Bárbara Candeias e os alunos nas aulas de português – Bairro Português de Malaca, do blog Portugueses de Malaca

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20 comentários:

  1. Aulas de português? Senhora professora, terá de dizer aos seus alunos que as crianças não brincam com o «peão», mas, sim, com o «pião»!

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  2. Agradeço a rectificação. Poderá ver uma das minhas alunas a brincar com o pião.

    http://povos-cruzados.blogspot.com/2009/11/brincar-ao-piao-jogo-infantil-popular.html

    Cátia Bárbara Candeias

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  3. Perdoem-me, mas gostaria de acrescentar um comentário ao senhor anónimo que apenas soube (apesar de bem) corrigir a ortografia da palavra 'pião'.Primeiro, uma pessoa que se apresenta como 'anónimo', para mim, nunca é de muita confiança (e por escolha dela própria) - porque esconderá o nome? Então, agradecendo o seu comentário (embora, com certeza que a Cátia sabia como se escrevia, foi uma gralha gráfica, como imagina), tenho pena que não tenha sabido avaliar absolutamente mais nada do excelente trabalho que ela está a fazer. Não vou escrever mais porque gosto de conversar sabendo com quem falo, e não o costumo fazer com anónimos. perdoe--me se fui bruta, escrevendo, mas acho que foi merecido. Muito atentamente, da uma outra pofessora de Português, que não só sabe soletrar, mas também tenta ser correcta, no falar... Maria Cristiana

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  4. Ah, desculpe senhor anónimo, no comentário acima, na antepenúltima linha, escrevi mal e apareceu 'da uma outra professora...' é óbvio que eu queria escrever 'de uma outra professora de Português...'. como imagina, não preciso da sua correcção, mas para lhe evitar o trabalho de corrigir, vai já aqui a 'errata'. Muito obrigada pela atenção.

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  5. :) Vê Sr. Anónimo no que se meteu.Olhe que as professoras são feras.(e digo isso sem ironia,nem maldade,apenas para aliviar a tensão).Concordo plenamente com a Maria Cristina.E acho que todos os anónimos que deixam comentários,poderiam pelo menos assinar os mesmos.Se foi por lapso ou esquecimento,peço as minhas desculpas,pois esquecimentos e gralhas,pode acontecer a qualquer um.Posto isto de parte,já fui e voltarei sempre que puder,visitar o blog Portugueses de Malaca,pois se pudesse,visitava-os ao vivo aí.Como não posso,vou vendo o excelente trabalho que estão a desenvolver e a conhecer Malaca e o seu povo através dos vossos olhos.

    Jocas gordas
    Lena

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  6. " Quem nunca errou que atire a primeira pedra..."
    Cátia
    Apreciei bastante o trabalho que estão a desenvolver aí em Malaca. Continuem...
    Beijinhos
    Lourdes

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  7. Pondo de parte as "gralhas" e os anonimatos e as professoras de Português (salvo seja) que nada são, comparadas com as que virão depois do novo "Acordu ortugráficu" (até a Lena já se dá ao luxo de trocar os nomes das pessoas. Ponha lá mais um "a" na Maria Cristina, s.f.f.), cá vai a minha contribuição para a nossa dádiva de dar novos mundos ao Mundo! Bem hajam!

    Ao Grande Afonso o louvor
    por mor de suas façanhas
    em nome do Rei seu Senhor
    e tais proezas, tamanhas!

    E estes Povos Cruzados
    nada são mais, afinal,
    do que laços, enlaçados,
    no Mundo, por Portugal!

    E se a nau de Portugal
    em todo o mundo atraca,
    também deixa seu sinal
    na boa terra de Malaca!

    Os pescadores lançam a rede,
    as mulheres cozinham o peixe
    seus filhos bebem, com sede,
    o que o português lhes deixe!

    Lançam, apanham o pião,
    e parecem ter, afinal,
    bem lá na palma da mão,
    este pequeno Portugal!

    Ainda dançam o malhão,
    nossa dança regional,
    mantendo a tradição
    do nosso torrão natal!

    Todos de balde na mão,
    vivem o encharcamento,
    antes da purificação
    que eleva o sentimento!

    E, é assim que, no Oriente,
    se honra o nome de Portugal
    brincando de modo diferente
    um tal de Intrudu (Carnaval)!

    João Celorico

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  8. Deu-me uma de purista da linguagem e parece-me ficar mais explícito o 5º verso, tal como segue:

    Lançam, apanham o pião,
    e parecem ter, afinal,
    girando na palma da mão
    este pequeno Portugal!

    João Celorico

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  9. Caro João,

    Em papia portugis di Malaca dizemos:
    Bos teng palabra mutu alegri. Lingu di Portugal. Mutu grandi merse.

    Gostámos muito do que escreveu. Se me permite gostaria de divulgar no nosso blog.

    Fizemos em conjunto um pequeno texto para a Aldeia da minha vida:

    Lá longe na Aldeia...
    Na Aldeia da minha vida
    aprendemos sobre o carnaval.
    Na Aldeia da minha vida
    lemos a língua de Camões.
    Aqui perto na Aldeia...
    A aldeia da minha vida
    voltaremos a visitar.

    Aldeia
    minha,
    nossa,
    vossa,
    deles.

    A Aldeia da nossa vida é aliciante.

    Bem hajam!
    Aguardamos notícias.

    Cátia Bárbara Candeias

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  10. Olá!
    1º uma mini pergunta: Amigo João,onde é que eu troquei os nomes,já não vejo bem?É que a menina Maria Cristina tem lá o "a" todo inteirinho no nome todo.Ai ai ai...Estou confusa,estou perdida.Vou pedir férias :p
    Um Obrigada/o Enorme aos alunos e aos Portugueses de Malaca e aos professores que estão lá,assim como a Cátia Bárbara Candeias pelo comentário-dedicatória à Aldeia da Minha Vida.Está tudo aqui babado :)

    P.S.: Quem não vai escapar também um dia a uma dedicatória é o menino poeta da Aldeia,ehehe..e mais nao digo ou ele ainda ralha comigo :p

    Jocas gordas
    Lena

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  11. Ai! Ai! Ai!
    A Lena está mesmo a pedir férias.
    Atão nã se tá memo a ver que na é Cristina mas sim CristiAna?
    Leu bem????

    Jocas de bom português!!!

    João Celorico

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  12. Pois,eu não fui mais acima ver o nome da menina.Tinha ficado na ideia que era Cristina e procurava se tinha posto uma borracha num "a".Afinal,já encontrei o malandro.Portanto,fica a emenda: concordo com a menina Maria Cristiana! Desculpas à menina por lhe ter momentaneamente trocado o nome.
    Amigo João,peça aí umas férias para mim aos meus superiores,alegando troca de nomes devido a cansaço extremo.Pode ser que eles aceitem,ihihi..
    Hoje ainda por cima tem sido um dia Não: enganos da PT,caldeira de casa maluca,tudo ao mesmo tempo. :/

    Jocas gordas
    Lena

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  13. Olá!
    Não conhecia este blogue! Dizer que gostei, é pouco. Adorei! Interessante esta maneira de brincar o Carnaval, desconhecia completamente. Daqui vou até Malaca...
    Bj
    Mena

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  14. Oh, Helena, pelo nome a e falta do A, não faz mal, eu entendi logo ... até já tive um B.I. com Cristina, acreditam? E em Portugal...
    Gostei muito de ler todos os vossos comentários e ajudas, estamos sempre a aprender, sobretudo eu, há 10 anos a ensinar fora de Portugal, 3 anos em Timor e os restantes aqui, numa universidade em Kuala Lumpur. Aproveito para vos convidar a visitar K.L., e tenho a certeza que a Cátia nos ajudaria, estilo cicerone, numa visita a Malaca, cidade de que gosto muito. venham visitar-nos! Nós vos ajudaremos! Até sempre! aqui na net, na Malásia, ou aí em Portugal! Maria Cristiana

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  15. Ah, outro comentário, Sr. João e Cátia, estou a gostar dos poemas, assim tipo um traz o outro... e vamos lendo mais um pouco do creoulo de Malaca. Já agora, sabem que a Cátia tem um Jornal na net, feito poe ela e alguns 'alunos' de malaca? Chama-se 'Pepel di Nobas', e é uma óptima oportunidade para nós tentarmos perceber a língua que os nossos antepassados aqui deixaram, entretanto com algumas influências temporais e locais. Desculpem se falo de mais em Malaca, mas estou aqui muito perto... Até...

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  16. Olá Aldeia criativa :)

    Gostei de ler os comentários, deixo-vos na Aldeia um excerto de um poema em nome de Patrick Da Silva, português de Malaca:

    Ozi dez di Jun (Hoje dez de Junho)
    Dia di Portugal (Dia de Portugal)
    Selebrasang di tudo genti(celebração de toda a gente)
    Di nasanhg ki teng igual (de nações iguais)
    Korsang cheu di saudade (Coração cheio de saudade)
    Ki nos acha juntu (que nos une)
    descendente di isti nasang (descendentes desta nação)
    Na isti parti di mundo (nesta parte do mundo)
    Tantu tempu jah passa (Tanto tempo já passou)
    Mas, korsang nunca skiseh (mas o coração nunca se esquece)
    Kustimi, relijiang ki nus jah resebeh (Costumes, religião que recebemos)
    Logu guarda ati mureh (são logo guardadas até à morte)
    Salva, Deus Salva Kum Terra di Portugal (Salva, Deus Salva a Terra de Portugal)
    Salve, Deus Salva Kum Terra di Portugal (Salva, Deus Salva a Terra de Portugal)

    Patrick Da Silva

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  17. E pronto,já fiquei com vontade de sair do escritório e pegar num avião.Culpa vossa :p Ir até Malaca,Kuala Lumpur (não é aí que havia a/o maior torre/prédio do Mundo?) Bom,se esta 6ª ganhar ao Euromilhoes,prometo que dou um saltinho nessas duas localidades :)

    Jocas gordas
    Lena

    P.S.: Muito obrigado ao Patrick.Se ele deixar,no dia 10,havemos de voltar a postar o poema dele aqui na Aldeia.Beijocas!

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  18. Olá, Cátia!
    Eu é que agradeço o comentário (deduzo que não seja a chamar-me nomes) mas não sou tão letrado assim para o perceber.
    Não sou professor mas, de certa maneira, já o fui aí por essas bandas, em Mormugão, na India. As pessoas sentem a ligação a Portugal e estão ávidas de saber o que os liga ainda. É uma boa experiência. Normalmente mais enriquecedora moralmente, do que económicamente, mas vale a pena. É fora deste cantinho que nós o sentimos mais!
    Quanto ao seu pedido, embora não tenha sido feito em papel selado (agora já não se usa) foi deferido! Utilize-o à vontade!
    Sempre lhe digo que para mim é uma honra, para mais aqui até já me tratam por senhor.
    Na Aldeia têm sido umas ingratas, tratam-me abaixo de cão, até me arranjaram um blogue só para eu lhes largar a loja.
    Bem, chega de brincadeira que o Carnaval já passou.
    Continuação de bom trabalho e até sempre,

    João Celorico

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  19. Boa tarde, Helena Teixeira. Infelizmente, o sr. Patrick da Silva faleceu, há 4 anos. Tive o prazer de ainda o conhecer e de ter, temporariamente, os seus escritos sobre a história daquele bairro, a vários níveis.Apresentei uma proposta de publicação em Portugal, na F.O. que foi deferida. Outro país vai publicar esse livro, perda nossa! É uma pena que, às vezes, não saibamos ou não nos esforcemos por preservar e mostrar o que de melhor temos... blogs como estes ajudam a alertar consciências para que tentemos melhorar nestes campos...
    Venham até cá, sr. João Celorico também, (já esteve na Índia...) e tragam mais pessoas convosco.... Cumprimentos de bem longe...

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  20. Olá Maria Cristiana!
    Se pudesse,já estava aí :) Talvez um dia quem sabe.Os meus sentimentos a todos os entes queridos do Sr. Patrick,cuja obra espero ver e ler um dia.Acho que há fotos dele no Facebook da Associação Malaca,não é?Se é ele,fez-me pensar no Fernando Pessoa :)
    Um grande Bem-Haja a todos vocês!

    Jocas gordas
    Lena

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