Não existe uma aldeia da minha vida como lugar das minhas raízes e das minhas recordações. Tão pouco encontro nos lugares que descubro como viajante, uma aldeia com que me identifique e onde deseje repousar da minha turbulência urbana. Nasci e devo morrer cidatina embora a Aldeia seja a minha vida enquanto cultura e lugar solidário.
É essa atracção pelo porto de abrigo em que somos reconhecidos pelo nome, notados pela ausência e partilhados no silêncio dos afectos que me atrai e identifica.
E quando assim penso encontro um oásis nas minhas recordações. Encontro a Aldeia da Minha Vida nesta travessia nómada dos passos em que os rostos se me cruzam e confundem e me obrigam cansando de tanta expectativa normativa. E foi nesta fuga, em procura espaço e de contemplação, que fui ter a Água Formosa.
Era um dia de Inverno com muito sol, algures no Inverno passado, em que testava os olhos e o novo carro pelo concelho de Vila de Rei.
Atraída pela placa turística fui dar a um lugar único no mundo. Uma aldeia de xisto, incrustada na encosta dos montes, em que o marulhar das águas nos transporta para lugares incomuns nas nossas viagens pela sedução da paz e da combinação do Homem com uma natureza que existe de forma tranquila e hospitaleira.
Aproximei-me mais sem reparar que não havia retorno. Quando dei por mim tinha o carro atravessado numa pequena ponte donde seria quase impossível retirá-lo e nem vivalma se via. E, ainda que alguém viesse, que poderia uma pessoa simples e de muitos anos fazer contra a imprudência de uma louca cidatina?
Aproximei-me mais sem reparar que não havia retorno. Quando dei por mim tinha o carro atravessado numa pequena ponte donde seria quase impossível retirá-lo e nem vivalma se via. E, ainda que alguém viesse, que poderia uma pessoa simples e de muitos anos fazer contra a imprudência de uma louca cidatina?
Saio do carro e vejo que a manobra que fiz para o retirar acaba por comprometer decisivamente a sua saída. Do marulhar das águas e saltitando de pedra em pedra, surge um velho habitante com umas tábuas. Não sabia conduzir mas talvez as tábuas ajudassem…
Da outra casa vem uma senhora de lenço e avental trazendo na mão um caderno com o número do telefone dos bombeiros. E, neste calor da manhã fria, uma divinal ajuda se acrescenta. Um homem novo e ágil propõe-me retirar o carro se eu corresse o risco de alguma amolgadela.
Acedi e após muitas manobras o carro foi recuperado. O meu salvador era policia e trabalhava, tal como sua mulher, em Torres Novas tendo escolhido para viver aquele espaço de forte identidade. Naquele dia tinha ficado em casa por ter o filho doente. Ao vir à janela apercebeu-se que um visitante incauto precisava de ajuda. E não hesitou embora a tarefa não fosse fácil. A cultura de Aldeia faz milagres. Une as pessoas onde a pressão humana as separa.
Água Formosa, a 10 Km do Centro Geodésico de Portugal, tornou-se assim a Aldeia da Minha Vida. Não só pela beleza do lugar mas pelo reencontro com uma cultura que nos aproxima da vida onde a paz e a meditação ditam novas dimensões ao tempo e aos olhares longe do bulício e das competitividades doentias, em que as pessoas se digladiam em palcos de consumo, sem tempo para o amor ou simplesmente para olhar as estrelas que, nestes lugares, brilham tão próximas dos nossos pensamentos.
Escrito por Lídia
Água Formosa/ Torres Novas/ Santarém
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Eu voto no texto Agua Formosa escrito por
ResponderEliminarLídia
É vizinha á minha só pode ser bela!
Adoreo a prosa, parabéns.
Natalia Nuno do
Blog Orquideanegra
Eu voto no texto Agua Formosa escrito por
ResponderEliminarLídia
Blogue Cegueira Lusa
Atenção!
ResponderEliminarSó vou contabilizar os votos deixados nos respectivos espaços de comentário de cada post, se apresentar a seguinte frase:
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Obrigada pela compreensão.
Susana
Lídia , voto com praser neste texto, escrito de forma primorosa. Como sempre fazes -nos viajar , nos intriga e nos comove com tua escrita. Este texto foi assim. Ainda existe pessoas e lugares como este? Voce nos responde.Lindo.
ResponderEliminarLídia porque nao escreves um livro.
Tua escrita é tão cheia de vida, até sobre Filipe , tu ias escrever muito lindo. Desvenda-nos e nos escreve de uma maneira que sinto que é algo que todos precisam saber,
Voto uma , voto duas , voto mil em ti mulher escritora e bondosa e cheia de filling para escrever.
Voto no texto Água Formosa com muito praser!!!!
Parabéns Lídia
e tb votono texto deste silêncio culpado de beleza.
ResponderEliminarpiano. de IMF.
Eu voto no texto chamado Água Formosa da autoria de Lídia.
ResponderEliminarMilu
Voto não no silêncio culpado, mas na voz que oiço e sinto e em que a culpa é dos que calam perante o que a Lidia mostra.
ResponderEliminarMais palavras para quê se o testemunho gravado em seus escritos faz pensar aqueles que têm a opção da escolha entre gritar e calar.
Somem mais um voto na Lidia
Eu voto no texto chamado Água Formosa da autoria de Lídia.
ResponderEliminarMaria João
Pequenos Detalhes
http://www.mariaescrevinha.blogspot.com/
Belo texto. Tem meu voto! Eu voto no texto chamado Água Formosa, de autoria de Lídia.
ResponderEliminarEu voto no texto chamado Água Formosa, da autoria da Lídia.
ResponderEliminarPeter
http://conversasdexaxa4.blogspot.com
Lindo texto!
ResponderEliminarEu voto no texto chamado Aldeia da Minha Vida, Água Formosa, de autoria de Lídia, do Blog O Silêncio Culpado.
Assinado: Sonia A. Mascaro, blog Leaves of Grass, link: http://leavesgrass.blogspot.com
E-mail: samascaro@uol.com.br
Eu voto no texto chamado Aldeia da minha vida - Água Formosa da autoria de Silêncio Culpado. assinado: Å®t Øf £övë (http://www.blogger.com/profile/11948341456318237070)
ResponderEliminarEu voto no texto "Água Formosa" da Lídia, por acompanhar há muito a sua escrita decorada com imensas valências para quem, como eu, vem à internet para ler e levar algo de um aprendizado constante. A Lídia merece e este texto é um dos exemplos.
ResponderEliminarParabéns Lídia e já sabes...nunca deixes de escrever:)
Eu cá estou a votar também.
ResponderEliminarClaro que é na "Agua Formosa" da Lidia.
Do Silêncio Culpado.
Assino e confirmo o meu voto Sideny:))
abraço
Não sei se se pode votar duas vezes. Se for possível, eu voto no texto chamado Água Formosa, de autoria de Lídia.
ResponderEliminarEu voto no texto de Lídia, chamado Aldeia Formosa do blogue O Silêncio Culpado.
ResponderEliminarCompadre Alentejano
www.papaacordas.blogspot.com