Como a minha vila não possui um Museu, porque toda ela é um Museu aberto ao ar livre, onde cada pedra da calçada, de um muro ou monumento conta uma História longínqua, vou falar do monumento que melhor caracteriza qualquer vila, ou seja: o seu pelourinho. No Dicionário da História de Portugal temos o significado de pelourinho: “coluna de pedra colocada em lugar público, de cidade ou vila, e na qual os municípios exerciam a sua justiça. Era o distintivo da jurisdição de um concelho e da sua autonomia judicial (...) Eram edificados na praça pública. Os delinquentes eram amarrados à coluna ou suspensos por baixo dos braços às argolas, ficando alguns palmos acima do solo, sendo posteriormente açoitados ou mutilados.” E perante isto, dou comigo a pensar: esta coluna de pedra silenciosa, afinal se pudesse falar, muito teria que contar…
Situado na Praça da vila, defronte do antigo edifício da Câmara e Torre do Relógio, este pelourinho, que tem resistido à passagem do tempo, data do século XVI, por altura do reinado de D. Manuel I, por altura dos Descobrimentos marítimos… Não é por ser da minha vila, mas é dos mais bonitos de Portugal e com tanto significado nele inscrito... Segundo a Monografia de Salvaterra do Extremo: “ apresenta a configuração de um septro formado por uma coluna de pedra oitavada da altura de 3 metros, bem trabalhada, a qual finge atravessar nessa altura, um anel de pedra que sobre ela assenta e termina gradualmente oitavado em espiral, formando um facho com balas onde ainda em cada uma das 8 estrias, semelhantes a metralha, que sai da boca de um canhão. À semelhança do ceptro de El-rei D. Manuel I, o anel apresenta na nascente um escudo com esfera armilar nela esculpida; ao poente, outro escudo com a Comenda da Ordem de Cristo; ao norte outro escudo com a Cruz da Comenda da Ordem de Aviz; e ao sul ainda outro escudo com as quinas portuguesas. Tanto na parte superior como na inferior do anel, vão 2 cordões em roda com a flor de liz e barcos de canhão e ao centro, a entrelaçar os escudos, um cabo de navio, tudo lavrado em relevo na pedra. A esfera e o facho – representam Ciência e Progresso; As balas e bocas de canhão – o Exército; O cabo do navio – a Marinha; As quinas – o Rei; A cruz de Cristo – o Clero e a cruz de Aviz – o povo, como cavaleiro que foi nos seus tempos primitivos.
Encerra, pois, o pelourinho de Salvaterra um alto conceito, próprio para um povo da raia, fronteiro a Espanha, o qual pode dizer de cabeça levantada que aquela pedra diz Ciência e Progresso, Exército e Marinha, rei, clero e povo que, unidos lutaram sempre pela independência de Portugal, com honra e glória imortais…”
Por isso meus amigos, comecem a observar com mais atenção os extraordinários pelourinhos por este país espalhados, pois tocar a sua coluna, é tocar pedaços de História, para sempre na pedra, gravados...
Escrito por Cristina R. do blog Uma aldeia perdida por entre montes
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Olá Cristina!
ResponderEliminarPronto,está novamente prometido: um dia,irei a Salvaterra do Extremo. Mas a Cristina e o João Celorico têm de lá estar, preciso de uns guias exímios e vocês são os dois excelentes representantes dessa bela terra.
Jocas gordas
Lena
P.S. No post sobre o duplo evento Encontro de Bloggers e lançamento do guia,quando respondi ao seu comentário sobre se no guia, falavamos de Salvaterra do Extremo, lembra-se? Enganei-me ao falar das duas aldeias históricas que existem na região: referi bem Monsanto e a outra é Idanha-a-Velha e não Idanha-a-Nova (essa última é o concelho onde se enquadram essas duas aldeias históricas).Fica aqui a correção :)
Olá, Cristina!
ResponderEliminarFez bem, em falar do Pelourinho e de Salvaterra, por muitas e variadas razões. Então não é que o site SUSITOUR, em 14 de Março de 2009 indicava uma descida de canoagem entre Termas de Monfortinho e Salvaterra do Extremo (Espanha)? Agora a Lena falava de Idanha-a-Nova, terra que não existia. O termo de Salvaterra confinava com o de Idanha-a-Velha!
Muito trabalho temos nós que fazer para convencer este pessoal...
Junto a este pelourinho também se deitavam os pregões e aqui se decidia muito da vida de Salvaterra. Para o bem e para o mal. Também aqui era o local da feira e essa parede, do lado esquerdo, onde se montavam as tendas é a parede dum antigo forno, dito comunitário porque as pessoas levavam elas próprias o pão a cozer. Só pagavam a utilização do forno.
A Casa da Câmara, após a extinção do concelho, foi escola, até 1940, e posto da guarda.
Os delinquentes ainda tiveram direito a um "mimo". A forca! Ficava situada no chamado Alto da Forca que, suponho, é ali para junto da capela de Santo António. A coluna sul dessa forca, que restava ainda de pé, terá caído aquando dum furacão que varreu Salvaterra ,em 1895.
Abraço,
João Celorico
Olá amigo João Celorico!
ResponderEliminarSobre essa "notícia" do dia 14 de Março de 2009 - descida do Rio Erges, está de facto Salvaterra de Extremo (Espanha), mas terá que puxar as orelhas à Susana. Nessa data, eu ainda não colaborava para o blog Susitour, nem nada. Se for a ver de novo a mesma descida a 24 de Abril de 2010, pode ver que eu não pus Salvaterra do Extremo em Espanha, lol.Nunca falei que Idanha-a-Nova não existia, simplesmente enganei-me ao querer referir-me a aldeia histórica de Idanha-a-Velha e errei ao por nova. De resto, Salvaterra do Extremo faz parte do concelho de Idanha-a-Nova, logo da mesma região das duas aldeias históricas Monsanto e Idanha-a-velha. Foi isso que quis dizer :)
Eh, eh eh.
Jocas gordas
Lena
Olá, Lena!
ResponderEliminarEu, aqui, não puxo orelhas a ninguém! Tento eu estar com elas bem abertas, tal como os olhos, para ver o que dizem e o que escrevem, principalmente sobre Salvaterra e parafraseando alguém "Quem se mete com Salvaterra, leva...". Mas, daqui, só leva o conselho amigo!
A Lena só está a ser uma "desagradecida", pois foram os meus "ensinamentos" e os da Cristina que a não deixaram cometer o erro da Susana! Estão desculpadas!
Jocas
João Celorico
João Mauzão :p Nã sou nada desagradecida :p
ResponderEliminarNaaa,sinhori.
Quando tenho dúvidas,pergunto ou vou sempre verificar ao google, ao dicionário ou ao atlas, etc...
Mas repito que graças aos dois, já tenho um roteiro enorme para visitar: Salvaterra do Extremo, entre outras terras idanhenses, o Museu de Arte Antiga (descrito pelo João), Sintra por causa da Eugénia :)
Biu biu, eu memorizo os conselhos de todos :)
Jocas gordas
Lena
Olá Helena e João,
ResponderEliminarQuanto a ir visitar Salvaterra acho que faz muito bem, agora quanto à escolha do guia, o amigo João conhece bem melhor Salvaterra que eu. Ele sim, é que poderia dar às duas uma visita guiada. Ele conhece a História de Salvaterra como ninguém. Eu posso conhecer os recantos, mas ele sabe a História desses recantos, o que é bem melhor como guia.
Pronto amigo, acabou de ser promovido a guia, lol…
Quando mencionou Idanha-a-Nova como aldeia histórica confesso que fiquei um pouco baralhada, mas como não tenho visto muita televisão ultimamente, ainda pensei que se calhar tinha sido promovida a aldeia histórica e eu não sabia.
“Então não é que o site SUSITOUR, em 14 de Março de 2009 indicava uma descida de canoagem entre Termas de Monfortinho e Salvaterra do Extremo (Espanha)?”
“Salvaterra do Extremo (Espanha)?” lol… Amigos isto é o mesmo que meter a bandeira brasileira numa cassete da Amália, lol…
Um abraço aos dois e bom fim-de-semana!
Olá Cristina!
ResponderEliminarNesta altura eu nem conhecia o blog da Aldeia nem o Susitour...Em Março deste ano sim, daí se forem ver a 24 de Abril de 2010, fizeram novamente essa descida do Rio Erges e com os dados que pesquisei não me enganei e também graças à vocês, entre outros, sabia bem que Salvaterra do Extremo era terra portuguesa :)
Mas há ainda muitos turistas e outros que pensam que Portugal é uma província espanhola. O desenho inicial do Euro com o mapa da Europa não tinha a fronteira entre Portugal e Espanha.:/
Jocas gordas
Lena
Não conheço nem Salvaterra do Extremo nem o seu pelourinho. Não fica, contudo, fora de hipóteses uma visita.
ResponderEliminarO mais perto que estive foi em Monsanto que adorei. É até provável que de lá tenha avistado Salvaterra do Extremo, mas não o sabendo.
Beijo/José da Luz