Tenho um “amigo”, chamado Museu…!
Eu sou assim, parece-me ter alguma facilidade em fazer amigos!
Travei conhecimento com ele, por intermédio do meu irmão, teria eu uns 8 ou 9 anos e ele pouco mais de 60. A partir de então e durante a minha adolescência fomos cimentando a nossa amizade e essa foi tal que ficou para a vida!
Ele abria-me o seu “coração” e eu retribuía-lhe, visitando-o.
Por razões de proximidade, de residência, era um “amigo” privilegiado dos passeios domingueiros, até por ser paredes meias com o “Jardim 9 de Abril”, vulgo “Jardim da Rocha do Conde d’Óbidos”, varanda sobre o Tejo, onde rapazes e meninas, imberbes e não só, aproveitavam para pôr em dia os seus devaneios. Que não haja maus entendimentos! Os tempos eram outros! Eu, claro, não fugia à regra!!!
E, das vezes sem conta que o visitei, é desse tempo que retenho as primeiras emoções de rapazinho temente a Deus, perante “As tentações de Santo Antão”, de Jheronymus Bosch (do qual, anos mais tarde, por puro acaso, viria a conhecer a casa onde viveu, em s’Hertogenbosch, capital da Brabantia do Norte, Holanda) que me deixaram verdadeiramente intrigado e temeroso, assim como o quadro “Inferno” de autor desconhecido. Outras pinturas retinham a minha atenção, tais como: “São Jerónimo”, de Albrecht Durer; “O Martírio de São Sebastião”; “Retrato de D. Sebastião”; os “Painéis de S. Vicente”, julgados da autoria de Nuno Gonçalves; os quadros de Domingos Sequeira e de Vieira Portuense; a “Capela das Albertas”, restos do convento de Santo Alberto, ali implantado e destruído pelo terramoto de 1755; os Biombos Namban; a Custódia de Belém, atribuída a Gil Vicente; o mobiliário indo-português, com os seus maravilhosos contadores; as porcelanas e faianças; as peças de ourivesaria, joalharia e arte sacra; o Presépio dos Marqueses de Belas. Pormenor estranhíssimo, para mim, era o elevado número de obras de arte que ostentavam uma pequena placa onde se dizia algo como, “cedido pela Colecção Gulbenkian”. Anos mais tarde eu viria a entender tal mistério! Mas, havia uma pequena sala onde se encontravam desenhos e gessos de trabalhos de Joaquim Machado de Castro que eram o meu enlevo. Foi uma sua gentileza para comigo quando eu andava na Escola Industrial de Machado de Castro!
Esta minha descrição, está bem de ver, é uma pequena súmula do tesouro que o meu “amigo” Museu Nacional de Arte Antiga, vulgo Museu das Janelas Verdes, em Lisboa, nos vai, a todos, dando a conhecer!
Escrito por João Celorico, do blog Salvaterra e Eu
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Meu caro João:
ResponderEliminarGostei muito do seu texto, tão criativo e explicativo.
As imagens também me agradaram muito.
Mas a música......
Caro amigo, sou uma senhora de 65 anos que gostaria muito de ouvir aqui a beleza do fado da Amália. Bem baixinho, fazendo fundo para as imagens do seu amigo Museu.
Parabéns pela postagem ! (Sem a música...)
Olá amigo João!
ResponderEliminarExcelente texto, com maravilhosas imagens, não menos boa musica, a qual estou a saborear, em acompanhamento à escrita. Um conjunto muito bem elaborado.
Parabéns pela iniciativa que me parece ser inédita nestes postes, com direito a "oscar"
Um abraço
Acácio Moreira
Olá, amiga Flora!
ResponderEliminar"João, João! O que foste tu fazer?"
Foi então que a amiga Flora,
chamando-me de seu amigo,
me diz, em cima da hora.
João, não concordo consigo!
É assim minha boa amiga,
se quer a minha opinião,
deixe que eu lha diga.
Só amigo sabe dizer não!
Bem haja pelas suas palavras. Porém, não esperava ser tão “ofendido”! Então, chama-me de velho? Os meus 65 já lá vão há algum tempo! Agora, aqui na Aldeia, toda a gente fica a saber e ainda têm que abrir um “Lar de 3ª Idade”!
Gostaria de ouvir a Amália? Olhe, eu nem por isso, se bem que lhe reconheça os méritos. Já agora, aproveito para a aconselhar a ouvir os fados da Amália mas nas versões dos anos 40 ou 50, quando ela tinha voz, percebia-se o que dizia e não os mais recentes em que cantava aos caracóis, aos espanhóis, à Mariquinhas e por vezes só lá, lá, lá e quase não se percebia o que dizia. Confesso que quando estou no estrangeiro também gosto de a ouvir, tal como a outros. É a nostalgia a falar! Mas, custa ir a uma loja fora de Portugal e ver as “cassetes” da Amália com a bandeira brasileira! Podia ser pior!
A música escolhida para acompanhar os “slides” deve-se um pouco à falta de jeito, sou um principiante, e também a alguma “maldade” minha que espero seja desculpada. Como pode ler noutro texto, aqui bem perto, há alguém que só concebe um museu se for bem animado…
Pela minha parte, não desgosto da música e ponho-a baixinho. Até nos meus tempos de estudante era incapaz de estudar sem música e não era necessário ser música clássica.
Uma última nota. Pode ver a exibição dos “slides” sem essa música “horrível”. Basta clicar no som...
Bem haja e um abraço,
João Celorico
Olá, amigo Acácio!
ResponderEliminarClaro que o guião é excelente, a fotografia é óptima, da música nem se fala. Ia dizer que estou a tentar substituir o Manuel de Oliveira mas eu sou mais Spilberg!
Quanto a “Óscar”, já estou meio desconfiado porque aí o Grande Júri parece andar um bocadinho desorientado e mais não digo…
Bem haja pelas suas palavras.
Um abraço,
João Celorico
Olá amigo João!
ResponderEliminarJá me falaram muito bem desse museu e da sua envolvência.Dizem ser dos mais bonitos do nosso País. Quanto à música, eu até gosto, mas não sei se combina lá muito com esse museu. Mas tá engraçada a ideia :)
e o slide tá muito bom.
Jocas gordas
Lena
Quando a uma criança é dada a possibilidade de entrar num museu e de nele ir entrando várias vezes, tornar-se-á um “curioso”, um buscador de mais conhecimentos, e respostas. Aprenderá a apreciar todas as obras de arte, da escultura à pintura… Tornar-se-á um conhecedor do Mundo.
ResponderEliminarE sem dúvida que certas pinturas, “visões” do inferno, impressionam qualquer criança e os deixa temerosos a pensar que talvez, se não se portarem bem, é lá que vão parar…
Entrar num museu é entrar num local mágico, é entrar numa verdadeira máquina do tempo, que nos proporciona uma viagem pelos séculos. É um local onde se concentra tanto talento e imaginação. Felizes dos que lá trabalham, pois têm a nobre missão de o passado preservar.
Parabéns pela descrição.
A Amália com a bandeira brasileira??????
ResponderEliminarE eu que pensava já ter visto de tudo um pouco...
Como é possível????
Quanto à música escolhida, eu gosto. É uma música alegre e que fica no ouvido, mas realmente, amigo João vou-lhe confessar uma coisa: também desliguei o som, lol, pois não me conseguia concentrar na leitura. Mas aqui, talvez a falha seja minha, não conseguir concentrar-me com uma música tão alegre.
Um museu destes talvez combinasse melhor com alguma música gregoriana; há-as bem bonitas.
Mas isto é só a minha opinião, não ligue. Outro que me leia, talvez também não goste de música gregoriana, lol.
Afinal não se pode agradar a todos, não é?
Por isso só nos resta ouvir mesmo a sua música, pois o autor é que manda...
João, João...
ResponderEliminar(Que por sinal é o nome do meu neto querido)
Idades à parte, eu sempre fui "velha", pois sou muito séria e desde criança tenho gostos diferentes dos da minha idade.
Concordo com a Cristina quanto ao Canto Gregoriano - mas nem todos gostam, não é mesmo ?
Além do mais, a postagem é sua...
Quanto à Amália, eu também só gosto de ouvir suas gravações antigas, quando ela tinha uma esplêndida voz. E que mulher bonita ela era.
A beleza conservou ao longo dos anos, mas a voz, perdeu a limpidez e a sonoridade.
Continuo gostando da sua postagem, viu ?
Abraços, meu jovem João.
Olá, Flora!
ResponderEliminarJoão, não é meu neto (que não tenho) mas era meu avô!
Não fui eu que lhe chamei "velha" (eu nunca chegaria a esse desplante) mas foi a Flora que, assim, me acabou por chamar velho!
Também eu, quando era criança, gostava de brincar, normalmente, com os mais velhos. Conversas de miúdos não me interessavam muito e eu era, quase sempre, o mais novo!
Agora, que ando aqui na Aldeia, tenho a mania que sou mais novo e talvez seja o mais velho!
Quanto à música (malfadada música), eu também gosto do Canto Gregoriano mas, como já expliquei, a escolha deveu-se à minha inexperiência na elaboração de "slideshows" e, depois, como também não desgostei da música, achei por bem fazer uma pequena provocação ao pessoal da Aldeia. Pelos vistos resultou em cheio!
A postagem é minha, mas é a minha oferta a toda a Aldeia, por isso devo ter em atenção o gosto dos amigos...
Faça-me só um favor, não se ache velha que me faz velho!
Abraço e bem haja
João Celorico