sexta-feira, 16 de abril de 2010

A PÁSCOA NA MINHA ALDEIA

 
No domingo que antecede a Páscoa é o Domingo de Ramos, celebra-se uma missa com a bênção dos ramos, Na minha vila há uma procissão da igreja da Misericórdia no pombal até à igreja Matriz, esta é acompanhada pela Banda Filarmónica Goiense.
Durante a semana fazem-se algumas cerimónias tais como: a última Ceia de Jesus com os Apóstolos, na quinta-feira, e na sexta, há a procissão do Senhor dos passos que dá a volta à vila e a adoração da Cruz. No sábado à noite há a missa da Ressurreição.

Chegou o domingo de Páscoa! Na minha aldeia no Domingo de Páscoa, todas as pessoas se levantam cedo, fazem alguns bolos como: pão-de-ló, algumas sobremesas como: aletria, arroz doce e filhós, deitam o cabrito ao forno com as batatas assadas e preparam a mesa da sala com uma toalha branca e sobre ela colocam os pratos talheres e copos. Vão à missa com a sua roupa nova. Quando regressam já o cabrito está pronto, a mesa posta, é só reunir a família e ir para a mesa. Depois do almoço toca a preparar a mesa com toalhas de renda ou linho bordadas à mão. “Põe-se a mesa para o padre”. Pão-de-ló, amêndoas, filhós, queijo fresco e vinho, para tudo estar pronto para receber a compasso.

À tarde, esperamos em nossa casa ou junto à primeira casa que vai ser visitada pelo senhor padre e os seus ajudantes, que percorrem todas as casas para beijar a Cruz (o chamado compasso). Para anunciarem que estão a chegar à aldeia as crianças tocam o sino da capela.

As portas das casas estão enfeitadas com ramos de alecrim e Loureiro nas portas e paredes, tapetes de alecrim e louro folhas de camélias para o Sr. Padre saber que ali se entra. No compasso vai o Sr. Padre e um grupo de crianças e adultos. Uma pessoa leva um crucifixo florido, outra leva a água benta, outra leva a sineta e outra vai com um saco para meter o dinheiro, Todos a cantar a canção: “Jesus ressuscitou (…)!

O Sr. Padre entra e com água benta, benze a casa dizendo “hoje é o dia em que o Sr. Ressuscitou aleluia, aleluia, aleluia”. Cumprimenta os donos da casa e família directa. A pessoa que leva a cruz eleva-a à família e aos presentes para todos darem um beijinho no Jesus.

Um dos ajudantes recolhe o dinheiro para o saco, outros as amêndoas, que no final distribui pelas criancinhas. Em seguida, vamos também para a casa dos vizinhos e familiares beijar o Jesus. Depois, na última casa os donos dessa casa oferecem o lanche a todos. Na minha aldeia é quase sempre em casa da Beatriz, que a todos brinda com as suas iguarias. O dia termina com confraternização com as pessoas juntas a festejar a ressurreição do senhor.

No Domingo de Pascoa também se dá o folar aos afilhados, na minha aldeia os afilhados oferecem aos padrinhos o ramo que foi benzido Domingo de Ramos, e os padrinhos dão aos afilhados, roupa de vestir, ou para o enxoval, dinheiro e o chamado folar (bolo doce com um ovo).

E é assim a pascoa na minha aldeia.

Escrito por Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega - Notícias da minha Terra
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6 comentários:

  1. Olá Eugénia!
    Cá está a minha amiga, + 1 vez a representar em grande a magnífica aldeia de Cortecega :)
    Muito bem :)

    Jocas gordas
    Lena

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  2. Boa noite!
    A minha mãe também me contava Pascoas assim da infância dela.Ela ia com as amigos com o Sr.Padre e meu pai traquina adorava era tocar o sino.

    Beijos
    Liliana Rito

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  3. Olá Eugénia!
    Mais uma vez e como já vem sendo habitual, brinda-nos com mais este excelente texto. Um texto tão bem descrito em pormenor de como se realiza a pascoa em Cortecega, que sem dúvida mantém rigorosamente as tradições de antigamente.
    Parabéns pelo excelente texto
    Beijo.
    Acácio

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  4. Olá, Eugénia!

    O texto é uma completa descrição duma Páscoa tradicional que, felizmente, ainda se vai conservando. Sabe bem, só de ler toda a sequência dos acontecimentos e imaginá-los, vendo a simplicidade e a devoção com que são encarados pelo povo.

    Após a casa benzida
    o povo a cruz beijou,
    Aleluia! Nova vida!
    Cristo ressuscitou!

    Os padrinhos dão o folar
    aos seus afilhados queridos
    estes, sem muito para dar,
    dão-lhes os ramos benzidos!

    Abraço,
    João Celorico

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  5. Obrigada a todos pelos vossos comentários.
    Aproveito para agradecer ao Sr João Celorico, os poemas que escreve sobre cada texto. Grande poeta, convido-o a ver o meu blog de cortecega e deixar assim uns poemas sobre a minha aldeia.

    Um abraço a todos
    Eugénia Santa Cruz

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  6. Ler por palavras suas, a descrição da páscoa na sua terra,dá para imaginar. Alfecinha de gema, eu não tenho destas estórias para contar. Não temos nem nunca vivemos a cultura da visita pascal.
    Gostei muito.
    Beijo

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