Da Páscoa da minha infância, na aldeia, de onde saí muito cedo, guardo apenas vagas recordações. Resumem-se a lembranças que envolvem actos religiosos e em que as crianças aproveitavam a pausa escolar para correr pelos campos e desfrutar dos primeiros sinais da Primavera.
Foi já na capital, onde vivi a minha adolescência, que me familiarizei com alguns costumes usuais da quadra e que até ali pouco me diziam ou simplesmente desconhecia, como seja por exemplo a tradição da oferta das amêndoas aos afilhados.
No 2º andar do prédio onde eu habitava, morava uma senhora alentejana, de Ferreira do Alentejo, com duas netas mais novas do que eu, que ao primeiro contacto, me adoptaram e com quem passei excelentes momentos.
A avó Ana era daquelas senhoras, tipicamente alentejanas, que tinha sempre a porta aberta e mais um lugar à mesa e a quem todos recorriam e nos fazia sentir parte da família.
Ainda hoje recordo, com emoção, a primeira vez que a vi colocar sobre a enorme mesa que mantinha sempre aberta na marquise, um tabuleiro contendo 3 douradinhos folares, cada um com seu ovo “semi-escondido”, acabadinhos de sair do forno, um dos quais se destinava à neta emprestada … EU!
O ritual repetiu-se durante alguns anos, tornando-se tão banal que só muito tempo depois, quando a “avó Ana” já não estava entre nós, nos apercebemos, com tristeza, que nenhuma das netas, incluindo eu, aprendera a fazer a receita.
Escrito por Pascoalita,
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Olá Pascoalita!
ResponderEliminarExcelente texto,A pascoa em certas regiões do nosso pais para as crianças aproxima-se das festas de natal. Na pascoa temos o fular dos padrinhos e as amêndoas. No natal a prenda e o bolo rei, no natal a missa do galo, na pascoa a visita do "Senhor" a nossas casas, era assim e ainda é em quase todo o país em especial no nosso Portugal rural é uma quadra muito bonita, mantendo a tradição do almoço de domingo de pascoa com o tradicional cabrito ou borrego. Uma quadra que leva às deslocações das famílias para dentro e fora do país. Uma quadra que também reúne muito as pessoas entre família e amigos.
Recordo na minha adolescência as pessoas da aldeia deslocavam-se todas para o caminho que ligava à sede de freguesia, para esperar o grupo que acompanhava o "Senhor"(imagem de jesus Cristo pregado na cruz). Com cantares alusivos à quadra. Na aldeia esse grupo percorria todas as casas dando a imagem a ser beijada por todos os presentes em cada casa.
Ainda hoje esta tradição é mantida em parte.
Um beijo
Acácio
Olá PascoaliTa!
ResponderEliminarAi esse folar tem um ar tão apetitoso.Mande para aqui um bocadinho para provarmos :)
Jocas gordas
Lena
Olá, Pascoalita!
ResponderEliminarTambém eu saí da minha terra muito cedo e onde me fui fixando não cheguei a aperceber-me dos hábitos da Páscoa. Talvez por isso não sou apreciador de “folares”. Apesar de achar, como a Lena, que o folar tem um ar apetitoso, dispenso a minha parte...
Quanto a ser adoptado, apenas posso dizer que talvez o tenha sido pela “Aldeia da Minha Vida” mas essa, ainda não dá folares!
Faz bem, nestas ocasiões, e noutras, relembrar as pessoas que nos marcaram, principalmente nos tempos em que a mocidade era risonha e franca...
Abraço,
João Celorico
Apesar de não ter aprendido a receita, o Folar da Avó Ana, rendeu-lhe um bonito texto !
ResponderEliminarAqui não temos essa tradição, mas existe à venda o que é chamado de "Colomba Pascal", mas que não tem o apelo do Panetone de Natal.
Parabéns pela história.
Obrigada a todos, pelos comentários e pelo carinho. Desculpem a minha ausência, mas deixei-me contagiar por um "vício" recente que, a par de alguma dificuldade que por vezes tenho em aceder a este maravilhoso cantinho, têm sido a causa da minha ausência.
ResponderEliminarVou tentar ler todos os textos e deixar o meu rasto por aqui hoje. Jinhos a todos
Bom fim de semana
Pascoalita não me diga que o seu vício é o de uma certa "farme"?
ResponderEliminarPois, a mim aconteceu-me...e rouba-me tempo para as bloguices!
Gostei do seu texto que me recorda a minha infância em Beja.Também eu gostava do folar... e quando havia umas amêndoas nem se fala... mas isso era raro!
Bjs
Alcinda
Gostei do texto!
ResponderEliminarO folar fez-me recordar a minha infância! Na Páscoa dirigia-me a casa da minha madrinha, pedia-lhe a benção (isso era obrigatório) e então ela, muito sorridente, deslocava-se à cozinha e trazia um enorme folar...era uma alegria!