Lá ao longe, no “Monte da Lua” (visto quase da janela do meu quarto), o Palácio da Pena
Desde os meus tenros 4 anos, até aos 9, que me habituei a vê-la todos os dias, logo pela manhã. Todos os dias é uma força de expressão, pois havia dias em que ela se escondia debaixo dum espesso manto, umas vezes duma grande brancura (no Verão), e outras dum plúmbeo carregado (no Inverno). No Verão, significava calor tórrido quando se destapava e no Inverno, tínhamos chuvada certa.
Era assim o Monte da Lua (Mons Lunae para os romanos). Considerado um prolongamento do maciço rochoso que desce da Serra da Estrela, estende o seu manto verde até aos rochedos da ponta mais ocidental da Europa (o Cabo da Roca) onde mergulha nas areias das praias do Atlântico (Praia da Ursa, Praia da Adraga, Praia Grande, Praia das Maçãs, Azenhas do Mar e Magoito).
Mas, não se julgue que esse manto verde é um simples manto. Não! “Cenário grandioso de variedade e beleza”, dizia Byron, preso dos seus encantos. Mão de artista, por entre penhascos, criou-lhe frescos e encantados recantos, quais jardins do Éden, e ornamentou-o com pequenas pérolas. Lá no alto, obra de D. Fernando II, colocou-lhe o Palácio da Pena (onde outrora existia o Convento de Nossa Senhora da Penha), mais abaixo o Castelo, dito dos Mouros, a Cruz Alta, ainda mais abaixo o Palácio dos Seteais, o Parque de Monserrate, o Palácio da Regaleira (do Monteiro dos Milhões) e na vila, a Cynthia dos celtas, o Palácio Nacional de Sintra (vulgo Palácio da Vila). Mais além e em seu redor, distribuídas pelas faldas, além das quintas brasonadas, salpicam-na a Lagoa Azul, a Peninha, o Convento dos Capuchos, e muitas pequenas povoações, entre as quais se destaca a vila de Colares, doada em 1385 a Nuno Álvares Pereira, por D. João I. Hoje em dia, dalgum modo ligado a esta vila, ao observar a serra eu relembro tempos de infância, das visitas ao Palácio da Pena, com subida até ao zimbório (coisa hoje proibida), donde a nossa vista se perdia nos longes do Oceano Atlântico, dos piqueniques no Parque das Merendas, da Sala das Pegas no Palácio da Vila. Porém, outros valores se levantaram e quem passa por Sintra não pode deixar de visitar o Museu de Arte Moderna (no antigo Casino), onde pode ver a Colecção Berardo, o Museu do Brinquedo (no antigo quartel dos Bombeiros), beber água fresquinha (se não houver aviso em contrário) na Fonte da Sabuga e, por fim, deliciar-se com umas queijadas ou uns travesseiros, mas sem abusar, claro.
(Nota: A foto panorâmica é um arranjo de foto original de Publicações Alfa, S.A.)
Escrito por : João Celorico, do blogue Salvaterra e eu
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Bela participação.
ResponderEliminarMonte da Lua. Até o nome é lindo.
Parabéns
Sandra
Susan a Curiosa esta comemorando dois anos. Passe por lá.
Vou te esperar.
Sandra
Amei o texto! Fui lendo e imaginando-me naquele lugar, diante da serra e sentindo o frescor das estações. Parabéns!
ResponderEliminarOlá João Celorico!
ResponderEliminarAo ler o seu texto sobre o Monte da Lua na Serra de Sintra, não pude deixar de notar o contraste que existe entre as serras que nos viram crescer. A sua serra, toda ela é plantada de Palácios, de belas obras criadas pelo Homem. Em forte oposição está a minha serra, onde em vez de palácios abundam pedras, moitas, carrascos e bicharada, a brutal obra da Natureza. Mas não pense que não gosto dela assim! Há qualquer coisa de extraordinário que me é dado sentir, quando observo que num meio tão agreste, espontaneamente desabrocha uma ou outra flor de rara beleza. Até me faz pensar: Esta bela flor não pertence aqui, que ventos a trouxeram?
Meu caro João:
ResponderEliminarSeu primoroso texto fez aumentar minha admiração por essa Serra magnífica, rica e misteriosa ! Desde criança ouvia minha família falar em Sintra, nome que sempre soou mágico para mim.
Como bem disse a Milu, sua Serra é rica em palácios. Que devem ser muito bonitos.
A minha é rica em água e vegetação.
Quem sabe um dia não visito esse lugar encantado ?
Parabéns pelo texto.
Bjs
Flora Maria
Olá João com que então dono de paisagens deslumbrantes,grato pela partilha do texto e dos fotos.
ResponderEliminarAbraço.
Embora não ter laços que me liguem a esta bela cidade de Sintra, a verdade é que é das cidades que mais gosto no mundo! é.. Sintra e está tudo dito!
ResponderEliminarTambém eu todos os dias a vejo pela manhã, de tempos a tempos tenho de lá ir carregar as baterias de verde, ou nem que seja comer um travesseiro ;)
ResponderEliminarCarlos Firmino
http://olharescruzados.blogs.sapo.pt/
Olá, Sandra!
ResponderEliminarEm verdade não é só o nome que é bonito, mas também ajuda.
Bem haja pelas suas palavras e oxalá elas sejam sinónimo de bom gosto pois que o objecto delas sou eu...
Parabéns lhe dou eu, também, pela sua sempre activa participação.
Cá nos vamos encontrando sempre!
Abraço,
João Celorico
Olá, Anabela!
ResponderEliminarFico satisfeito por ter conseguido transmitir uma pequena parte do que é a Serra de Sintra.
Bem haja, pelas suas palavras.
Abraço,
João Celorico
Olá, Milu!
ResponderEliminarGostei do seu comentário e subscrevo a ideia. Não desdenho qualquer pequeno "montículo" penhascoso e agreste, simples, tal qual a Natureza o deu!
Porém, a Serra de Sintra é como a baiana...
Tem um castelo? Tem!
Tem penhascos? Tem!
Tem fontes de água fresca? Tem!
Tem, a seus pés, um espelho de água onde se pode mirar e praias de fina areia, onde mergulhar? Tem!
Será que também tem grutas? Tem! Na praia da Adraga.
Tem pegadas de dinossauro? Tem! (De momento não sei a localização exacta, mas penso que será no Magoito ou Odrinhas.
Tem vegetação de todos os continentes? Tem! No Parque de Monserrate.
Tem locais de meditação? Tem! Nos Capuchos, na Peninha e não só.
Para não me tornar maçador, termino por aqui.
A Serra de Sintra não tem culpa...
Como a baiana, tem tudo como ninguém!!!
Além disso tem os tais palácios. O Homem quis alindar o que o Criador lhe ofereceu!
Bem haja,
João Celorico
Olá, Flora!
ResponderEliminarSinto-me orgulhoso por saber que aumentei seu interesse por Sintra. Sua família sabia o que era bonito.
A Serra de Sintra também é rica em água e vegetação. Só é pena que, tal como as outras, de vez em quando é rica em incêndios e devastação, provocados por "mãos amigas" e com objectivos vários. Descuido, maldade e "limpeza" de espaços para a criação de grandes empreendimentos e condomínios privados, são alguns dos motivos!
A sua possível visita, será sempre bem vinda. Sintra agradece!
Bem haja pelas suas palavras,
Abraço,
João Celorico
Caro Manuel Marques!
ResponderEliminarSó sou dono, e momentaneamente, daquilo que os meus olhos veem. Não retiro de lá nem um bocadinho, para que outros possam ver e sentir o mesmo que eu.
Texto e fotos são a minha contribuição para este "peditório". Se gostarem, tanto melhor. Fico feliz por isso.
Bem haja,
João Celorico
Olá, Tânia!
ResponderEliminarOs meus laços com Sintra foram fruto de ocasião, pois não esqueço a minha terra natal. Os laços vão-se criando.
Uma pequena correcção, Sintra não é cidade! Realmente é de admirar, com tantas cidades que Portugal tem criado, por dá cá aquela palha. Pois, mas Sintra está muito bem assim. É vila, e bem bonita! Gostar dela, só é sinal de bom gosto!
Abraço,
João Celorico
Caro Carlos!
ResponderEliminarNos tempos que correm, normalmente já a não vejo todos os dias. Mas, semanalmente, a minha visita é quase certa, por obrigação mas também por devoção. O meu verde não se descarrega facilmente e os travesseiros nem sempre se podem comer. Em dias de grande afluência nem a cozedura se completa. É avisado comerem-se em dias de fraca afluência turística.
Bem haja pelo comentário,
João Celorico