Foto cedida pela Olho de Turista (2009)
O castelo está ligado à tradição da principal celebração de Monsanto: a Festa da Santa Cruz.Originalmente uma tradição profana ligada ao ciclo da Primavera, foi cristianizada e associada ao lendário cerco do castelo, segundo algumas versões pelas tropas do pretor Lúcio Emílio Paulo em fins do século II a.C., segundo outras a um ataque dos mouros por volta de 1230, ou até posteriormente durante as lutas com Castela.
Em qualquer hipótese, os inimigos sitiantes procuraram vencer pela fome os defensores do castelo. A tradição refere que o cerco se prolongava já por sete longos anos, quando intramuros restavam apenas uma vitela magra e um alqueire de trigo. Uma das mulheres sugeriu então um estratagema desesperado para iludir o inimigo: alimentaram a vitela com o último trigo, lançando-a com alarde por sobre os muros do castelo, na direcção dos sitiantes.
Despedaçando-se contra as rochas, do ventre da vitela espalhou-se o trigo, abundantemente. Com essa manobra, o inimigo entendeu que os defensores ainda se encontravam milagrosamente providos de alimento, protegidos pela providência divina, levantando o cerco e se retirando da região.
O episódio é atribuído a um dia 3 de Maio (dia da Santa Cruz), razão pela qual nesta data, anualmente, as mulheres do povoado se vestem com as suas melhores roupas e, ao som de adufes e canções populares, agitando marafonas (bonecas coloridas com armação em cruz), algumas com potes caiados de branco, decorados e cheios de flores à cabeça, partem da povoação em direcção ao castelo. No interior do castelo, do alto das muralhas, os potes brancos, simbolizando a vitela, são lançados em direcção ao exterior, revivendo simbolicamente o episódio da salvação da vila.”
Recordo-me de me vestir igualmente de branco, ainda sem saber porquê, de tentar tocar o adufe que a Beatriz criteriosamente nos ensinava, e com o cabelo cheio de flores, miraculosamente equilibradas partir de manhã cedo em direcção ao castelo.
Subida íngreme, muito íngreme, vista de cortar a respiração.
Lá em cima no meio do nada, entre ruínas do que outrora tinha sido o “palco da salvação” assistir comovida à missa do dia e ouvir os cantares em vozes que não voltei a escutar, som que se propaga pela planície logo abaixo e que, jura quem de lá o escuta, se consegue ouvir a quilómetros de distância.
Parte das minhas raízes que acarinho. Pedaços de História. Bem hajam.
Texto escrito por Catarina, do blogue Once
Festas e Tradições de Monsanto, Idanha-a-Nova, Castelo Branco
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Quase todas as festas religiosas foram estratégicamente marcadas nas datas de festas pagãs a fim de absorver e dominar o paganismo. Conhecia a lenda do lançamento da vaca no castelo. Mas não conheço Monsanto a não ser da TV.
ResponderEliminarGostei do texto. Um abraço e boa sorte
Susana Querida, que riqueza de textos que aqui temos! :))
ResponderEliminarFaço notar que no caso do meu as aspas começam na primeira frase e acabam realmente em vila. A citação é da wikipédia.
Beijinho e até Setembro ;)
Que um comentário lhe deixe
ResponderEliminarfoi a tarefa pedida,
por isso, amiga, não se queixe
se não for à sua medida!
Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amiga, não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!
Festa de Santa Cruz!
E esta? Vejam só!
E a comentar me pus,
a terra da minha avó!
Verdade? Quem souber, que o diga!
A ideia, essa, foi muito bela!
Alimentar, até à última espiga,
uma simples e tão magra vitela!
Mais uma vez o animal
sempre amigo do homem,
provou que não faz mal,
até àqueles que o comem!
Assim, desta maneira,
e já não é admiração,
não é a vez primeira,
se monta uma tradição!
João Celorico