segunda-feira, 10 de agosto de 2009

CASTANHEIRA DA SERRA ( FAJÃO)

Perdida na Serra do Açor (Paisagem Protegida), a pequena povoação de Castanheira da Serra esconde-se entre as imponentes montanhas que a rodeiam.
Vitíma do isolamento e da interioridade, fustigada por vários incêndios florestais, esta aldeia do concelho Pampilhosa da Serra, freguesia de Fajão, acolhe, actualmente, pouco mais de uma dezena de pessoas, a maioria idosos. Longe vão os tempos em que esta aldeia, construída em xisto, era habitada por mais de 50 famílias, segundo relatos dos mais velhos. A fuga para as grandes cidades do Litoral, em especial Lisboa, e a
emigração para a França, durante a vigência do Estado Novo, na busca de uma vida melhor, conduziu à, inevitável, desertificação.
No Verão, o tempo parece voltar para trás e em Agosto os filhos da Terra regressam à Castanheira da Serra. É ali que muitos passam as suas férias ou aproveitam para recuperar forças nos fim de semana prolongados. A beleza natural; o verde, o ar puro; o silêncio e o «bem receber» das gentes da Serra, é o que a Castanheira da Serra tem para oferecer a quem a visita. No Verão pode esperar dias muito quentes. No Inverno, prepare-se para o frio, e por vezes, para a neve. É que a Castanheira eleva-se quase aos mil metros de altura. Quando visitar esta pequena aldeia, não pode deixar de passar pelas míticas fontes de água pura, fresca e cristalina, escondidas entre um conjunto de imponentes castanheiros centenários (há quem diga mesmo milenáres, devido ao grandioso porte que estas árvores exibem).
A «Fonte dos Namorados», mais reservada e escondida, é ideal para... namorar. A da «Palaia», ideal para quem quer fazer uma boa patuscada. O queijo curado de cabra, o mel (puro) e água-ardente de mel ou de
medronho são produtos, cada vez mais raros, mas de inegável qualilade, deve procurar provar quando visitar a Castanheira da Serra. A chanfana de cabrito, a saborosa broa de milho, as filhós e a tijelada, são alguns dos pratos típicos desta pequena aldeia, inserida na região do Alto Ceira.
Para ajudar a fazer render as pequenas reformas, os poucos habitantes desta aldeia dedicam-se à prática de uma agricultura de subsistência -produção de batata, milho, feijão - e à criação de gado, em especial de cabras.
A Comissão de Melhoramentos de Castanheira da Serra, cridada em 1952, tem tido um papel decisivo e fundamental no desenvolvimento desta pequena aldeia. Entre os vários melhoramentos realizados por esta colectividade de cariz regionalista contam-se: a construção do ramal de acesso da estrada principal à aldeia; a construção da Casa do Povo - onde todos os castanheirenses se reúnem para beber um café, para dois dedos de conversa, uma partida de Suéca ou, simplesmente, ver televisão - a construção de um campo de futebol de cinco; a construção de uma piscina - equipamento que faz as delícias dos mais novos -; e a construção da rede e tanques de abastecimento de água à população - a água, que existe em abundância na zona e que é captada e armazenada em dois tanques de grande porte, para depois ser distribuída, gratuitamente, por toda a população.
São Tiago é o padroeiro desta pequena aldeia, sendo que as festas em sua honra se realizam a 15 de Agosto. Na pequena Capela de Castanheira da Serra realce para a existência de uma pequena imagem de Santa Goreti, que dizem ter sido trazida de Itália.
Quem visita a Castanheira da Serra, promete voltar depressa ao «paraíso» que encontrou perdido na Serra do Açor.

Escrito por Bruno Silva, do Blogue Castanheira da Serra
Castanheira da Serra- Fajão, Pampilhosa da Serra

Se acha que este texto é o melhor, vote na caixa de votos e aproveite para comentar. Quem sabesai daqui o melhor comentário do mês.

5 comentários:

  1. Caro Bruno:

    Esse problema da desertificação infelizmente é generalizado no interior de Portugal. Quando a terra não dá o sustento suficiente para a família, a solução é ir em busca de oportunidades, noutros locais, que passam pelas grandes cidades, ou mesmo pelo estrangeiro. É uma triste realidade, mas é esse o quadro das nossas aldeias. Os jovens vão e ficam os idosos, muitas vezes entregues a si mesmos.

    O momento alto dessas aldeias acaba por ser os dias festivos, como é o caso de Agosto, em que os "filhos da terra" regressam e trazem consigo a alegria e a juventude, que tanta falta faz por lá...

    O dilema do nosso século será mesmo inverter esta tendência da desertificação, para que o interior não acabe abandonado...

    Obrigada pela sua participação! Conto consigo para vir apreciar os textos de todos os participantes, comentando e votando também.

    Abraço, Susana

    ResponderEliminar
  2. Gostei de "ver" Castanheira da Serra através dos seus olhos. Quando no Verão dava os meus passeios pelo norte do país o que mais me afligia era a dertificação e o isolamento em que ficam os poucos que resistem a abandonar estes paraísos. E como diz, no Verão sempre está mais gente. Imagino no Inverno.
    Um abraço e boa sorte.

    ResponderEliminar
  3. Peço desculpa pela "desertificação" que saiu com erro.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Que um comentário lhe deixe
    foi a tarefa pedida,
    por isso, amigo, não se queixe
    se não for à sua medida!

    Voltas e voltas à cabeça
    e melhor coisa não me sai.
    Mesmo que, amigo, não mo peça,
    o meu comentário, ele cá vai!



    Vítimas do isolamento
    e da interioridade.
    É quase o sentimento
    de quem vive na cidade!

    Vítima de incêndios florestais,
    é como em todo o país!
    Descanse que não arde mais!
    É o governo quem o diz!

    A emigração para França,
    durante o Estado Novo,
    criou alguma esperança
    neste humilde e pobre povo!

    É bonito, com toda a certeza,
    e sempre tão agradável ver,
    o que é a natural beleza,
    o silêncio, e o bem receber!

    À “Fonte dos Namorados”,
    que é ideal para namorar,
    para alguns, mais ousados,
    nem é preciso lá chegar!

    Reservada e escondida?
    Como são as coisas raras?
    Isso já não é desta vida,
    já se faz tudo às claras!

    Na fonte da “Palaia”,
    depois duma patuscada,
    é bom que ninguém caia.
    Pode morrer afogada!

    A Comissão, qual ministério,
    sendo devidamente eleita,
    leva tudo muito a sério
    e apresenta obra feita!

    Ai, Castanheira da Serra,
    perdida na Serra do Açor,
    hei-de ir a essa terra,
    desde que não faça calor!

    João Celorico

    ResponderEliminar
  5. Juro que não ando a perseguir o nosso querido Poeta eheheh mas voltamos a encontrar-nos com todo o prazer.

    Ai se eu ali me apanhasse
    na fonte dos namorados
    decerto talvez ganhasse
    2 beijos bem repenicados!

    Gostei muito do texto e gostei do verdinho da aldeia.

    ResponderEliminar