Perdida na Serra do Açor (Paisagem Protegida), a pequena povoação de Castanheira da Serra esconde-se entre as imponentes montanhas que a rodeiam.
Vitíma do isolamento e da interioridade, fustigada por vários incêndios florestais, esta aldeia do concelho Pampilhosa da Serra, freguesia de Fajão, acolhe, actualmente, pouco mais de uma dezena de pessoas, a maioria idosos. Longe vão os tempos em que esta aldeia, construída em xisto, era habitada por mais de 50 famílias, segundo relatos dos mais velhos. A fuga para as grandes cidades do Litoral, em especial Lisboa, e a
emigração para a França, durante a vigência do Estado Novo, na busca de uma vida melhor, conduziu à, inevitável, desertificação.
No Verão, o tempo parece voltar para trás e em Agosto os filhos da Terra regressam à Castanheira da Serra. É ali que muitos passam as suas férias ou aproveitam para recuperar forças nos fim de semana prolongados. A beleza natural; o verde, o ar puro; o silêncio e o «bem receber» das gentes da Serra, é o que a Castanheira da Serra tem para oferecer a quem a visita. No Verão pode esperar dias muito quentes. No Inverno, prepare-se para o frio, e por vezes, para a neve. É que a Castanheira eleva-se quase aos mil metros de altura. Quando visitar esta pequena aldeia, não pode deixar de passar pelas míticas fontes de água pura, fresca e cristalina, escondidas entre um conjunto de imponentes castanheiros centenários (há quem diga mesmo milenáres, devido ao grandioso porte que estas árvores exibem).
A «Fonte dos Namorados», mais reservada e escondida, é ideal para... namorar. A da «Palaia», ideal para quem quer fazer uma boa patuscada. O queijo curado de cabra, o mel (puro) e água-ardente de mel ou de
medronho são produtos, cada vez mais raros, mas de inegável qualilade, deve procurar provar quando visitar a Castanheira da Serra. A chanfana de cabrito, a saborosa broa de milho, as filhós e a tijelada, são alguns dos pratos típicos desta pequena aldeia, inserida na região do Alto Ceira.
Para ajudar a fazer render as pequenas reformas, os poucos habitantes desta aldeia dedicam-se à prática de uma agricultura de subsistência -produção de batata, milho, feijão - e à criação de gado, em especial de cabras.
A Comissão de Melhoramentos de Castanheira da Serra, cridada em 1952, tem tido um papel decisivo e fundamental no desenvolvimento desta pequena aldeia. Entre os vários melhoramentos realizados por esta colectividade de cariz regionalista contam-se: a construção do ramal de acesso da estrada principal à aldeia; a construção da Casa do Povo - onde todos os castanheirenses se reúnem para beber um café, para dois dedos de conversa, uma partida de Suéca ou, simplesmente, ver televisão - a construção de um campo de futebol de cinco; a construção de uma piscina - equipamento que faz as delícias dos mais novos -; e a construção da rede e tanques de abastecimento de água à população - a água, que existe em abundância na zona e que é captada e armazenada em dois tanques de grande porte, para depois ser distribuída, gratuitamente, por toda a população.
São Tiago é o padroeiro desta pequena aldeia, sendo que as festas em sua honra se realizam a 15 de Agosto. Na pequena Capela de Castanheira da Serra realce para a existência de uma pequena imagem de Santa Goreti, que dizem ter sido trazida de Itália.
Quem visita a Castanheira da Serra, promete voltar depressa ao «paraíso» que encontrou perdido na Serra do Açor.
Escrito por Bruno Silva, do Blogue Castanheira da Serra
Castanheira da Serra- Fajão, Pampilhosa da Serra
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Caro Bruno:
ResponderEliminarEsse problema da desertificação infelizmente é generalizado no interior de Portugal. Quando a terra não dá o sustento suficiente para a família, a solução é ir em busca de oportunidades, noutros locais, que passam pelas grandes cidades, ou mesmo pelo estrangeiro. É uma triste realidade, mas é esse o quadro das nossas aldeias. Os jovens vão e ficam os idosos, muitas vezes entregues a si mesmos.
O momento alto dessas aldeias acaba por ser os dias festivos, como é o caso de Agosto, em que os "filhos da terra" regressam e trazem consigo a alegria e a juventude, que tanta falta faz por lá...
O dilema do nosso século será mesmo inverter esta tendência da desertificação, para que o interior não acabe abandonado...
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Abraço, Susana
Gostei de "ver" Castanheira da Serra através dos seus olhos. Quando no Verão dava os meus passeios pelo norte do país o que mais me afligia era a dertificação e o isolamento em que ficam os poucos que resistem a abandonar estes paraísos. E como diz, no Verão sempre está mais gente. Imagino no Inverno.
ResponderEliminarUm abraço e boa sorte.
Peço desculpa pela "desertificação" que saiu com erro.
ResponderEliminarUm abraço
Que um comentário lhe deixe
ResponderEliminarfoi a tarefa pedida,
por isso, amigo, não se queixe
se não for à sua medida!
Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amigo, não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!
Vítimas do isolamento
e da interioridade.
É quase o sentimento
de quem vive na cidade!
Vítima de incêndios florestais,
é como em todo o país!
Descanse que não arde mais!
É o governo quem o diz!
A emigração para França,
durante o Estado Novo,
criou alguma esperança
neste humilde e pobre povo!
É bonito, com toda a certeza,
e sempre tão agradável ver,
o que é a natural beleza,
o silêncio, e o bem receber!
À “Fonte dos Namorados”,
que é ideal para namorar,
para alguns, mais ousados,
nem é preciso lá chegar!
Reservada e escondida?
Como são as coisas raras?
Isso já não é desta vida,
já se faz tudo às claras!
Na fonte da “Palaia”,
depois duma patuscada,
é bom que ninguém caia.
Pode morrer afogada!
A Comissão, qual ministério,
sendo devidamente eleita,
leva tudo muito a sério
e apresenta obra feita!
Ai, Castanheira da Serra,
perdida na Serra do Açor,
hei-de ir a essa terra,
desde que não faça calor!
João Celorico
Juro que não ando a perseguir o nosso querido Poeta eheheh mas voltamos a encontrar-nos com todo o prazer.
ResponderEliminarAi se eu ali me apanhasse
na fonte dos namorados
decerto talvez ganhasse
2 beijos bem repenicados!
Gostei muito do texto e gostei do verdinho da aldeia.