Escrever algo sobre a aldeia onde o meu pai nasceu não é difícil, pois é das aldeias mais bonitas de Portugal, é a minha aldeia. Mas antes quero falar do maravilhoso ser que era o meu Pai de nome Arlindo Santa Cruz. Nasceu a 17 de Março de 1932, um dos mais novos de sete irmãos. Homem de estatura baixa, lindos olhos azuis, amigo de todos. Para o meu pai tudo estava bem, de um coração do tamanho do mundo, estava sempre pronto a ajudar o próximo, um grande pai.
O meu pai morreu muito novo, mas deixou-me muitas mensagens (valores) que ainda hoje regem a minha vida, uma delas tem a ver com o dia em que saiu de casa para honrar um compromisso e não mais voltou. No dia anterior tinha se comprometido após muita existência por parte de o antigo patrão em o ir desenrascar e acabar umas janelas que só ele sabia fazer, pois era um excelente marceneiro. No dia seguinte, acordou muito doente e a minha mãe disse-lhe:
-Arlindo não vás trabalhar, estás tão doente! Nós cá nos arranjamos sem esse dinheiro.
Ele respondeu: - Mulher, eu comprometi-me e já o meu pai dizia que vale mais a palavra que o dinheiro e eu quero honrar o meu compromisso. Foi ao nosso quarto despediu-se dos filhos e prometeu trazer (chaços) rebuçados. Morreu nesse dia, atropelado por uma mota ao regressar do trabalho.
O meu pai, rumou a Lisboa nos anos 40 para trabalhar numa carpintaria no alto de S. João: “CARPINTARIA MELÃO”. Entretanto, como gostava da minha mãe regressou a aldeia para casar. Mais tarde a minha mãe e a minha irmã mais velha vieram ter com meu pai a Lisboa, mas um ano depois regressaram novamente à aldeia. Foi trabalhar para a oficina que se mudou de Lisboa para Góis e ali viveu até dia 30 de Setembro de 1976 dia em que faleceu. Tiveram 6 filhos, quatro rapazes e duas raparigas.
Falar da aldeia de Cortecega, é dizer que é uma aldeia pequenina, situada no interior de Portugal a 4 km da linda vila de Gois, seu concelho, a 40 km da Cidade dos (Doutores) Coimbra, seu Distrito. Tem o privilégio de estar rodeada de vales e montes verdejantes, casas de Xisto, pintadas de branco, amarelo e azul, ruas e caminhos limpos. O Rio Ceira passa a seus pés com suas águas límpidas e cintilantes.
Recebe bem quem a visita, agora com poucos habitantes. Mas, já teve muita gente, chegou a haver um grupo folclórico com cerca de 30 elementos todos desta aldeia, éramos todos família, porque todos os irmãos/ãs do meu pai casaram com irmãos/ãs da minha mãe, outros casaram com pessoas da terra, assim, mais tarde os seus descendentes era quase tudo família. (…)
Escrito por Eugénia Santa Cruz, do blog Cortecega – Notícias da Minha Terra
A versão completa deste texto encontra-se no respectivo blog.
Se gostou deste texto, vote nele de 28 a 31 de Março. Aproveite e comente. Quem sabe, é seleccionado para Melhor Comentário!
Um história muito emocionante.A aldeia da Cortecega parece ser muito bonita.
ResponderEliminarBeijos
Liliana Rito
Olá Eugénia!
ResponderEliminarParabéns pelo seu excelente e comovente texto, Confesso e não me envergonho de admitir que me fez sentir uma amargura na alma que por pouco as lagrimas não escorreram pela face. Viver nas nossas aldeias nesses dificeis tempos, era para muitas famílias uma grande e muito complicada aventura. Famílias em que a sua sobrivivência dependia práticamente da agricultura e do pastoreio. Os empregos eram inesistentes e a maneira mais eficiente que encontravam era a migração do chefe da família para a capital á procura de um emprego que lhes pudesse dar um salário com que pudesse sustentar a família deixada na aldeia a cuidar das suas terras.
Tempos muito dificeis, para as gentes desta nossa região da Beira Interior. Provavelmente a mais forte razão para que esta zona hoje esteja praticamente desertificada. Aldeias que outrora tiveram uma população infantil em idade escolar muito razoavel. Assim como a minha aldeia que nos anos que frequentei a escola , chegou a ter uma população escolar superior a trinta alunos, entre as quatro classes, á altura o ensino primário minimo obrigatório.
Hoje mantém um edificio escolar encerrada á já vários anos, porque hoje náo existe um unico habitante em idade escolar, e os adultos também não devem ir além de uma dezena.
Sinais dos tempos,
Falar destes tempos faz-nos sentir uma nostalgia , que nos enche de tristeza e saudades. A vida que viviamos, nessa altura era vivida com muita humildade, mas honrradamente. Sempre cheia de alegria compreenção e bem estar entre a comunidade habitacional da aldeia.
Eugénia gostei imenso do seu texto, escrito com muita lealdade e realidde da vivência das gentes das nossas aldeias nos tempos passados.
Mais uma vez parabéns.
Beijo
Acácio
Olá amiga Eugénia!
ResponderEliminarCortecega, não conheço mesmo, mas as terras dos nosso pais ou nossas são sempre as mais belas.
Querida amiga, a sua narrativa é triste pela história de vida do seu pai que tão bem nos conta.
Nunca mais esquecerá, sei bem o que sente, os meus pais também já se foram e ainda doí demais.
Parabéns pelo seu maravilhoso texto.
Beijinhos e boa sorte,
Ná
Olá Eugénia!
ResponderEliminarBom,como já sabe,não me canso de o repetir.O seu texto é comovente e enternecedor.Emocionei-me ao lê-lo.Cortecega deve ter orgulho na maravilhosa população que tem :)
Jocas gordas
Lena
Olá Amigos!
ResponderEliminarObrigada pelos vossos comentários. Não se esqueçam de visitar o meu blog e ler o resto do texto.
De facto a vida nessa época não era fácil, no meu tempo de criança as coisas já estavam um bocadito melhor, mas, não foi fácil. No entanto é uma época que recordo com muita ternura.
Um abraço
Eugénia Santa Cruz
PS. Há não se esqueçam de votar no texto que mais gostarem…..
O meu Pai nasceu na então Vila de Câmara de Lobos
ResponderEliminar(ilha da Madeira.Há muito já que é Cidade.
Beijo.
isa.
Eugénia
ResponderEliminarEmocionei-me com a sua narrativa. O sentimento de perda é muito difícil de enfrentar.No meu caso ainda tenho o meu pai entre nós, mas a minha mãe já não e ainda dói muito a sua falta.
Quanto a Cortecega,é naturalmente uma bela aldeia como todas as da nossa região. Decerto o seu pai tinha muito orgulho nela, tanto que após vir para Lisboa, regressou pouco tempo depois.
Um grande beijinho
Lourdes
Este seu texto,escrito com tamanho sentimento e realismo,não passa de modo algum sem nos tocar,fiquei muito sensiblizado,pois a verdade com que descreve,a vida tão dificil passada na sua aldeia,muito igual a tantas outras,e que tão bem soube expor na escrita, e apesar de tudo isso,o amor à sua aldeia está aqui bem demonstrado sem qualquer espécie de inferioridade ou hipocrisia.
ResponderEliminarNão posso deixar de fazer referência ao Senhor seu Pai,pois todos os ensinamentos que por ele lhe foram transmitidos,estão bem vincados no seu coração.Pois a sua escrita cheia de força,de verdade e pureza,são exemplo disso, e não passa de modo algum despercebido.
Conheço Cortecega,gosto muito,gente acolhedora e divertida.
Sabe, quando estou no Esporão,devido à situação geogáfica de ambas as aldeias,até parece que este "namora"Cortecega.
Os meus sinceros parabéns
Bem haja
PARABÉNS PELO LINDO TEXTO.
ResponderEliminarVOU TE ESPERAR PARA CONHECER A ALDEIA DE MEU PAI.
SANDRA
http://sandrarandrade7.blogspot.com/
parabens pelo blog...
ResponderEliminarNa musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
VIRGINIA DE MAURO a LULLY é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.
Caros amigos!
ResponderEliminarObrigada a todos pelos vossos comentários. Realmente eu simplesmente conto a verdade e ela era assim. Hoje felizmente os tempos são outros, mas se hoje sou o que sou deve a estes seres que ao mundo me deitaram, minha mãe e meu pai, gente simples mas humilde, dos quais me orgulho de ser filha.
Um abraço a todos,
Eugénia Santa Cruz
Olá, Eugénia!
ResponderEliminarClaro que a sua aldeia é a mais bonita, depois da minha, está bem de ver! Efectivamente o trabalho era duro mas mais duro é quando o trabalhador não volta, e há profissões em que o risco é diário. Não foi o caso do seu pai. A profissão não seria de grande risco mas a infelicidade estava à espreita. Infelizmente situações semelhantes aconteciam muito, antigamente, em que por acidente ou doença do chefe de família a viúva ficava com uma “ninhada” de filhos a cargo. Uma das minhas avós ficou com 4 filhos e a outra com 6 e aconteciam todas essas dificuldades de que fala e que só foram vencidas à custa de muito trabalho e união.
Abraço,
João Celorico