quinta-feira, 18 de março de 2010

ALDEIA ONDE CRESCEU O MEU PAI

Foto: Góis – Fevereiro 2009

Manuel Moreira, nasceu no Carvalhal do Sapo em 26 de Agosto de1921 e faleceu a 31de Dezembro de 2008. É costume comentar que a vida são dois dias, a data do nascimento e a data da morte e vemos esta realidade cada vez que vamos a um cemitério e a prova disto está espelhada em todas as lápides e o seu dizer singelo traduz esta realidade. Nasceu a tantos de tal e faleceu a tantos de tal. A diferença entre estas datas é um interregno da vida, uma imagem que perdurará ou se extinguirá, consoante as acções que podemos fazer em vida e que marcam a nossa passagem por este mundo.

Manuel Moreira, neste seu interregno, foi uma figura que marcou a sua passagem por este mundo na nossa terra, e que ficará para sempre na memória das nossas gentes, foi sempre uma figura marcante, de grande carisma para a era em que viveu, foi um grande exemplo para a sua e futuras gerações. Um símbolo dum mundo que deixou marca e que infelizmente está a desaparecer! Era um homem que fazia da convivência uma devotada arte de partilhar a amizade, O seu grande amor pela família e a amizade pelos amigos era o que de mais importante tinha na sua vida. Teve uma vida difícil, uma juventude vivida em terra inóspita de fracos recursos que tornava a vivência muito dura. E foi na esperança de uma vida melhor que tomou o rumo a Lisboa, onde foi procurar um meio de subsistência melhor que encontrou como moço de armazém, onde se empregou durante toda a sua passagem pela capital.

Contudo as saudades da esposa e do primeiro filho, já nascido, começa a apertar e a angústia da distância a fazer-se sentir… e assim, há que enfrentar a situação! Foi na tentativa de conseguir dar novo rumo à vida dura, aos salários miseráveis, à separação da família pela distância que surge a oportunidade que há algum tempo ecoava o regresso à sua terra. Era uma oportunidade única, dar seguimento a um pequeno estabelecimento de comércio misto aí existente. Ultrapassados alguns percalços pelo meio, os escassos meios para enfrentar as dificuldades que se avizinhavam, foi com a grande força de espírito de que sempre foi portador que tudo se ultrapassou e o seu objectivo conseguido. Mesmo após o seu regresso à terra natal, a vida permaneceu dura mas na companhia da família e podendo contar com o seu apoio, foi mais fácil lidar com a crueza duma luta que afinal nada mais foi que o apanágio de uma vida.

Escrito por Acácio Moreira, do blog A minha Aldeia – Carvalhal do Sapo
Poderá ler mais no respectivo blog.

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8 comentários:

  1. Olá amigo Acácio!
    Grande homem o seu pai.Era um lutador,batalhador e trabalhador,como muitos pais.Partiu em busca de uma vida melhor e por sorte do destino,acabou por regressar a terra,mesmo vivendo de forma difícil,estava na terra dele :)
    Também escrevi um textito fora de concurso,saí amanhã :)

    Jocas gordas
    Lena

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  2. Bomdia Acácio!
    Em Aveiro,a vida do meu pai também não era nada fácil,mas o amor pela sua terra era e continua enorme!

    Beijos
    Liliana Rito

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  3. Olá amigo Acácio!
    Esperava o seu texto para poder dizer:
    Um texto simples realista e sincero, de si não esperava outra coisa pois quem sai aos seus não degenera e o seu pai era um ser espectacular.
    Tive o privilégio de o conhecer. Quando na minha juventude um dos meus trabalhos foi na Câmara de Góis, entre outros trabalhos que tive um deles era em conjunto com a minha prima ir-mos limpar as escolas do concelho. Nesses tempos a escola a sua linda aldeia ainda tinha meninos!...
    Então no dia de ir ao Carvalhal do Sapo era uma alegria, porque sabíamos que a nossa espera tínhamos o Sr. Moreira com um sorriso à nossa espera para nos servia um café de uma máquina pequena mas que tirava um café delicioso. Em poucas terras poderíamos contar com um café tão bom. Já passaram 28 anos, mas jamais esquecerei esse sabor.
    A mercearia que era do seu Sr. Moreira tinha tudo o que podemos imaginar e ainda mais….desde o açúcar, às sardinhas, carne, copos, lençóis, toalhas, sapatos, etc…Entrava-mos e parecia que não encontrávamos nada, mas era só perguntar onde estão os sapatos Sr. Moreira! Estão ali menina Eugénia.
    Mas também tínhamos o privilégio de, enquanto esperávamos que o carro nos fosse buscar após termos terminada a nossa tarefa, ir para a sua casa e comer o nosso almoço à lareira, ao lado da sua mãe e irmã Alzira, pessoas maravilhosas. De comer queijo fabricado pela sua mãe. Tanta coisa havia a dizer mas não quero ser chata, só que senti a necessidade de dar este testemunho de quem era realmente o SR. seu PAI.
    Um abraço
    Eugénia Santa Cruz

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  4. Amigos leitores!
    Deixo aqui as correcções das palavras mal escritas no meu comentaria.
    Assim, Onde lê, ir-mos, deve ler-se irmos... Entrava-mos, deverá ler-se entravamos,...

    Agradeço desde já a bossa compreensão

    Eugénia Cruz

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  5. Olá amigo Acácio
    Que linda é a história de vida do seu pai. Devia ser uma pessoa exemplar, para mais com o testemunho da Eugénia.
    Adorei saber, que foi um dos que não resistiu às saudades da aldeia e da família e que, mesmo assim, conseguiu vencer na vida.
    Beijinhos
    Lourdes

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  6. Amigo Acácio
    Gostei de conhecer o trajecto de vida do seu pai, um homem audaz, trabalhador, amigo da família e boa pessoa. Você refere-se a ele como sendo um homem que fazia da convivência uma devotada arte de partilhar a amizade. Pode ter orgulho nele!
    Um abraço.

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  7. Olá, amigo Acácio!

    Como não podia deixar de ser, este texto, feito por quem tem memória e viveu as agruras duma vida de gente simples, só podia retratar os valores e a importância do que hoje se chamam pequenas coisas mas que naqueles tempos eram sinal de honra, amizade e vontade de singrar na vida. Enquanto tivermos memória, os nossos não morrerão. Estarão sempre connosco. Assim os honraremos!

    Abraço,
    João Celorico

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  8. Ora este é sem dúvida um comentário difícil de fazer e sentir que diz tudo...
    Foi sem duvida um grande homem, que lutou a vida inteira, olhava de frente para as dificuldades e ainda assim sempre com um grande sorriso para receber as pessoas.
    O avô era um grande homem!
    E tu pai, és um grande homem! (Tenho a certeza que ele, tal como eu, também tem muito orgulho em ti).
    Bom texto.

    Beijinho
    C. Moreira

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