(Imagem tirada da Internet)
Eu nunca fui boa peça e, desde muito cedo gostei de fazer brincadeiras, embora algumas para certas pessoas fossem de mau gosto.
Certo dia, eu e um grupinho da minha idade, passamos junto à casa do pároco da aldeia. Isto já lá vão muitos anos e, verificamos que sobre a casa do pároco existiam muitas abóboras. Certa ocasião perguntámos ao pároco, porque tinha tantas abóboras e, nós não tínhamos nenhumas. Estávamos em pleno tempo de miséria, pois isto reporta-se aos anos 40 princípios de 50. A fome grassava, havia senhas de racionamento, enfim fome é que não faltava. O pároco todo solícito, respondeu-nos que as ditas abóboras eram para alimentar o porco que estava a criar para ser morto no Natal. Muito bem, pensamos nós, daí resolvemos dar uma pequena lição ao pároco. Certa noite, aproveitando a escuridão reunimo-nos em grupo daqueles que não faziam mal a quem quer que fosse e, dirigimo-nos a casa do pároco, resgatamos todas as abóboras, levando também o porco. Manhã cedo o pároco levantou-se para dar umas abóboras ao porco, mas qual porco qual abóboras? Tudo tinha desaparecido num ápice. Todo o mundo procurou o porco, mas nada. Até que se chegou ao Natal. Todos nós contribuímos para tratar do referido bicho. Estava mesmo gordo, um de nós foi convidar o pároco para a matança. O porco comia de tudo, mas abóboras não gostava...Todos nós sabíamos que se fossemos descobertos, passaríamos um mau bocado. Preparamos o porco, fizemos o que toda a gente fazia numa matança, comemos e bebemos (vinho trazido pelo pároco). O referido pároco nunca tinha sido convidado para uma matança, mas lá acedeu e, toca a entrar na festa. Não sei o que me deu na cabeça, depois de bem comido e bebido volto-me para um comparsa que estava junto do reverendo, perguntei-lhe: Olha lá , não achas que este porco sabe a padre? O Pároco, olha para mim de soslaio e, responde-me como quem não quer a coisa; olha menino, padre sou eu, mas não cheiro pior do que tu. Gargalhada geral, pois acabamos por confessar que quem tinha retirado o porco e as abóboras tínhamos sido nós. Claro que tivemos que tratar do porco alguns meses até chegar ao Natal. O certo é que o porco foi dividido por todos os intervenientes tendo um final feliz. Feliz para nós que comemos do porco e as abóboras. Feliz para o pároco que entendeu que os bens em tempo de crise deveriam ser divididos por todos.
Escrito por João Sousa.
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ahahahahah fui lendo a história sempre na esperança de ver quando é que vestiam uma fatiota ao porco e iam de porta em porta, sem esquecer a casa do pároco, claro, em grupo a cantar as janeiras eheheh
ResponderEliminarParece que o Amigo Sousa se antecipou e já contou a história da Blogagem do mês de Fevereiro eheheh fartei-me de rir a imaginar a cena e chego à conclusão que ambos sofremos do mesmo mal: Temos comichão por baixo da língua e não sabemos ficar calados!!! Bem, no seu caso até tem uma desculpa: Tinha-se aberto o pipo há pouco tempo e a pinga estava boa eheheh
Boa lição deram ao padre da aldeia eheheh
Gostei muito da história
Gostei da história, mas nao tem nada a ver com as Janeiras, verdade?
ResponderEliminarPara este texto, a fugir ao que está previsto na Constituição, vai a minha "Joaneira", em dois capítulos!
ResponderEliminarI
É este texto uma Janeira?
Então, não vale? Homessa!
Conta-nos uma brincadeira
e é isso o que interessa!
Numa Aldeia, de bom viver,
de pé ligeiro e olho vivo,
fazer amizades, aprender
e divertir, é o objectivo!
II
E, é como diz o ditado,
verdadeiro, podem crer,
“Guardado está o bocado
p’ra quem o há-de comer”!
Posto isto, parece ter contornado os preceitos legais da dita Constituição.
João Celorico
Amigo João
ResponderEliminarAo fazer o primeiro comentário nesta blogagem, prometi a mim própria que comentaria todas as outras. Afinal todos se esforçaram por contar as suas experiências , ou aquilo que lhes foi transmitido sobre a tradição das Janeiras.
No seu caso, deu a volta à situação, mas não deixou de participar e, fê-lo com uma história muito engraçada.
Beijinhos
Beiinhos
Olá a todos!
ResponderEliminarO amigo João foi um querido,quis participar,mas até anotou que se não achassemos interessante,não precisariamos publicar.Mas claro que a Aldeia achou o texto interessante e merecedor de estar aqui: é a situação real pela qual o João passou, em vez de cantar as Janeiras,pregaram uma lição de vida ao Padre.E nós quisemos dividir essa história de vida com todos os habitantes da Aldeia (mesmo não estando bem bem dentro da "Constituição" ;) )
Jocas gordas
Lena
Uma historia com humor,pois foi uma linda lição para um sacerdote.Enquanto ha da para todos...
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