sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

AS JANEIRAS EM ALMEIDA



“Vamos todos juntos,
Todos reunidos
Dar as Boas Festas
Aos nossos amigos”

Almeida, vila única em Portugal, diferente também nas tradições. Em Almeida, não se cantam as Janeiras… antes do Natal, e durante um par de semanas, os elementos, cerca de quarenta, do Coro Etnográfico de Almeida, visitam todas as casas da freguesia e oferecem a quem lhes abre a porta, as “Festinhas do Natal”.

“Boas Festas, Boas Festas
Tenha a vossa senhoria
E Boas entradas de ano
Com prazer e alegria”

O Sr. Basílio encarrega-se do bandolim, o Sr. Ramalhete toca o acordeão, a Sr.ª Maria e eu abanamos as pandeiretas, o menino Toninho (menino de quase 80 anos) tilinta os ferrinhos e o Zé Fernando bate com força no bombo…. E todos juntos sempre sob a batuta do nosso maestro Paulinho cantarolamos alegremente as Festinhas do Natal, sempre com muito frio, ora debaixo de chuva, ora salpicados de branco da neve, acautelados com gorros, luvas, cachecóis e afins…. Mas permanentemente com boa disposição para partilhar com quem nos espera atrás da porta, sentado no quentinho do lume a arder.

“ Inda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo meu coração disse
Que aqui mora gente honrada”

“Tome lá menina, é o que tenho, dinheiro não posso dar”, “Olha que já levam a bolsa pesada….”, “Eu só cá tenho uns figuinhos... mas bebam uma ginginha caseira, logo aquecem a garganta!” E por hoje já chega que os instrumentos já pesam e as senhoras batem os dentes com tanto frio. “Até amanhã, a ver se o são Pedro é mais amigo da gente”.

“São festinhas de Natal
São festinhas de alegria
Que as manda o Rei do Céu
Filho da Virgem Maria

Na noite seguinte encontramo-nos num café para avançarmos mais uma rua todos juntos e logo aí fazemos o aquecimento vocal cantando para os donos e clientes presentes. “Falta a dona Adelaide” “É capaz de não vir, ontem já estava constipada”. Na primeira casa do segundo dia é sempre a mesma a saudação inicial, mal os primeiros acordes são tocados e as primeiras sílabas trauteadas, abre-se a porta, como que se já estivessem esperando em jubilosa esperança e: “ah, eu já sabia que aí andavam, já me tinha dito fulana tal que já tinham ido à casa dela. Tomem lá uma notinha, que é para não irem já carregados. (...)

Escrito por Ana Paula Simões Ferreira, do blog A Vida é Bela...em Almeida
O final do texto encontra-se no respectivo blog.

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7 comentários:

  1. Olá Paula!
    Posso juntar-me ao grupo? Parece-me um conjunto animado esse :) Estou a imaginar a Paula no meio a cantar e a divertir-se imenso.Almeida deve ficar uma animação nessa época das Janeiras :)

    Jocas gordas
    Bom fim-de-semana
    Lena

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  2. O meu querido avô "que Deus o tenha em paz" nasceu em Almeida.

    Beijos

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  3. Olá Paula.
    Afinal "As Festinhas de Natal" em Almeida parece que de diferentes das Janeiras, só têm o nome. Tudo se processa mais ou menos seguindo o mesmo ritual. Alegria, vozes mais ou menos afinadas, frio, receber qualquer coisita e,... que não acabem as tradições.
    Beijinhos

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  4. Pelo que depreendo, em Almeida cantam-se as Dezembreiras, é isso? eheheh

    Almeida, uma aldeia histórica que confesso envergonhada não conhecer, apesar de distar apenas alguns km da aldeia onde nasci e vivi a infância. Há muito que anseio conhecer, mas não tem calhado.

    Gostei muito de ler e conhecer essa variante da tradição de cantar as janeiras, na bonita aldeia histórica de Almeida

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  5. Reconheço as duas primeiras quadras de quando ia cantar as janeiras a Loulé, aqui há uns anitos!
    Que saudade!

    Eu sou de Olhão e aqui na cidade não há essa tradição.

    Um abraço
    Esperança

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  6. É admirável ver como uma "filha adoptiva" de Almeida deixa transparecer CARINHO aos magotes por esta terra e a sua gente!! Cantar alegra mesmo a alma! Ir oferecer a "Festinhas de Natal" a toda a gente, nas noites frias, não é para todos...é para a Roxa! Com a sua gargalhada bem disposta e contagiante, que lhe faz arfar o peito, derrete todos os corações!!! Almeida...cuida bem da titi Roxa!! Beijinhos Elisabete Santos, aqui ao lado, na cidade + alta de Portugal!

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  7. Defender os costumes e tradições, não fica mal a ninguém.
    As minhas, são "Joaneiras", não são "Festinhas"! Elas aí vão!

    Cantando “Festinhas de Natal”
    o Coro a outros leva a palma.
    Isso não me parece nada mal,
    pois cantam Almeida, com alma!

    Eh pá, “que ganda pinta”
    a do “menino” Tininho!
    Diz que ainda tilinta!
    Pois! Mas, é o ferrinho!

    Com bombo e bandolim,
    pandeiretas e acordeão
    e é deste jeito, assim,
    que cantam a tradição!

    E no fim desta cantoria,
    acaba tudo, desce o pano.
    Adeus, adeus! Até um dia!
    Cá os esperamos p’ró ano!

    João Celorico

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