quarta-feira, 14 de julho de 2010

A fruta da minha região (Gois) 1ª parte

Fazer um texto sobre “ A Fruta da Minha Região” não é facil, pois não é uma região que tenha um tipo de fruta com abundância. Não tem uma princesa, uma rainha ou um rei frutícola.. Assim a minha aldeia ou concelho não é conhecido pela sua fruta, mas claro tem outros encantos.
Encontra-se um pouquinho de quase tudo (fruta da epoca) mas cada um tem na sua horta umas arvores de fruta.

Assim, dei por mim a pensar “não tenho muito para falar desta vez, mas como o tema é um pouco livre, vou dar asas a minha imaginação. Porque não contar o que nós faziamos quando jovens para conseguir comer uma maça, pera, laranja, cerejas, figos e tambem as castanhas.” Então aqui vai:

No meu tempo de juventude havia muitos jovens na minha aldeia, nem todos tinhamos arvores de fruta e as poucas que haviam tinham dono. Então na epoca destas frutas íamos aos quintais dos vizinhos e (desviavamos) para a nossa barriga algumas peças, ficando sempre um a espreitar se o dono vinha enquanto os outros comiam. Nem sempre a coisa corria bem…
Num local chamado “A Fonte” existia uma linda macieira com umas maças vermelhas, e eu e as minhas primas decidimos ir às maçãs do vizinho, claro! Estavamos nós a comer uma maçã descansadas quando comecaram a cair pedras. Fugimos para o meio de um silveiral que existia ali perto. Conclusão… ficámos cheias de espinhos e arranhões.

Uma outra vez fomos as peras que eram do ti’Rafael. Como ficavam escondidas no meio do milho, lá estavamos todos contentes quando fomos supreendidos pela filha do dono que é surda-muda e começa a correr atras de nós com um pau.
Moral da história… um belo castigo dos nossos pais.

No tempo das cerejas (que também eram poucas), os meus irmãos Zé e Filipe e o meu primo Armando decidiram ir buscar cerejas a uma cerejeira já velhinha um pouco desviada da aldeia. O Zé e o Armando (medricas) tinham medo de subir a cerejeira e mandaram o Filipe que tinha 9 anos e não tinha medo das alturas. O Filipe subiu a cerejeira e caiu dela abaixo, mas junto troxe um grande ramo carregado de cerejas. Quando chegou ao chão ficou quieto e os outros toca a comer cerejas, só parando quando o Filipe começou a chorar.

Troxeram-no à minha mãe e disseram que ele tinha caido e ficado a dormir.

 Conclusão: tinha desmaiado. Foi ao médico e este disse que ele tinha partido os dois braços, um deles no cotovelo e no pulso. Foi para o hospital onde esteve internado 8 dias. Sobrou para quem ?!? Para mim, que durante dois meses é que lhe fazia tudo.

Fim da primeira parte

Escrito por Eugénia Santa Cruz do Blogue Cortecega

9 comentários:

  1. Olá Eugénia!
    E eu que pensava que a arte de colher fruta em pomar alheio era só usado na minha aldeia. Enganei-me!. Porque afinal isso deve ser um mal do concelho. Imaginando que em tempos "os de Góis" perseguiram um melro até à fronteira para lhes tirar a cereja que ele tinha roubado e levava no bico, que afinal já era só o bico amarelo. Vejamos como seria apanhar alguém a apanhar uma frutazinha para saciar o seu desejo.
    O que me parece é que a sua equipa era um pouco descuidada, deixava-se apanhar muitas vezes.
    Eu que era especialista na arte de subir ás árvores, era sempre o primeiro a trepar se o dono aparecia, toda agente em terra fugia, o dono corria atrás daqueles e eu continuava bem calmo em cima da árvore fazendo a minha colheita e só uma vez tive de saltar de uma pernada de uma cerejeira, porque o dono resolveu sentar-se junto ao tronco à espera que eu descesse por ali. Enganou-se porque quando deu por ela eu já corria a uns bons metros de distância dele saltando de uma pernada bem comprida e distante do pé da cerejeira.
    Muitas vezes só fazíamos estas patifarias para afrontar o dono da fruta, não era pela necessidade, mas sim pelo gozo de nos divertirmos com as mágoas dos outros.
    Havia um senhor que tinha uma latada bem junta á janela do seu quarto. Na qual ele fazia uns bons quartos de sentinela á espera dos malandros que iam roubar as uvas, até que ás vezes ali se deixava dormir. Era nessa altura que era cravada uma verruma, na janela de madeira pela qual era bem segura. Então começava a vindima em grande alarido para despertar o pobre adormecido, que ao acordar bem tentava abrir a janela, mas surgia uma tarefa impossível, e então enquanto ele dava a volta para sair pela porta também nós fugíamos,par bem longe, até ao próximo ataque.
    "Coitado do ti Gaio" era sempre a vitima preferida.
    Beijo
    Acácio Moreira

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  2. Olá Acácio!

    Belas peripécias estas!Consigo imaginar o sabor do proibido...por alguma razão o do vizinho sabe sempre melhor do que o nosso.

    Bjs Susana

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  3. Eugénia
    Primeiro, fartei-me de rir com as suas peripécias atrás das maçãs, das peras e das cerejas, com pedradas e arranhões à mistura. Logo a seguir, dou com este comentário hilariante do amigo Acácio que, sendo o primeiro a trepar, era o últino a fugir porque se escondia lá em cima!
    Parabéns aos dois.
    José Pinto

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  4. Olá amigos!
    Obrigada pelos vossos comentários.
    Pois é amigo Acácio, a arte de desviar fruta é uma arte que não é para todos e nós fomos apanhados várias vezes.
    Mas, no fundo era uma brincadeira e uma alegria porque não existia maldade.
    Quando crescemos até organizávamos lanches e almoços com os donos a quem por brincadeira era desviada alguma coisa.
    O desviar do vizinho servia para reunir as pessoas da aldeia e fazer grandes lanches e almoços pois incluía ir ao galinheiro, à horta e etc.…
    Estes momentos de convívio eram uma grande animação com as concertinas e os ferrinhos terminando a noite num grande baile (belos tempos, que saudades! Podem chamar-me antiquada que eu não me importo).
    Mas já percebi que o Acácio era fresco, pois a fruta do vizinho não estava a salvo (coitado do tio Gaio…).
    São estes momentos que nos fazem rir e recordá-los sabe bem. Porque não dá-los a conhecer a esta malta dos tempos de hoje?
    Por isso não me canso de elogiar pessoas como a Susana, que ao criar espaços como este blog nos dão a possibilidade de contar estas nossas peripécias.

    José, o seu texto está espectacular. Ri-me muito quando o li principalmente a parte “E os abrunheiros bravios!? Dão frutos deliciosos, cor de púrpura, aos milhares, em arrancas derreadas sobre os caminhos! Ingeridos em grande quantidade, provocam, às vezes, diarreia. Nada de grave. Olha lá a grande coisa! Que importância é que isso tem, comparativamente às pessoas que, por não comerem fruta, passam o tempo no médico com problemas de obstipação?” que não deixa de ser uma grande verdade.
    Comi tantos abrunhos desses que fala. Se davam diarreia ou não isso não interessa… a tripa também tem de ser limpa de vez em quando.

    Um beijo para todos,

    Eugenia Santa Cruz

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  5. Muito bom o texto. Como é bom falar das nossas coisas.
    Isso é maravilhosso. Nossas frutas são muito saudaveis e saborosas. Lembro-me quando pequena, sentava em baixo dos pés de laranjas e tangerinas, melhor vergamotas e ou mexericas, cada região tem o seu jeito, mas voltando a pé da frutas,, sentavá e ficava horas e horas comendo.
    Bons tempos.
    Gostei da sua participação.
    Sandra

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  6. JÁ ESTOU COM A MINHA POSTAGEM PUBLICADA. VENHA CONFERI MAIS DETALHES POR LÁ.
    http://sandrarandrade7.blogspot.com/
    CARINHOSAMENTE,
    SANDRA

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  7. Eugénia: Fico muito satisfeita por saber que a aldeia está a proporcionar bons momentos de nostalgia daquele tempo que já não volta.
    Mas, amigos preparem-se que vem aí a segunda parte (amiga não tive a coragem de cortar o texto, apenas dividi-o...com tantas boas memórias para contar todos tinham que saber tudinho ao pormenor).

    Bjs a todos

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  8. Caso para dizer... Que grande Queda... :S

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  9. As pessoas que sempre viveram em apartamentos, não podem imaginar o que é ter árvores carregadinhas de frutas à disposição !
    Em tempos de quintais, todos tinham suas árvores frutíferas, seu galinheiro e sua horta, por pequenos que fossem.

    Morando em aldeias então, a fartura é maior ainda !

    Belas lembranças...
    Beijo

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