A Princesa aparecia à sua janela, mas nunca saía nem para passear, fazer visitas ou ir á igreja. Talvez por isso a sua fama correu de terra em terra e começaram a vir de todo o lado Cavaleiros e Príncipes que esperavam que ela surgisse à janela. Em vão lhe ofereciam presentes, em vão lhe cantavam belas músicas: a Princesa nunca saía da sua Torre, nem aceitava os pedidos de casamento.
“Casarei com quem me oferecer um par de sapatos á medida do meu pé”, disse um dia…
Este desafio fez a felicidade dos sapateiros da região que viram aqui uma grande oportunidade de negócio. Um, em especial, o famoso Ramiro, divertia-se a provocar os seus clientes, lançando ainda mais a confusão, ora dizendo a uns que a Princesa devia ter uns pés enormes, ora dizendo a outros justamente o contrario. E assim o seu negocio prosperava… No entanto nenhum dos Cavaleiros acertava com a medida certa.
Ate que um dia apareceu por aquelas paragens um Príncipe cuja esperteza lhe tinha valido a alcunha de “Olhos de Falcão”. Esperto como era, resolveu pagar a um criado para que este espalhasse cinza junto á cama da Princesa. Assim, quando ela se levantasse, os seus pés ficariam marcados na cinza e facilmente se poderia tirar o molde certo.
O que o Príncipe não esperava era que em vez de pés normais, ficassem marcados na cinza, pés de cabra. A Princesa tinha pés de cabra!
Muito assustado o criado repetia vezes sem conta que aquilo era obra do demónio e que o Príncipe devia esquecer Maria Alva e seguir o seu caminho.
O Príncipe, no entanto, resolveu, com os moldes que tinha, mandar fazer um par de sapatos à medida da Princesa, do cabedal mais macio que houvesse.
Não sem resistir, apavorado com aquela história, o sapateiro Ramiro lá fez o par de sapatos em troca de 2 sacos de moedas de ouro!
3 dias depois os sapatos estavam prontos e o Príncipe apressou-se entrega-los à sua Princesa.
No entanto e sem que nada o fizesse esperar ouviu-se um estrondo medonho, um grito agudo e fumo começou a sair da janela do quarto da Princesa.
Todos fugiram, menos o Príncipe, que, feliz da vida, observa a sua Princesa, não à janela, mas saindo descalça pela porta do Castelo.
Tinha sido quebrado o encanto que uma bruxa malvada tinha lançado a Maria Alva. Aprisionada na torre e com pés de cabra, a Princesa só seria libertada do feitiço se alguém lhe oferecesse um par de sapatos à sua medida.
Olhos de Falcão e a Princesa casaram e viveram felizes para sempre…
O sapateiro Ramiro deixou de trabalhar, fez uma peregrinação a Santiago de Compostela e na volta construiu uma bela casa e diz a lenda que nunca contou a ninguém a origem da sua fortuna.
E a terra tomou o nome da linda Princesa Maria Alva: MARIALVA.
Ouvi estas últimas palavras com um fundo musical e com alguma dificuldade, consegui abrir os olhos. Pela janela do quarto entrava um raio de sol. Sol de Inverno, fantástico mas sem calor. Já era de manha e a música provinha do rádio instalado no quarto. Definitivamente acordada, fiquei muito tempo a tentar perceber o que tinha acontecido naquela estranha noite… Teria sonhado? Quem seria aquela figura que me serviu chá e me contou historias fantásticas? Seria o cansaço tão grande, que teria adormecido instantaneamente? Naquela noite mágica, onde estava a realidade e onde estava o sonho?...
Sem demoras, agasalhei-me, saí do quarto, desci à sala, tomei o meu pequeno-almoço e saindo das Casas do Cruzeiro, rumei ao Castelo, bem mais visível naquela manha mas não menos fantástico…
Tinha de o ver de perto, tinha de conhecer o cenário da história de Maria Alva…
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Adorável sua história ! A sua e a da princesa Maria Alva !
ResponderEliminarBelo texto, Anabela ! Parabéns pela criatividade.
Beijo
Olá!
ResponderEliminarEstas histórias de encantar, muito embora esta tenha sido bem tratada pelo grande Herculano, fazem-me recuar ao tempo, de quando ansiosamente esperava pelo desfecho já de todos conhecido.
Agora, relembro isso mas, permito-me brincar também com elas.
Assim, aqui vai o meu comentário:
Linda era aquela princesa,
vista de frente ou través
mas, no meio dessa beleza
de cabra lhe eram os pés.
Um criado tanto ajudou
a um príncipe espertinho
que o encanto se quebrou
ao pôr na cinza o pezinho.
Desta vez, não foi diferente
o que aconteceu a Maria Alva.
Veio um príncipe inteligente
e logo a princesa foi salva!
Numa qualquer estória
de príncipe e princesa
o amor canta a vitória
e acaba tudo em beleza.
Os príncipes e as princesas
vivem sempre muito felizes
e uma das grandes certezas
é a de terem muitos petizes!
Príncipe com tais qualidades
parece ser alguém que conheço.
Eu, nunca digo só verdades
mas, é com ele que me pareço.
Esse príncipe encantado,
na minha modesta opinião,
deve ter nome enganado.
Não se chamaria João?
João Celorico