Como se de um sonho se tratasse, tenho na minha mente ainda memórias, de um lugar que foi sem dúvida, um marco importante na história da minha aldeia, o tão conhecido ‘’ Sobreiro ’’.
Este sobreiro existiu mesmo junto à porta da casa dos meus avós maternos, Uma casa muito grande (tipo casa senhorial) que mais tarde foi dividida pelos meus tios e pela minha mãe, e que hoje é a minha casa de família, ou seja minha e dos meus irmãos deixada pela minha mãe.Mesmo ali em frente existiu um sobreiro que ficava à beira da estrada, em terra, que ligava Góis à aldeia da Cabreira e outras aldeias seguintes.
Debaixo deste sobreiro existia um banco grande em pedra para as pessoas que iam a pé à vila de Góis, e aquando ali passavam já cansadas de tantas horas, por vezes demoravam um dia a ir e voltar, a pé debaixo de sol quente, se sentavam para descansar à sombra do mesmo. Mas havia mais, a minha avó Jacinta era conhecida por ser uma mulher muito bondosa. Ela não podia dar muita coisa pois tinha 9 filhos para criar, mas tinha sempre uma caneca de água para dar aos que ali paravam para matar a sede, embora a tivesse de ir buscar bem longe em cântaros à cabeça, e também um bocado de broa para matar a fome, pois eram tempos muito difíceis.Se estava a chover muito e as pessoas vinham molhadas tinha a lareira acesa para enxugar as suas roupas e aquecer os seus corpos. Depois, já quentinhos, estes seguiam em direcção ás suas casas. A minha avó ficou conhecida pela ti Jacinta do Sobreiro.
O tempo foi passando e o sobreiro apodreceu. Mais tarde com as obras das ruas, o resto (o touco) do sobreiro foi destruído.Este local ficou conhecido pelo Sobreiro e mais tarde foi dado o nome àquela rua, a Rua do Sobreiro.
Quando a minha avó Jacinta partiu, a da minha querida mãe herdando a bondade da minha avó passou a fazer a mesma coisa, ajudava quem ali passava.
Já no meu tempo de juventude ali fiz um jardim mais a minha tia Hermínia. Já com a estrada alcatroada foi colocado um banco à minha porta onde as pessoas se sentavam, e ainda hoje se sentam, para conversar, a minha mãe vinha à porta perguntar se queriam alguma coisa. Muitas vezes ali se bebeu café da púcara quentinho e uma fatia de broa com o que havia para acompanhar.
No verão quando as pessoas, vindas de Lisboa visitavam a aldeia para passar férias, estas juntavam-se à noite, no local onde existiu o Sobreiro, colocavam mantas no chão e partilhavam até às tantas da madrugada as suas histórias de vida.
Nós os jovens da aldeia, e não só, ali nos juntávamos à noite para conversar, olhar as estrelas, tocar viola, concertina, escrever quadras para mandar nas cartas aos namorados, e outros, para namorar.
A minha história não é de nenhum autor conhecido da praça, mas conta a particularidade de um local, uma rua que ainda hoje está cheia de magia. A minha rua não é uma rua qualquer, sem passado nem história. É parte de mim. Se hoje sou feliz e tenho toda uma bagagem de vida, foi porque a minha rua promoveu minhas primeiras necessidades sociais, educacionais e fez-me crer em sentimentos verdadeiros.
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Escrito por Eugénia Cruz
As Ruas que não têm nome.
ResponderEliminarNa minha Aldeia do Rego, concelho de Celorico de Basto, a maioria dos caminhos foram transformados em Ruas, mas ainda nenhuma foi baptizada.
A Aldeia ainda é só conhecida pelo nome dos seus lugares.
As casas ainda não têm número de polícia. Tem uma caixa de correio com o nome dos moradores para o correio deixar a correspondência.
Gostava que quando dessem nome às ruas, a autarquia não se esquecesse da Senhora professora LEOPOLDINA DE MATOS NOBRE, natural de Souto Maior, Sabrosa do Douro e deu aulas na antiga escola do lugar de Vilaboa da freguesia do Rego, desde o ano de 1913 até 1945. (Vou publicar um poster mais completo no meu blogue “Memórias do Rego”)
Foi uma excelente Mestra. Dava aulas às 4 classes. Não tinha horas para encerrar. Aproveitava todo o tempo para instruir os futuros homens e mulheres e na mesma escola fazia os registos de nascimentos e óbitos. Era também funcionária do registo civil. Fazia também a entrega do correio ao povo da freguesia através dos alunos. (Foi mulher dos 7 instrumentos)
Dava aulas numa casa arrendada e que servia também da sua habitação
Na cave criava coelhos, galinhas e perus, que alimentava da horta que era pretensa da casa.
Tinha uma criada chamada Laurinda que cultivava a horta, tratava da bicharada e fazia as refeições.
A Dona Leopoldina ensinava muito bem os alunos, desde a primeira classe até à quarta.
Todos os alunos tinham-lhe muito respeito. Quando algum não cumpria, era castigado com uma palmatória, com uma vara de marmeleiro, ou puxão de orelhas, conforme o castigo que cada um merecesse. Eu fui várias vezes contemplado com os três castigos. O meu comportamento enquadrava-se nos requisitos inerentes aqueles castigos.
A Senhora professora era mais humana que severa, repartiu várias vezes o seu almoço com os alunos esfomeados. Eu fui um dos beneficiados da sua bondade.
Fiz a terceira classe e foi para pegureiro, servir para Casadela, uma freguesia de Fafe.
Vou fazer 79 anos, mas jamais esquecerei os ensinamentos daquela grande Mestra.
Cordiais Saudações para a Administradora Susana Falhas da "Aldeia da minha Vida."
Ambrósio Lopes Vaz
Bonito texto.
ResponderEliminarAbraço e bom fim de semana.
Que história tão bonita e emocionante, Eugénia!
ResponderEliminarSua rua possui um valor imenso, adornado de caridade e amor ao próximo. O banco de pedra para descansar, a sombra benfazeja, a água refrescante, são dádivas inesquecíveis e inestimáveis.
Parabéns pelo lindo texto !
Beijo
esta é minha mensagem de natal para todos os blogues que estou a seguir
ResponderEliminarNatal...
É o mês de confraternização Agradecimento pela vida
Bênçãos ao filho de DEUS
União, amor, reflexão!
Que o bom velhinho traga um saco cheinho de paz,
harmonia, fraternidade
Que o gesto de ternura se estenda de várias mãos
Que ao som dos sinos
O amor exploda em todas as direções!
FELIZ NATAL!
UM ANO NOVO DE FÉ E SUCESSO!
luis Antunes
Tudo bem, Eugenia?
ResponderEliminarSe você é como eu que sente falta da Tertúlia Virtual, por favor, deixa um comentário neste link lá no Varal de Idéias.
http://cimitan.blogspot.com/2010/12/comentarios-que-valem-um-post_14.html
Estamos tentando reviver aqueles bons momentos da Tertúlia.
Um abraco
Susana, estas recordações tem um valor tão intenso, e com certeza lhe faz muito bem. Obrigada por compartilhar um texto emocionante.
ResponderEliminarBjs