sexta-feira, 12 de março de 2010

A ALDEIA DO MEU PAI

(À esquerda, em Viseu com o meu pai, na década de 80. À direita, estava no pátio, com a paisagem do campo)

O meu pai, Jacinto nasceu em 1933 em Corvos à Nogueira, Freguesia de Santos Evos, concelho de Viseu. Veio para Lisboa tinha nem sabia ao certo que idade...teria 14, 15 anos, a sua infância foi passada a caminhar kms até chegar ás minas de volfrâmio onde trabalhava o meu avô, para lhe dar o almoço, minas essas das quais ninguém sonhava que eram para armamento de guerra...assim se mantinha as pessoas na ignorância. Nos tempos livres guardava ovelhas e uma vez ficou preso no meio de um nevão, perdeu-se não sabia regressar a casa, até que se refugiou dentro de uma casa de animais á espera que o nevão parasse. Fez o exame da 4a classe, e passado pouco tempo saiu da sua terra em busca de melhores oportunidades na capital.

A aldeia desenvolveu muito ao longo dos anos, recordo-me de quando era pequena a estrada que nos levava até lá era em pedra batida, mais tarde foi alcatroada. É uma aldeia que tem registo de património desde o séc. XVII, como por exemplo:
Casa do Cerrado – casa solarenga, com capela datada de 1689, dedicada a Nª Sra. do Pilar.
Casa do Eirado – a construção remonta ao séc. XVII.
Igreja Nª Sra. de Lurdes, inaugurada em 1989.
Fonte do Laranjal actualmente encontra-se soterrada, mas as suas águas eram consideradas medicinais.

O caminho que se faz até lá chegar para quem venha de Viseu, terá de seguir a recta do caçador, e virar numa estrada que diz: Bairro da Amizade, e seguir sempre em frente até chegar a Corvos. Além do seu património, tem uma beleza natural a destacar, pois fica localizada num vale, onde passa um rio pelo meio, agora até há caminhos sinalizados pedestres pelo meio do campo e das matas adjacentes à aldeia.

O meu pai sempre teve orgulho na sua aldeia, pois tinha lá a sua família e sempre gostou de lá pelo bom ambiente que é a qualidade de vida que Corvos oferece...o último ano que ele lá esteve foi em 2006. E cada vez que eu vá para lá, cada canto da sua aldeia, me faz recordar dele. Sei que o meu partiu com a sua aldeia no coração e eu de uma maneira ou de outra também a tenho guardada no meu.

Escrito por Fátima Santos,

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4 comentários:

  1. Olá Fátima!
    Quando passar na freguesia de Santos Evos,hei-de me sem falta lembrar de dar um salto à Corvos à Nogueira!

    Jocas gordas
    Lena

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  2. Bomdia Fátima!
    Como morei alguns anos em Aveiro,isso permitiu-me conhecer a cidade de Viseu.Estive em algumas vilas e aldeias da região.Santos Evos, creio que não.É pena porque parece-me ser um lugar muito bonito.Mas como indica o caminho,não há como me enganar quando voltar a dar passeios por Viseu.

    Beijos
    Liliana Rito

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  3. Olá, Fátima!

    Eram assim as vidas, antigamente. Duras e, apesar disso, nos tempos livres ainda se guardavam ovelhas!!!

    Abraço,
    João Celorico

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  4. Olá Fátima....gostei do seu Blog.....

    P.S: Apesar de estar actualmente a morar em Lisboa...os meus pais moram em Corvos...estou por lá quase todos os FDS!

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